Abril 29, 2025
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Dylan Curran, um consultor e desenvolvedor web, foi investigar exatamente que informação tanto a Google como o Facebook tinham reunido ao longo dos anos sobre ele. Começou por verificar o histórico de localização que a Google reúne desde o primeiro dia em que abrimos a nossa conta da Google no celular, e descobriu uma timeline com todos os locais para onde se deslocou nos últimos doze meses, incluindo todos os deslocamentos ao longo do dia. Você pode fazer essa pesquisa aqui: https://www.google.com/maps/timeline?pb (link is external)

Depois, foi analisar o histórico de buscas que realizou na Google, dados que a empresa arquiva numa base de dados separada, o que quer dizer que, mesmo que um usuário apague o seu histórico, a companhia conserva a informação a menos que o utilizador apague toda a informação em literalmente todos os dispositivos em que tenha realizado buscas com conta identificada da Google. No caso de Dylan, a Google tinha todas as palavras de pesquisa alguma vez realizadas pelo próprio desde 2009. Pode-se fazer essa pesquisa aqui: https://myactivity.google.com/myactivity (link is external).

Adicionando a informação pessoal – idade, profissão, rendimento, interesses pessoais, relações pessoais, peso, saúde, etc –, é essencialmente com estas três fontes de informação que a Google cria um perfil comercial para cada utilizador dos seus serviços, e é com base nesse perfil que a Google define os anúncios específicos para o usuário (disponíveis para analisar aqui: https://adssettings.google.com/ (link is external)). Algo que a Cambridge Analytica aplicou de forma eficaz para a campanha de Donald Trump.

Reúnem também informação sobre a utilização de cada aplicativo no celular: quanto tempo a utilizam; com que regularidade; onde; e com quem interagem através do aplicativo (com quem falamos por meio do Facebook, com que países, ou até a que horas vamos dormir).

A Google reúne também todo o histórico de utilização do YouTube e as conclusões possíveis sobre esse histórico, conseguindo definir se o utilizador vai ser mãe ou pai, a sua filiação política ou religiosa, ou ainda se tem tendência depressiva ou mesmo suicida. No caso de Dylan, tinham os registros de todos os vídeos vistos desde 2008. Você pode eliminar o histórico, ou colocá-lo em pausa, aqui: https://www.youtube.com/feed/history (link is external).

Qualquer utilizador pode descarregar toda a informação do seu perfil da Google (aqui: https://takeout.google.com/ (link is external)), o que, para Dylan Curran, significou 5,5 gigbytes de informação, ou cerca de 3 milhões de documentos Word. Estes documentos incluíam todos os contatos e lugares de internet, todas as fotos tiradas no celular, todas as compras realizadas na internet e através de que plataforma, bem como dados de pagamento.

Incluía também toda a informação de calendário, todas as conversas no Google chat e hangout, os grupos em que está, os sites que criou, as páginas de internet que partilhou (para além das que visitou, obviamente), quantos telefones já utilizou (e a informação específica de cada um), ou até quantos passos dá por dia.

O Facebook permite também descarregar a sua informação pessoal. No caso de Dylan, resultou em aproximadamente 600 megabytes de todas as mensagens enviadas ou recebidas, todos arquivos enviados ou recebidos, todas as mensagens de áudio enviadas ou recebidas bem como todos os contatos armazenados no celular (Por razões difíceis de explicar, armazenam também todos os stickers e emojis utilizados pelo usuário). Com base nesta informação, o Facebook define um conjunto de palavras-chave sobre os potenciais interesses do usuário.

Reúnem também um diário com todos os login realizados, incluindo informação da localização, hora, e dispositivos onde foi realizado. Além disso, registram a informação de todas as aplicações com as quais estabeleceu ligação com o Facebook, incluindo, por exemplo, as relações que um usuário estabeleceu por meio do Tinder e com quem.

Tudo isto significa o quê? No caso de Dylan Curran, e no da grande maioria de usuários destes serviços, significa que a Google tem, por exemplo, todos os e-mails alguma vez enviados ou recebidos, incluindo os que foram eliminados ou considerados spam pelo utilizador, ou ainda todas as fotos – incluindo as eliminadas – alguma vez tiradas em qualquer dispositivos ligado à rede. Significa também que armazenam todos os arquivos colocados na nuvem – incluindo os ficheiros eliminados –, bem como, no caso de Dylan, uma chave encriptada que ele utilizava para proteger e-mails. Ou seja, em última análise, a encriptação de nada serve perante o poder da Google. E sim, tanto a Apple como a Microsoft obedecem ao mesmo padrão Google e Facebook.

 

FONTE: Rede Brasil Atual

É quase consenso geral que o número de partidos políticos no Brasil é exorbitante, muitos deles sem bandeira ou conteúdo ideológico claro. Para o cientista político Vitor Marchetti, essa realidade dificulta a governabilidade e complica a compreensão do jogo por parte do eleitor. Por outro lado, na avaliação do professor da Universidade Federal do ABC, tentar estabelecer quantas agremiações partidárias bastariam, sem que nenhuma parcela da sociedade fosse privada da representação política, não é tarefa simples. 

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra, publicada nesta semana pela BBC Brasil, apontou que os 25 partidos hoje representados no Congresso Nacional – de um total de 35 – são "mais do mesmo" do ponto de vista ideológico e poderiam ser reduzidos a apenas dois, um de centro-esquerda, reunindo partidos como PT, PCdoB e PDT, e outro de centro-direita, com PSDB, MDB, PP e assemelhados. 

Mais do que a visão das legendas sobre diversos temas da agenda – que foi o que a pesquisa mediu, a partir da opinião dos próprios parlamentares –, seria importante levar em consideração a capacidade de mobilização que os partidos têm, ou não, perante o conjunto da sociedade, aponta Marchetti. 

Para enxugar o quadro sem estrangular a representação, Marchetti defende mecanismos conhecidos como cláusula de barreira – ou cláusula de desempenho –, que volta e meia aparecem como propostas, sem se concretizar efetivamente. A partir desses mecanismos, os partidos só poderiam ter acesso ao fundo partidário ou ao tempo de televisão, por exemplo, se alcançasse um patamar mínimo de apoio entre os eleitores. 

"A gente tem dados que mostram que de seis a nove partidos teriam de fato capilaridade, capacidade de conquistar votos e se manter para além do financiamento eleitoral. Essa medida da capacidade dos partidos em mobilizar eleitores é mais interessante, para além do recorte temático", diz o cientista. 

Apesar de evitar ser taxativo quanto ao número de partidos, o professor da UFABC concorda que a formação de dois polos políticos antagônicos vem se cristalizando nos últimos anos, com uma caminhada contínua do PSDB cada vez mais à direita, e do retorno do PT às suas bases de esquerda, principalmente no cenário pós-golpe.

Outro fator apontado é o "derretimento do centro", antes dominado pelo MDB, agora ocupado por um conjunto de pequenas e médias agremiações e que, assim como o MDB, também caminharam para a direita. Esse processo traz aspectos positivos e negativos, segundo Marchetti: o sistema político ganha mais nitidez com a formação desses dois polos com posições antagônicas. Mas a conciliação fica cada vez mais difícil.

Como é a cláusula de desempenho

De acordo com a Emenda à Constituição 94/2017, a partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos nove estados, terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para ter acesso ao benefício, os partidos também deverão ter elegido pelo menos 15 deputados distribuídos em pelo menos um terço dos estados.

O mesmo critério será adotado para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos e nove deputados federais eleitos nas eleições de 2018; chegando a 2% e 11 deputados eleitos, em 2022; a 2,5% e 13 eleitos em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% e 15 eleitos em 2030.

"Por um lado, ficam mais claros os posicionamentos, mas por outro, do ponto de vista, da condução de governos que possam construir pactos para a governabilidade, para fazer avançar uma determinada agenda, tem-se dificuldades maiores. Quanto menor for o centro, maior vai ser a dificuldade de cada um dos polos de pacificar o país para governar."

Se muitas vezes a negociação com esses partidos que compõem o chamado "centrão" acarretam em fisiologismo e corrupção, sem eles, o cenário é de radicalização. Não há soluções fáceis para problemas complexos. "É o centrão que dá base, que confere zonas de contato entre os polos. Sem mecanismos de conciliação, a gente vai para um tudo ou nada que não cabe dentro do regime democrático." 

 

Fonte: Rede Brasil Atual

CartaCapital – O filósofo Vladimir Safatle não se espanta com os tiros contra os ônibus da caravana do ex-presidente Lula pelo Sul do Brasil, nem com o assassinato da vereadora Marielle Franco. Para o professor da USP, o país vive uma fase cada vez mais explícita de guerra civil. “O pacto de normalidade política acabou”, afirma Safatle, e não se pode descartar uma guinada ainda mais autoritária, clássica, via golpe militar. “O campo progressista precisa estar preparado.”

O Brasil vive uma escalada fascistóide?

Os últimos acontecimentos demonstram claramente que entramos em uma fase cada vez mais explícita de guerra civil. Não falo apenas dos tiros em direção aos ônibus do ex-presidente Lula. O assassinato da Marielle Franco até agora não mereceu nenhum tipo de resposta da parte das autoridades. Não há nenhuma informação, mesmo depois da enorme comoção causada pela morte. Espanta ainda que Geraldo Alckmin, governador do maior estado do País, e outros ocupantes de mandatos naturalizem o atentado contra a caravana do Lula. Praticamente Alckmin disse que o ex-presidente fez por merecer, ignorando completamente a diferença entre a violência simbólica da política e a violência real do extermínio.

O que ou quem poderia resolver esse impasse?

Não há solução no curto prazo. A sociedade brasileira caminha para os extremos da radicalização política. E não vejo outra saída. A questão é que até o momento só um dos extremos se organizou, o campo reacionário. O extremo progressista continua preso a uma certa crença de que existe um pacto de normalidade na vida política nacional. Esse pacto acabou. A política nacional não está em uma situação normal. É necessário levar isso em conta e estar preparado.

Esse falta de entendimento da realidade explicaria o fato de as manifestações espontâneas após a morte da Marielle não terem se convertido em algo mais efetivo e organizado?

Não existem atores políticos no Brasil que consigam expandir essas pautas e dar a elas um caráter de explicação genérica da situação nacional. A sociedade está em plena ebulição e as manifestações são todas espontâneas, como foram os protestos do ano passado contra o governo de Michel Temer e a greve geral, que mobilizou 35 milhões de trabalhadores. Mas faltam atores políticos que consigam sustentar essa ebulição por muito tempo. Os partidos estão degradados. Há um déficit brutal de organização no país. Toda essa força, enorme, se perde por completo.

Em geral, no Brasil, momentos como este desembocam em soluções autoritárias. Há esse risco?

Sim, evidentemente. É importante para a esquerda se preparar para todas as situações possíveis. Toda vez que aconteceu um retorno autoritário, a esquerda sempre foi a última a abandonar a esperança no Estado Democrático de Direito. Ficava esperando por algo que não existia mais, enquanto os reacionários organizavam a saída autoritária. É evidente que o fantasma paira no ar. No ano passado, o general Hamilton Mourão falou explicitamente em um projeto de golpe militar e não foi desmentido pelos superiores. Cria-se uma situação de tensão cada vez maior. A eleição, sabemos, será uma farsa, digna da República Velha, na qual se tiram os candidatos que não se quer que ganhe. O pacto de democracia mínima no Brasil não existe mais. Não por acaso, Temer acaba de falar que não houve golpe em 1964, mas um movimento consagrado pela população. A declaração, inclusive, é falsa do ponto-de-vista histórico. Pesquisas de opinião da época mostravam que João Goulart seria o mais votado nas eleições presidenciais. É mais uma falácia, na tentativa de transformar em escolha popular uma decisão das elites. Essa declaração laudatória do Temer não é nada estranha.

Que os bancos têm interesse em reformar a previdência, a gente sabe. Quanto pior o regime de previdência pública, maior vai ser o número de pessoas que vão correr atrás da previdência privada. Mas em São Paulo isso ficou escancarado: a Prefeitura conseguiu uma doação de quase meio milhão de reais para bancar um estudo sobre a previdência dos servidores municipais. Quem está fazendo esse investimento é a  – Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), talvez a entidade mais interessada em piorar a previdência dos servidores municipais.

Febraban e a previdência

Mudar os regimes de previdência pública é um assunto muito prioritário para os bancos. Não é nenhum segredo que as maiores empresas de previdência privada pertencem a eles.

E os interesses dos bancos na Reforma da Previdência, do governo federal, não ficaram só nas suposições. Em dezembro do ano passado, o próprio presidente da Febraban “fez um apelo para que a Câmara dos Deputados aprove o projeto o quanto antes”. O projeto é tão antipopular que, por enquanto, nem os bancos conseguiram fazer os deputados aprovarem.

Febraban Doação

O Sampaprev

Em São Paulo, nas últimas semanas, professores e servidores municipais de São Paulo têm feito grandes mobilizações para barrar a proposta do Sampaprev, que prevê descontos de 14% a 19% nos salários dos funcionários públicos, para custear a previdência municipal. A prefeitura quer que a Câmara aprove o projeto de lei antes da saída de Doria para concorrer ao governo de São Paulo. Para ele, seria um trunfo na campanha, como uma demonstração aos bancos de que governa para eles.

Esta reportagem foi publicada originalmente publicada em 27 de março. Nesse dia , depois de semanas de mobilização dos servidores da prefeitura de São Paulo, o Projeto de Lei (PL 621/16), de autoria do prefeito João Doria (PSDB) e que impunha perdas salariais e alterava as regras para a aposentadoria do funcionalismo, foisuspenso da pauta por 120 dias.

A tramitação do projeto de lei na Câmara neste mês de março faz pouco sentido diante do investimento feito pela Febraban, em forma de doação à prefeitura, mas que ainda não teve efeito prático. Na página 12 do Diário Oficial de 29 de agosto de 2017, a Secretaria da Fazenda autorizava um termo de doação assinado com a Febraban para um estudo chamado “Avaliação Geral do regime próprio de previdência social (RPPS) dos servidores públicos da Prefeitura do município de São Paulo”.

 

RBAPortaria Doação
Documento autorizando doação da Febraban

Quatro semanas depois, no Diário Oficial de 23 de setembro de 2017, é divulgado o resumo do termo de doação, com o valor investido pela Febraban: R$ 490.440,00. O documento ainda acrescenta quem é a responsável pelo estudo, a Fipe — Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Outra informação importante no documento é que os serviços vão durar seis meses. O termo de doação é assinado em 12 de setembro de 2017, então podemos concluir que o prazo se encerrou em 12 de março de 2018. O estudo, porém, não foi divulgado até o momento.

Com uma simples busca no google é possível encontrar o documento completo do termo de doação — sem data. No anexo único, é especificado o cronograma da pesquisa.

Parceria com a Prefeitura

A Febraban é parceira do prefeito João Doria. Como divulgado no próprio site da prefeitura, a entidade se reuniu com o prefeito na primeira semana do governo, em 06 de janeiro de 2017.

Cinco meses depois, em 06 de junho do ano passado, a prefeitura participou do 27º Ciab Febraban, congresso de tecnologia da informação das instituições financeiras. Na agenda oficial da prefeitura estariam presentes no evento secretário da Fazenda, Caio Megale (o mesmo responsável por receber a doação), e o presidente da SP Negócios, Juan Quirós. Mas a prefeitura foi além, e o próprio João Doria participou do congresso, como está em sua página no facebook.

 

Segurança e Doação de Câmeras

 

RBAAssento Febraban
Febraban tem assento em órgão ligado à requalificação urbana

Antes mesmo dessa doação de quase meio milhão de reais, a Febraban já participava da “gestão” da cidade. ODiário Oficial de 25 de março de 2017trazia uma portaria instituindo a “Operação Urbana Centro”, instrumento que “visa a requalificação urbana buscando estimular investimentos nessas áreas específicas, que está consolidada desde meados do século XX e possui a maior densidade construtiva da cidade”. Entre outras entidades, a Febraban tem assento na Comissão Executiva desse instrumento.

Vale destacar que a participação da Febraban na Operação Urbana Centro não é novidade da gestão Doria. Em 2013, na gestão Haddad, a entidade já tinha assento garantido.

Em julho de 2017, o Diário Oficial trazia proposta de doação da Febraban e da Telefônica, de um serviço de monitoramento e segurança do bairro do Brás, com instalação de 249 câmeras, plataforma de vídeo monitoramento com permissão de utilização pela prefeitura por 2 anos, entre outros equipamentos. No mesmo mês, é assinado um protocolo de intenções com Febraban e Telefônica para operação do projeto City Câmeras, no Brás.

Em novembro de 2017, a doação é concluída, e especificada, apenas com o nome da Febraban. Só não é esclarecido um detalhe: quais os valores dessa doação.

 

RBACity Câmeras Febraban
Doação da Febraban ao projeto City Câmeras, sem especificação dos valores

Dúvida

Que essa gestão da prefeitura é muito mais próxima do empresariado, todo mundo sabe. O próprio Doria ressalta isso como uma virtude, principalmente nessa questão das doações feitas por empresas à prefeitura — apesar de muitas delas serem colocadas sob suspeita. É de se imaginar o interesse dos bancos na aprovação desse projeto de lei, e a resistência dos servidores e professores em greve, em atos massivos, mostram disposição em enterrar de vez a proposta. Mas uma questão que se coloca é: será que o prazo para a saída de Doria justifica a votação apressada de um projeto antipopular, antes mesmo do resultado de uma pesquisa que custou meio milhão de reais?

A taxa nacional de desemprego subiu no trimestre encerrado em fevereiro, para 12,6%, ante 12% em novembro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. São 13,121 milhões de desempregados, 550 mil a mais em três meses. Nesse período, o mercado fechou 858 mil postos de trabalho, enquanto 307 mil pessoas deixaram de procurar uma vaga.

Na comparação com fevereiro do ano passado (13,2%), a taxa está menor e o país registra menos desempregados (426 mil), mas por causa do aumento da informalidade. Em 12 meses, o país criou 1,745 milhão de vagas, mas perdeu 611 mil empregados com carteira assinada no setor privado (-1,8%), no menor nível da série histórica, iniciada em 2012. E tem mais 511 mil trabalhadores sem carteira, além de 977 mil por conta própria.

De novembro para fevereiro, o número de empregados com carteira (33,126 milhões) ficou estável (-0,3%), enquanto o de sem carteira (10,761 milhões) caiu 3,6%. O de trabalhadores por conta própria também permaneceu estável (0,4%) – são 23,135 milhões.

Entre os setores, nenhum criou vagas no trimestre fechado em fevereiro. A indústria eliminou 244 mil vagas (-2%) e a construção, 277 mil (4%). Foram fechados ainda 435 mil postos de trabalho (-2,7%) na área que compreende administração pública, defesa, saúde, seguridade social e educação pública.

No período de 12 meses, a indústria cresce (3,3%, mais 375 mil), assim como atividades ligadas a serviços, a administração pública e o emprego doméstico. A construção volta a cair 4% (menos 280 mil pessoas).

Estimado em R$ 2.186, o rendimento médio ficou estável tanto em relação a novembro como na comparação com fevereiro de 2017.

São Paulo

A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo passou de 16,2%, em janeiro, para 16,4% no mês passado, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Fundação Seade e do Dieese. Em fevereiro de 2017, a taxa foi de 17,9%.

O número de desempregados foi estimado em 1,801 milhões, 43 mil a mais no mês e 181 mil a menos em 12 meses. Essa queda na comparação anual deve-se tanto à abertura de vagas (91 mil) como à saída de pessoas do mercado de trabalho (90 mil).

 

FONTE: Rede Brasil Atual

CUT – Com contas atrasadas e registrados nos cadastros de devedores, 40,5% dos brasileiros com idade entre 18 e 95 anos – cerca de 61,7 milhões de pessoas – estão com o CPF restrito e não podem parcelar compras nem fazer empréstimos. Na linguagem popular, estão com o 'nome sujo'.

40% do total de inadimplentes, 26,7 milhões de pessoas, são da região Sudeste. Até dezembro de 2017, a legislação do estado de São Paulo impedia o envio de carta com Aviso de Recebimento (AR) como requisito para negativação dos nomes, o que dificultava a inclusão de novos registros. O que explicaria o percentual mais alto na Região Sudeste.

A segunda região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, com 16,49 milhões de negativados, ou 41% da população. Em seguida, aparece o Sul, com 8,10 milhões de inadimplentes, 36% da população adulta.

Os dados são Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que registraram um aumento de 2,71% no volume de inadimplentes em fevereiro deste ano em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a janeiro, o aumento foi de 0,55%.

 “A estimativa reflete o quadro de dificuldades econômicas que as famílias ainda enfrentam, com o alto nível de desemprego e a renda ainda comprimida”, diz o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.

Mas ele diz que não é só a crise econômica que explica a alta na inadimplência. “Em muitos casos, o descuido com as finanças leva à situação de descontrole e ao consequente atraso das contas”, afirma.

A faixa etária na qual se observa o maior número de negativados em fevereiro é a de 30 anos a 39 anos, o que representa 51% da população dessa idade. Entre aqueles que têm entre 40 e 49 anos, 49% estão com o nome sujo e, entre 25 e 29, esse percentual chega a 46%. Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 20%. Na população idosa, considerando-se a faixa etária de 65 a 84 anos, a proporção é de 31%.

Os dados mostram também que o volume de dívidas em nome de pessoas físicas caiu 1,20% na comparação anual e 0,40% na comparação mensal. Já por setor, aquele com maior alta nas dívidas abertas foi o de comunicação, com variação de 10,20%, seguido pelos bancos, que teve avanço de 2,31%. Já os setores de água e luz e o de comércio observaram queda de, respectivamente, 4,25% e 6,78%. Em termos de participação, os bancos detêm pouco mais da metade do total de dívidas (50%). Em seguida, aparecem o comércio (18%); o setor de comunicação (14%); e de água e luz (8%).

Metodologia

O indicador de inadimplência do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação. A estimativa do número de inadimplentes apresenta erro aproximado de 4 pontos percentuais, a um intervalo de confiança de 95%.

Em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrada nesta quarta-feira (21), o Banco Central (BC) decidiu baixa os juros básicos da economia em 0,25 ponto percentual, para 6,5% ao ano. Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a redução seguida, a 12ª consecutiva, dá a dimensão da incerteza do governo ante o prolongamento da crise econômica do país. 

"Os sinais indicam que a saída do fundo poço é instável e insegura. Há sinalizações de melhoras e pioras em diferentes quadros. Os resultados de janeiro foram ruins em diversos setores da economia. Portanto, a crise é muito mais grave do que aquela que o governo tenta mostrar à sociedade", afirma Clemente.

O especialista acredita que o governo deve reduzir a taxa de juros ainda mais, já que a inflação está abaixo da meta. Atualmente, a taxa inflacionária está em 2,8%, enquanto a meta é de 3 a 6%. "A recessão econômica restringiu de forma dramática a atividade econômica, por isso caiu tanto. Aliás, com a grave crise, o BC deveria ter acelerado essa redução de juros para haver o estímulo à produção", afirma.

Clemente explica que a taxa de juros é um instrumento para ditar o ritmo da economia. Segundo ele, a nova redução é uma tentativa do governo Temer para estimular a produção. 

 

Fonte: Rede Brasil Atual

Em tempos de aumento de ataques a líderes sociais pelo país, execução de uma vereadora, Marielle Franco, no Rio de Janeiro, e atentado a tiros contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região Sul, um episódio marcante da história recente do Brasil completa 50 anos nesta quarta-feira (28). A morte do estudante Edson Luís de Lima Souto causou uma convulsão no Rio, com reflexos pelo país. Dali surgiriam movimentos mais intensos contra a ditadura, em um ano que terminaria com a decretação do AI-5, intensificando a repressão do Estado.

Estudante secundarista, Edson Luís era um menino pobre vindo de Belém. Tinha acabado de completar 18 anos. Não fazia parte das lideranças do movimento estudantil, executava tarefas como colar cartazes. Durante um ataque policial, recebeu um tiro no peito.

Os jovens preparavam mais uma manifestação contra o governo. O Calabouço, na região central do Rio de Janeiro, era um ponto de encontro. Ali ficava um restaurante que recebia milhares de jovens todos os dias – a comida ruim provocava protestos constantes. Na noite do ataque, Edson resolvera jantar mais cedo.

O menino, cantado em música por Milton Nascimento e por Sérgio Ricardo, morreu na hora. Os estudantes não permitiram que o corpo fosse levado ao Instituto Médico Legal – com uma multidão já formada, foi conduzido ao prédio da Assembleia Legislativa, onde ocorreu a autópsia e foi feito o velório. 

Inaugurado ainda nos anos 1950, o Calabouço (cujo apelido faz referência a uma possível prisão de escravos), era administrado pela União Metropolitana dos Estudantes (UME). No complexo chegaram a funcionar, também, um teatro e uma clínica. Depois do golpe de 1964, ficou nas mãos do governo, que demoliu o restaurante original, sob forte protesto, e meses depois abriu outro, em lugar diferente.

A notícia da morte de um estudante se espalhou rapidamente e provocou reação imediata. O movimento foi intenso na Assembleia durante a madrugada. Em 2 de abril, foi realizada missa na Igreja da Candelária, também na região central. E ocorreram protestos por todo o país. O Rio parou no dia do enterro. Uma frase é lembrada até hoje: "Mataram um estudante. Podia ser seu filho".

Em junho, o Rio é palco da Passeata dos 100 mil, a maior manifestação pública contra a ditadura. A situação política foi piorando, até desaguar no ato que inaugurou o período mais violento do regime autoritário.

 

Fonte: Rede Brasil Atual

Em assembleias realizadas na terça-feira (27), na sede do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, os trabalhadores do Mercantil do Brasil e do Mercantil de Investimentos aprovaram, por unanimidade, os programas próprios de Participação nos Lucros e Resultados 2018 propostos pelos bancos.

Na ocasião, os diretores do sindicato, Marco Aurélio Alves e Davidson Siqueira, juntamente com o assessor Jurídico da entidade, Sávio Leite, explicaram aos bancários o longo processo negocial entre a representação dos trabalhadores e a direção dos bancos para tentativa, por parte do Sindicato, de uma formatação do programa que permitisse melhor distribuição de valores entre os trabalhadores.

Os representantes dos funcionários destacaram, também, os avanços conquistados pelo Seeb BH. Entre eles, a retirada e a modificação de algumas contas na meta de redução de despesas e a garantia de pagamento do programa próprio aos dependentes em caso falecimento do funcionário. Foi mantida, ainda, a cláusula que garante aos bancários o recebimento do maior valor entre os resultados apurados pelas regras do programa próprio e o valor da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários.

Para Marco Aurélio Alves, funcionário do Mercantil do Brasil e diretor do sindicato, os bancários presentes tiveram a consciência da atuação do Sindicato para lutar por melhores condições de vida e emprego no Mercantil. “Além do programa próprio, a Assembleia também serviu para o resgate das conquistas históricas do Sindicato em favor dos trabalhadores do Mercantil do Brasil, como o combate à discriminação às mulheres, a implementação do auxílio educacional, cursos de pós-graduação, auxílio odontológico, plano de saúde, investimento na segurança bancária, ticket restaurante e diversos outros benefícios”, explicou.

Já o diretor do Seeb BH Davidson Siqueira alertou os bancários do Mercantil sobre a necessidade de se aumentar o número de filiação ao Sindicato. “Aos trabalhadores do Mercantil que ainda não são sindicalizados, fica o convite para que o façam. Ela é fundamental para que possamos garantir todos os benefícios conquistados pela categoria bancária e também para que os trabalhadores possam usufruir dos convênios firmados pelo Sindicato com diversas faculdades, assim como a prestação de serviço jurídico e de saúde totalmente gratuitos aos bancários filiados. É importante que cada um se conscientize de seu papel, fortalecendo a luta da entidade por melhores condições de trabalho no Mercantil”, destacou.

 

Fonte: Seeb BH

Depois de permanecer paradas durante cerca de três horas na entrada de Francisco Beltrão, interior do Paraná, em função da ação criminosas de ruralistas, a Caravana Lula pelo Brasil pela região Sul chegou à cidade de Quedas do Iguaçu na noite desta segunda-feira (27). Logo na entrada, trabalhadores, agricultores, assentados da reforma agrária espalhavam-se à margem da estrada. Uma faixa dizia: “Quedas do Iguaçu não é Bagé”. Muitos acompanham a caravana, proporcionando a segurança renegada pelas autoridades locais aos atos.

Entre Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu está o assentamento Celso Furtado, uma das muitas conquistas da reforma agrária promovida pelos governos petistas na região. A área foi ocupada em maio de 1999 por quase 2 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Após muita disputa, o assentamento foi oficialmente criado em 2004.

Os pequenos agricultores do oeste do Paraná travam luta ferrenha por terras com a madeireira Araupel, complexo de 63 mil de hectares sob suspeita de ter sido grilada da União. Paira ainda uma disputa judicial sob o assentamento já que a empresa cobra do Incra indenização.

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já venceu em primeira e segunda instâncias e aguarda um último julgamento. Enquanto isso, o assentamento cresceu. Dados do Incra, de 2016, indicam que a produção de leite local chega a 4,3 milhões de litros por mês.

Além de crédito para os pequenos agricultores, programas como Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos, Pronaf, mudaram a lógica do desenvolvimento local. Dados do Departamento de Economia do governo paranaense dão conta de que 50% das propriedades em Quedas do Iguaçu são da reforma agrária. E como a agricultura movimenta em torno de R$ 300 milhões ano na cidade, é possível compreender o acolhimento à visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região.

Mas a batalha do MST não para, pois quanto piores as condições de vida nos centros urbanos – no Brasil e até em países vizinhos –, mais trabalhadores procuram os acampamentos que se formam na região. A crise vem sendo agravada no país após o golpe de 2016, e pelo retrocesso político e nos direitos sociais desencadeados em parte do continente.

Nova vida no Dom Tomás Balduíno

 

O camponês Valdir Szimanski, de 51 anos, desde criança vivia no Paraguai, mas abandonou o país e há alguns meses passou a compor o grupo de 4 mil famílias que ocuparam uma nova área grilada pela Araupel, formando o assentamento São Tomás Balduíno, a 9 quilômetros do Celso Furtado. “Tava difícil com esse presidente lá (o conservador Horácio Cartes). Não tinha serviço, estávamos passando dificuldade.”

Alguns tios que moram em Quedas e um primo que participa do movimento fizeram o primeiro contato. “Trabalho todo dia pra comer. Mas gosto de ficar aqui.” Desde pequeno Valdir trabalha na agricultura e considera melhor a vida no assentamento, onde está com a mulher Maria, 26 anos, a filha Fernanda, 5, e o pequeno Paulo, de 2. Fernanda já estuda na escolinha do assentamento onde a professora Débora Makoski Francelino, 19 anos, dá aulas.

“Eu me sinto muito orgulhosa por estar lutando por algo que acho que todos os jovens deveriam estar, presentes em algum movimento social”, afirma. “É um orgulho e tanto fazer parte do MST porque é algo que a gente está conquistando para nós, para o Brasil, para estar melhorando tanto na alimentação, quanto na educação”, diz a jovem professora, defensora da agroecologia e do manejo sustentável da terra.

Débora conta que chegou ao acampamento cheia de preconceito em relação aos sem-terra. “Com o passar do tempo fui tendo uma mente totalmente aberta para ouvir as pessoas.” O avô de Débora fez parte da luta pela terra que resultou no assentamento Celso Furtado. “A gente ia visitar ele e eu não gostava. Todo mundo naquelas barraquinhas de lona. Eu tinha uma vida de conforto, numa casa de tijolos que era três vezes maior do que a que eu moro hoje aqui. Chegar e ter uma casa de madeira foi muito diferente.”

Seu pai abandonou a vida desse “conforto” na cidade – “era viver para trabalhar e não trabalhar para viver, sem tempo nem para a família” – e decidiu seguir ao lado do movimento. “Eu tinha 16 anos e não queria vir. Todo mundo falava mal dos sem-terra e eu não sabia o que era. Tinha esse preconceito que têm os que não têm tempo ou dedicação para pesquisar o que é de fato.”

E a futura professora foi se enturmando. “Vi que estávamos todos na mesma realidade, éramos todos iguais. Fui estudando mais sobre o movimento, e gostando”, constatou. Ela conta que o contato com o dia a dia desses camponeses obstinados acabou com o estereótipo de “violentos e vagabundos” atribuído ao movimento pelos adversários que controlam as mídias regionais e nacional, financiadas pelo agronegócio.

“Vi uma realidade toda diferente. Cheguei e nossa casa estava pronta. E quem vai chegando a gente ajuda. Tem lona, vamos fazer casa. Não tem fogão, vamos correr atrás de fogão. Tem fogão velho sobrando, dá para o vizinho. É uma coisa de cooperação: um por todos, todos por um”, descreve. “Aqui não existe uma pessoa só para comandar o movimento, todos nós comandamos.”

Praticamente toda a família de Débora vive unida junto ao MST. “Hoje temos uma causa, por nós e pelo povo. É uma causa muita nobre”, diz, orgulhosa. Quando perguntada sobre a visita da caravana, os olhos marejam. “Ele ter vindo pra cá mostra que nosso futuro presidente reconhece a nossa luta e está do nosso lado. E representa também uma democracia muito grande para nós. A democracia está aí, é só a gente saber respeitar como nosso futuro presidente está fazendo.”

Sobre os agressores da caravana, ela considera uma covardia. “Eu não tenho nada contra quem vota para fulano, para outro. A gente só quer respeito. A gente tem direito de votar para quem a gente quer, porque a gente quer o melhor para o Brasil”, disse, já partindo para o ato que esperava Lula na praça central de Quedas do Iguaçu.

Conhecimento libertador 

A frase, que resume o pensamento da professora Débora, estava em uma das paredes do galpão do assentamento Dom Tomás Balduíno. “O conhecimento liberta”. A educação é uma das ações mais valorizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Assim, a criação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) contou com a cessão de três lotes de terra pelo Assentamento 8 de Junho.

“O que interessa nesses assentamentos é discutir a educação no campo. Aqui dentro, à medida que assentamos as famílias, passamos a ter várias escolas do campo, do ensino infantil ao médio”, relata Elemar do Nascimento, do MST e professor da UFFS. “Temos ao redor de 3 mil estudantes só em Rio Bonito do Iguaçu.”

O professor participou de todo o processo que levou à construção da universidade em Laranjeiras do Sul e conta que os movimentos sociais da região, nos três estados, começaram a debater o ensino superior como direito e como estratégia de desenvolvimento. “Em 2005 nos unificamos e, em 2007, houve a concordância do governo federal em criar a universidade. Era Lula presidente e Haddad no Ministério da Educação.”

Além de filhos de agricultores de trabalhadores de pequenas e médias cidades, a UFSS de Laranjeiras acolhe também indígenas da região.

Turma barulhenta

O ato público previsto para meio-dia começou com mais de três horas de atraso. O voo de Lula vindo de Foz do Iguaçu teve de esperar o tempo melhorar. O coordenador nacional do MST saudou o público que esperou sob chuva. “Esse povo aqui é a turma da reforma agrária. Alguém disse que somos a turma silenciosa do Lula. Não é verdade, somos a turma barulhenta”. Segundo ele, a defesa da liberdade de Lula e de seu direito de disputar a Presidência da República não são um gesto isolado, mas parte de um projeto. “A essa altura, a reforma agrária só voltara se nós mudarmos o governo. Como não conseguimos tirar o Temer, só temos uma saída: colocar Lula na presidência do Brasil”.

No dia 4 de abril, data marcada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o pedido de habeas corpus que não permita a prisão do ex-presidente antes de seu caso ser julgado pelas cortes superiores, “o povo deve voltar a praça para vigília pela democracia”, anunciou Stédile. “Nossos inimigos vão fazer de tudo para impedir que lula se eleja. Eles têm a Globo, o Judiciário, o Congresso, o Temer. Mas eles não têm a força do povo, e o povo está com Lula.”

O ex-presidente agradeceu o “carinho” do povo, em ficar uma manhã inteira debaixo de chuva, em parte também por estarem preocupados com os riscos de agressão que a caravana vem sofrendo. “Devem ter ouvido das dificuldades que passamos para chegar aqui”, disse. “Nunca tinha assistido selvageria como estamos assistindo agora, de um grupo de pessoas que não sei quem são. Que nos esperam a cada trevo, com paus, pedras, rojão”. Lamentou.

Lula explicou que é importante que o perseguição judicial de que é vítima seja apreciada pelas instâncias superiores, já que na primeira e segunda instância teve o direito de defesa cerceado. “Ou eu estou louco, ou quem me condenou está louco. Mostramos documento de um procurador americano dizendo que estava contribuindo com os nossos procuradores. Estou indignado. Estão criando um processo de mentiras. Para evitar que o Lula seja candidato. Em vez de gastar tanto dinheiro com processo, seria mais fácil disputar comigo as eleições. O que não aceito é a mentira. Numa instância superior, que julguem o mérito”, afirmou. “Essa gente não quer o bem do Brasil.”

O petista citou os avanços na reforma agrária e na política de financiamento para os produtores como ações que são o sentido de suas caravanas, pois “não foram feitas da minha cabeça, mas da cabeça de vocês”. E afirmou que pretende voltar a ser presidente para retomar a reforma agrária, fortalecer o Ministério do Desenvolvimento Agrário e aprofundar a regularização de terras indígenas e quilombolas. “Nossa caravana é a primavera, é esperança é o sonho. A prova de que a gente pode recuperar esse país. Que cada um de nós possa acordar no domingo de manhã com um puta de um churrasco, com costela bem temperada, uma picanha fatiada e uma cervejinha. Por que é isso que é ser brasileiro”, despediu-se. 

Com informações da Agência PT

Dirlei

Clarice e Valdir