Agosto 23, 2025
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Neste sexta-feira, 22 de agosto, a cidade de São Paulo sediou os encontros nacionais dos funcionários de bancos privados: Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Itaú-Unibanco, Encontro Nacional dos Funcionários do Santander e Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco.

BRADESCO

Defesa do emprego, fim do fechamento de agências e melhorias no plano de saúde. Esses são alguns dos principais pontos da pauta de reivindicações específicas aprovada nesta sexta-feira (22), durante o Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco com o tema Futuro justo, sustentável, inclusivo e democrático, que reuniu cerca de 100 delegadas e delegados eleitos de todo o país, no hotel Holiday Inn, em São Paulo. Encontro antecede a 27ª Conferência Nacional dos Bancários que ocorre a partir da noite desta sexta 22 até domingo 24, em São Paulo.

Na análise de conjuntura logo no início dos debates, a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, destacou que o maior patrimônio do coletivo do Bradesco é a unidade para enfrentar fechamento de agências, demissões e os avanços tecnológicos com a Inteligência Artificial (IA) que ameaça o emprego do bancário.

“Manter o emprego é uma das nossas principais preocupações neste momento diante da reestruturação que o Bradesco vem realizando em todo o Brasil ao mesmo em que há o avanço da IA nas aplicações diárias que ameaçam o trabalho do bancário. Mas, também temos de olhar para as lutas em comum com a sociedade e puxar para nossa responsabilidade a defesa da soberania, da democracia e de mostrar que o movimento sindical é forte ao ponto de eleger representantes que possam barrar o avanço do fascismo e lutar contra a retirada de direitos, pelo fim da jornada 6×1”, disse Juvandia, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários e vice-presidenta da CUT.

Na mesma mesa, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, também destacou que os bancários devem assumir a responsabilidade de disputar as narrativas e ajudar a formar redes de diálogo para espalhar as boas ações a fim de desmentir as fake news que surgem a todo o momento. “Estamos correndo risco na atual conjuntura que vivemos e o nosso papel e nossa responsabilidade enquanto movimento sindical é conversar com o bancário e a bancária lá no local de trabalho para enfrentar as demandas específicas, mas ao mesmo tempo, dialogar também com a sociedade e tentar traduzir a importância da defesa da soberania, da democracia e mostrar que, sem elas, nossos direitos enquanto sociedade civil não avançam, sem democracia não há negociação com o patrão e nem tem avanços na nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários”.

Inteligência artificial: o futuro das finanças já chegou

No painel sobre conjuntura do Sistema Financeiro Nacional e perspectivas para o futuro, o professor doutor Moisés Marques afirma que o banco do futuro que se falava há 13 anos já chegou e relembrou que nos anos 1993 havia 30 grandes bancos no país e hoje, apenas dez instituições concentram a maior parte do mercado, mas já não são as únicas protagonistas. Fintechs como PicPay Original e Nubank transformaram a lógica do sistema financeiro, sendo o Nubank a instituição financeira de maior valor de mercado da América Latina, operando com custos muito menores do que os bancos tradicionais e com uma carteira de 123 milhões de clientes.

“O banco do futuro chegou e ganhou força com a inteligência artificial. E ela vem sendo usada pelos bancos com três principais finalidades que é aumentar produtividade e eficiência, ampliar receitas e negócios, e reforçar conformidade e gestão de risco. Mas, na prática, o cliente segue em último lugar. O foco está em fidelizar consumidores e ampliar a operabilidade, ao mesmo tempo em que crescem dilemas éticos: até onde vale substituir pessoas por tecnologia? Qual o limite da coleta e uso de dados pessoais?”, criticou o professor.

Ele ainda acrescentou que “por trás da promessa de inovação, o banco do futuro chegou, mas não é para todos. Para clientes e trabalhadores, a IA pode significar rebaixamento e homogeneização, colocando todos na mesma condição de vulnerabilidade a disputa, portanto, não é apenas tecnológica ou de mercado: trata-se também de como a sociedade vai lidar com privacidade, emprego e poder em um sistema financeiro cada vez mais concentrado e guiado por algoritmos, e não podemos aceitar sem lutar”, finalizou Moisés.

Plano de reestruturação

O economista e técnico da subseção do Dieese na Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan, apresentou o Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que o banco colocou em prática após fortes quedas no lucro entre 2019 e 2020 e na rentabilidade de 2021 a 2023.

O plano, iniciado em 2024 e com conclusão prevista para 2028, prevê mudanças graduais a cada trimestre ao longo dos próximos cinco anos. O objetivo é recuperar os resultados e reposicionar a instituição.

Inclusive, o Bradesco fez mudanças estratégicas em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de Negócios Digitais e a de Recursos Humanos.

Segundo Cavarzan, ainda faltam, três anos para a conclusão do plano do banco, mas o cenário caminha para que continue como foi traçado já que o banco vem recuperando seus patamares de lucro: o resultado do lucro líquido recorrente foi de R$ 11,9 bilhões, um crescimento de 33,7% em relação ao mesmo período do ano passado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões).

“Mesmo com lucro já estamos vendo a perda importante de postos de trabalho, intensificação das rotinas de trabalho com a IA e a melhoria na BIA sendo a primeira IA a ser usada por uma instituição financeira. A sugestão é que se faça um processo rígido de negociação e de fortalecimento da categoria para que lá em 2028, o movimento sindical não encontre um cenário de terra arrasada”, completou.

Para Erica de Oliveira, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE), esse é um momento importante em que há possibilidade de debater e ouvir as demandas dos bancários do Bradesco em todas as regiões e de definir como traçar as questões que são viáveis de serem levadas a debates a nível nacional. “Foi um dia muito rico de debate e interação com os colegas, os bancários do Bradesco das diversas federações ajudaram muito e foram responsáveis por esse belo encontro. Estamos muito satisfeitos e vamos juntos ampliar esses debates no âmbito da Conferência Nacional, foi um dia muito bacana para todos nós”, finalizou.

Plano de luta e ação

Como plano de luta, no final do encontro, os participantes definiram uma grande campanha de mídia que irão discutir e debater nas próximas semanas no âmbito da COE, já no plano de ação, a defesa do emprego, pelo fim do fechamento de agências, melhorias no plano de saúde do Bradesco, valorização dos últimos acordos relacionados à CCV e PPR que terão assembleias nas próximas semanas.

SANTANDER

Delegados e delegadas de todo o País estiveram reunidos, nesta sexta-feira (22), em São Paulo, para o Encontro Nacional dos Funcionários do Santander. Após um dia todo de debates, que incluiu análises de conjuntura e destaques dos dados e do balanço do banco, os participantes relembraram como foram as negociações no ano passado do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico, com validade até 31 de agosto de 2026.

“É importante relembrarmos e destacarmos as conquistas nas cláusulas sociais e econômicas obtidas na Campanha Nacional 2024, que constam no ACT específico do Santander e garantem direitos a todos os trabalhadores do banco até o ano que vem”, ressaltou Wanessa de Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.

No encontro, também foram debatidas as atividades mobilização, organização e enfrentamento que já foram realizadas nas bases das federações e as ações que ainda são necessárias. “Ao debatermos a grande campanha nacional que já está em curso, em defesa do emprego bancário e denunciando as fraudes de contratação praticadas pelo Santander com as terceirizações, atualizamos o andamento das ações jurídicas e sindicais, bem como sobre as audiências públicas realizadas em todo País”, complementou Wanessa. Por fim, as propostas de plano de lutas debatidas nos Encontros Regionais e Estaduais foram remetidas para a COE/Santander pautar as próximas negociações.

Rita Berlofa, secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT e funcionária do Santander, “O encontro mostrou que precisamos intensificar nossa luta contra as terceirizações e as contratações fraudulentas, que precarizam o trabalho e reduzem direitos. Além disso, é urgente aprofundarmos o debate sobre os impactos da inteligência artificial, que já vem substituindo postos de trabalho na nossa categoria. Essa realidade traz prejuízos não apenas para os bancários, mas também para toda a sociedade, porque reduz arrecadação de impostos, enfraquece a Previdência e compromete o retorno social que deveria ser garantido pelo sistema financeiro. O Santander não pode continuar crescendo às custas da exploração dos trabalhadores e da retirada de direitos.”

 A fraude nas contratações do Santander

O encontro iniciou com a economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Vivian Machado, fazendo uma análise econômica e dos dados do Santander. Na conjuntura nacional, ela destacou os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que cresceu 3,4% em 2024, e os dados do mercado de trabalho, que alcançou a menor taxa de desocupação e o maior rendimento médio mensal na sequência histórica.

Apesar dos dados positivos, a economistas lembrou que a taxa de juros (Selic) chegou a 15%, mesmo com uma inflação em 5,35% (acumulada em 12 meses, em junho de 2025). “Com isso, o Brasil chegou ao segundo lugar no ranking de juros reais no mundo, com o maior nível desde junho de 2006”, afirmou. O resultado é uma tendência de aumento do endividamento das famílias, com 78,4% das famílias brasileiras endividadas em junho de 2025. Além disso, o mercado de crédito atingiu um dos maiores valores da história, com cerca de 55% do PIB.

Sobre os números globais do Santander, Vivian ressaltou que o banco obteve, no primeiro semestre de 2025, o melhor resultado trimestral e semestral de sua história, com lucro de 6,8 milhões de euros. “Nesse cenário, a unidade brasileira é a segunda maior contribuinte para os resultados, atrás apenas da matriz na Espanha, com lucro de 996 milhões de euros, ou seja, 14,6% do resultado global”, disse. Já o número de agências globais do banco saiu de 2.446, em 2024, para 1.888, em 2025. “Na Espanha foram fechadas 109 agências nesse período. No Brasil, foram encerradas 558 unidades”, acrescentou.

O resultado nacional do Santander também foi positivo no primeiro semestre, com lucro de R$ 7,520 bilhões no Brasil, um aumento de 18,4% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo a técnica do Dieese, o crescimento foi impulsionado pela expansão da margem financeira, que subiu 4,4% em 12 meses, puxada pela alta de 11,3% na margem com clientes. Já na comparação trimestral, houve queda de 3,3% na margem financeira, reflexo da elevação das taxas de juros, parcialmente compensada pelos ganhos com clientes.

Vivian também falou sobre os negócios do banco e apontou a tecnologia como impulsionadora dos resultados, já que Santander aumentou os investimentos nessa área e reduziu os gastos com estrutura. “Os dados mostram um aumento 2,4 vezes nas interações dos clientes com o chatbot, por exemplo. Fato que aumentou em 33% as vendas em lojas e diminuiu 24% os gastos nessas mesmas lojas”, exemplificou.

Na sequência, a economista abordou a queda semestral nas despesas em geral do banco e a consequente melhora no índice de eficiência, que chegou em 36,8%, o melhor índice entre os bancos privados. “O banco alega que houve uma mudança de cultura. O Santander seria um banco que saiu do banco, em que a agência passou a ser loja, o gerente passou a especialista e a receita a comissão”, afirmou. Com isso, veio o fechamento de pontos de atendimento. Por outro lado, entre 2019 e 2024, o número de trabalhadores no Brasil cresceu 16,4%, passando de 47.819 para 55.646. No mesmo período, as despesas de pessoal do grupo caíram 4,1%. E a despesa média por trabalhador diminuiu 17,6%.

“Ou seja, a ampliação do número de trabalhadores no banco Santander se dá fora das agências tradicionais e da categoria bancária. O banco adotou uma estratégia de transferência de trabalhadores do banco para empresas coligadas e controladas”, disse. Atualmente, o Santander Brasil tem participação em 20 empresas, todas elas classificadas em segmentos fora do ramo financeiro. E obteve resultado de R$ 3,7 bilhões, no primeiro semestre de 2025, com essas empresas.

Para finalizar, a economista listou os impactos dessa transferência de trabalhadores promovida pelo banco. “Para os trabalhadores, há precarização nas relações de trabalho, menores remunerações, flexibilização e fragmentação da categoria e prática antissindical que infringe a liberdade sindical e a proteção ao Direito Sindical. Já para a sociedade, há redução do efeito multiplicador da renda, com impacto no consumo e na economia local, e queda na arrecadação do Imposto de Renda, do Fundo de Garantia (FGTS) e no INSS”, encerrou.

Os impactos da IA no sistema financeiro

O segundo debate do Encontro Nacional foi realizado pelo cientista político e professor da Faculdade 28 de Agosto, Moisés Marques, que fez uma análise de conjuntura com o tema “o mundo de ‘ponta cabeça’ e as consequências para o Sistema Financeiro Nacional (SFN)”. Para começar, o professor destacou dois pontos principais neste debate: a fragmentação econômica e financeira e as transformações tecnológicas e seus riscos globais.

No cenário internacional, ele apontou alguns fatos importantes, como a mudança do papel da China no cenário internacional, a possível estagflação nos Estados Unidos, com possibilidade de uma grave crise econômico-financeira, a crise das instituições de governança globais do pós-guerra, a aceleração da transição demográfica e das mudanças ambientais e climáticas e as mudanças oriundas da Inteligência Artificial (IA). “Não podemos deixar de acrescentar a interferência da Gestão Trump em diversas questões globais”, provocou.

Já no cenário nacional, Moisés destacou que a economia tem apresentado dados interessantes e que o Governo Lula começa a ter mais aprovação da população. “O crescimento do País está acima do imaginado, mas a taxa de juros continua alta. Por outro lado, temos a melhor taxa de emprego dos últimos anos, mas Câmara segue criando uma série de dificuldades para o País”, enumerou.

No Sistema Financeiro Nacional, o que se tem visto, ao longo dos anos, é uma drástica redução do número de bancos e o aparecimento dos bancos digitais e das fintechs. “Que são empresas que se dizem bancos, mas não são. Que atuam como se fossem banco e têm tamanho de banco”, ironizou. “Ou seja, as fintechs passaram a ser parte do sistema. Hoje são 1.481 instituições com 100 mil funcionários. Além disso, são empresas que tornaram os processos altamente tecnológicos, sem a necessidade de pessoas”, acrescentou.

O professor também apresentou resultados de pesquisas que mostram o que os bancos querem com a IA, destacando desde a reformulação do setor bancário, a melhora na gestão dos riscos operacionais, a redução dos custos, até o fim dos postos de trabalho. “Diante disso, precisamos refletir sobre os riscos e as questões éticas que estão envolvidas no aumento do uso das tecnologias”, disse.

Para finalizar, Moisés sugeriu como os trabalhadores devem se organizar para enfrentar essa conjuntura: “Precisamos ficar atentos à interconexão entre as grandes questões globais, suas reverberações domésticas e os impactos no Sistema Financeiro. Além disso, precisamos conscientizar a população sobre os resultados dessas mudanças, afinal, o banco do futuro já chegou”, afirmou.

Para ele, é preciso ainda ficar de olho no perfil dos profissionais que estão sendo recrutados e nas formas de contratação, buscar a capacitação dos trabalhadores para lidar com IA e as novas tecnologias, mostrar as vulnerabilidades e os riscos tecnológicos, denunciar os conluios do mercado, participar ativamente das consultas públicas referentes ao setor, ser pedagógico com a população e clientes para alertar sobre as alternativas e acirrar a luta pela regulação do SFN.

ITAÚ

O Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo, recebeu nesta sexta-feira (22) o Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Itaú-Unibanco. O evento reuniu 86 dirigentes sindicais e representantes de base de diversas regiões do Brasil para debater temas estratégicos, como o cenário político e econômico, os impactos da inteligência artificial na atividade bancária e questões relacionadas à saúde e às condições de trabalho.

A abertura foi conduzida pela Coordenação da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú-Unibanco e por integrantes do Comando Nacional dos Bancários, que ressaltaram a importância da unidade e da organização da categoria diante dos desafios atuais.

Na análise de conjuntura, a presidenta da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio de Janeiro (Federa-RJ), Adriana Nalesso, destacou que a tecnologia deve estar a serviço da sociedade e dos trabalhadores. “A tecnologia tem que servir em prol da classe trabalhadora, para garantir mais qualidade de vida. Para isso, vamos fazer o que sabemos: lutar, resistir e avançar”, afirmou.

Adriana também relacionou o atual cenário internacional com a disputa pelas riquezas da América Latina, lembrando que “a reforma trabalhista, o ataque aos direitos e a tentativa de enfraquecer a Convenção Coletiva (CCT) têm ligação direta com os interesses do capital financeiro e das grandes corporações”.

A presidenta da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-SP), Aline Molina, reforçou que a disputa vai além de uma guerra comercial. “Está em curso um movimento de dominação sobre as riquezas da América do Sul, que hoje detém o novo ouro do mundo. Ou lutamos contra o imperialismo ou não teremos condições de trabalhar e viver com dignidade”, alertou.

Segundo Aline, o próximo período será decisivo para o futuro da categoria e do país. “O ano que vem é o ano das nossas vidas. Nossa soberania está verdadeiramente ameaçada, e precisamos reafirmar a luta de classes, combater o imperialismo e construir uma sociedade justa e igualitária para todos”, disse.

Ao longo do encontro, dirigentes ressaltaram que os bancos têm tentado fragmentar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para concorrer com fintechs, e que será necessário ampliar a mobilização para preservar conquistas históricas da categoria.

Tecnologia e inteligência artificial: impactos no emprego e no futuro do trabalho bancário

Na sequência, o encontro contou com a participação de Cátia Uehara, economista e técnica da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) junto ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, que apresentou a palestra “Inteligência Artificial e o Banco Itaú-Unibanco – impactos na Atividade Bancária”.

Cátia analisou as transformações recentes no setor bancário brasileiro, com foco no Itaú Unibanco, impulsionadas pelo avanço tecnológico e pela inteligência artificial (IA). O estudo mostrou o crescimento acelerado das transações digitais, o investimento massivo em tecnologia e a consequente mudança no perfil do emprego, com destaque para o aumento expressivo das ocupações em TI e a redução dos postos de trabalho bancários tradicionais.

Segundo os dados apresentados:

  • O volume de transações bancárias no Brasil superou 200 bilhões em 2024, um crescimento de 8% em relação a 2023, impulsionado pelo mobile banking. Enquanto globalmente o orçamento em tecnologia dos bancos cresceu 35% entre 2018 e 2023, no Brasil o aumento foi de 97% no mesmo período. A participação das ocupações em TI nos bancos privados saltou de 2,7% em 2013 para 12,8% em 2024, chegando a 20% do total de empregados no Itaú.

O Itaú Unibanco, que conta hoje com 17,3 mil funcionários em TI, criou em abril de 2025 o Instituto de Ciência e Tecnologia Itaú, reunindo 80 pesquisadores em projetos de inteligência artificial generativa e computação quântica, em parceria com instituições como Stanford, MIT e USP.

Ao mesmo tempo em que investe na digitalização, o banco tem reduzido sua estrutura física. Entre dezembro de 2014 e junho de 2025, foram fechadas 2.031 agências no Brasil, uma média de 3,5 por semana. No último ano, o Itaú encerrou 223 unidades, enquanto o Bradesco fechou 342 e o Santander 561. Desde 2018, o sistema financeiro brasileiro perdeu 4.853 agências, uma redução de 23,3%.

Essa reconfiguração do setor impactou fortemente o emprego. O Itaú chegou a ter 104 mil trabalhadores em 2009, mas em junho de 2025 o quadro era de 85,7 mil — uma queda de 18,2 mil postos em 14 anos. Em 12 meses, até o fim de 2024, a holding registrou 1,6 mil cortes no Brasil, compensados apenas parcialmente pelo aumento de 1,1 mil vagas em tecnologia.

Os efeitos são ainda mais visíveis no conjunto do ramo financeiro:

  • Em 1994, os bancários representavam 80% dos empregos do setor; em 2024, a participação caiu para 42%.
  • De 2012 a 2024, a categoria bancária perdeu 88,8 mil postos de trabalho, enquanto segmentos como securitários (+88 mil) e cooperativas de crédito (+80 mil) expandiram.
  • Desde 2013, mais de 90 mil vagas bancárias foram eliminadas, com saldos anuais negativos recorrentes.

Apesar dessa redução no quadro de pessoal e do fechamento de agências, os lucros dos grandes bancos seguem em alta. No primeiro semestre de 2025, os três maiores bancos privados somaram R$ 41,6 bilhões, com crescimento médio de 19,8%. O Itaú foi o destaque, com alta de 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 22,1 bilhões.

“Estamos diante de um paradoxo”, avaliou Cátia. “De um lado, um investimento recorde em tecnologia e um discurso de modernização; de outro, o encolhimento das agências, a redução de empregos e a intensificação do trabalho. É fundamental que esse debate esteja no centro da mobilização sindical, para que a inovação não signifique perda de direitos, mas sim melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.”

Painel de Saúde expõe práticas abusivas de gestão no Itaú e seus impactos na vida dos trabalhadores

No período da tarde, o encontro contou com o Painel Saúde e Condições de Trabalho, conduzido por Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT. A apresentação trouxe à tona dados preocupantes sobre as práticas de gestão do Itaú-Unibanco, que configuram um verdadeiro “mecanismo adoecedor”, marcado por vigilância excessiva, cobrança abusiva e impactos diretos na saúde mental e física dos bancários.

Entre os principais fatores apontados estão: metas inatingíveis, avaliações injustas, estímulo ao individualismo, reestruturações constantes, jornadas estendidas, assédio moral e monitoramento digital invasivo. Segundo Mauro, o uso de algoritmos e ferramentas de controle cria um ambiente de pressão contínua e mal-estar generalizado.

Um dos exemplos mais emblemáticos é o Programa GERA, que funciona como um sistema permanente de monitoramento e ranking de desempenho. Por meio dele, gestores realizam cobranças em tempo real, inclusive fora do expediente, com supervisores enviando mensagens ou ligações via WhatsApp e plataformas internas. Reuniões diárias expõem os resultados de cada funcionário, intensificando a competição e o constrangimento.

As consequências são reconhecidas por organismos internacionais como a OIT e pelo NIOSH como de alto risco psicossocial: aumento de casos de ansiedade, depressão, crises de pânico e burnout; estresse crônico; insegurança no emprego; isolamento e rivalidade entre colegas; além da sensação de estar sendo vigiado em tempo integral, até durante pausas ou no home office.

Essas práticas, além de violarem princípios básicos da Constituição Federal e da CLT, também ferem normas como a NR-17, a LGPD e convenções internacionais da OIT (nº 155 e nº 190). Mauro lembrou que há precedentes na Justiça que reconhecem o caráter abusivo dessas práticas, como o processo nº 0066500-61.2005.5.02.0044, no qual o Itaú foi condenado por assédio moral organizacional e cobrança vexatória de metas.

Um ponto destacado foi que a própria lógica algorítmica pode servir de prova contra o banco, uma vez que todos os registros digitais — logs, relatórios de produtividade, notificações automáticas e rankings — constituem a materialidade do assédio, tornando o que antes era invisível em evidência documental.

Como encaminhamento, foram apontadas ações sindicais fundamentais, entre elas:

  • Denunciar formalmente ao Ministério Público do Trabalho e à Auditoria Fiscal do Trabalho;
  • Reivindicar auditoria externa sobre os dados captados pelos sistemas digitais do banco;
  • Negociar a readequação do Programa GERA e limites ao uso das plataformas de monitoramento;
  • Realizar campanhas de mobilização, reforçando que “Não somos robôs. Conectar não é se submeter”.

“O que vemos hoje no Itaú é um modelo de gestão que adoece os trabalhadores. Metas abusivas, vigilância constante e algoritmos que controlam cada clique transformam o ambiente de trabalho em um espaço de medo e pressão permanente. Isso não é inovação, é exploração disfarçada de tecnologia. Nosso papel como sindicato é denunciar, negociar limites e garantir que a saúde e a dignidade da categoria sejam respeitadas. Não somos máquinas, somos trabalhadores com direitos e vamos lutar para preservá-los”, finalizou Mauro.

A coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Itaú, Luciana Duarte, fez um apanhado das negociações do último ano e da mesa de saúde dos trabalhadores entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban no período.

COE Itaú cobra transição justa diante das novas tecnologias e respeito ao emprego bancário

Antes de encerrar, os participantes também debateram a pauta de reivindicações específicas, que deverá orientar as próximas mesas de negociação e integrar futuros instrumentos coletivos a serem firmados entre as entidades sindicais e o Itaú-Unibanco.

Para a coordenadora da COE Itaú-Unibanco, Maria Izabel Cavalcanti Menezes, a reflexão sobre o papel da tecnologia foi central. “É importante conhecer as novas inovações tecnológicas, mas elas precisam vir para melhorar o serviço, como ferramenta de auxílio, e não para substituir o trabalhador. Esse é o grande nó. Queremos uma transição justa para o modelo de inteligência artificial, que garanta o emprego bancário, respeite o meio ambiente e assegure trabalho decente, permitindo que os trabalhadores se beneficiem dos ganhos de produtividade”, destacou.

Segundo a dirigente, é fundamental construir propostas que fortaleçam a luta nacional contra os ataques do Itaú, como o fechamento de agências, as demissões, as metas abusivas, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento da categoria.

*com informações da Contraf-CUT

As 273 delegadas e delegados representantes das empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal de todo o país, aprovaram as resoluções do 40º Congresso Nacional das Empregadas e Empregados da Caixa Econômica Federal. Entre os principais pontos aprovados estão o reajuste zero nas mensalidades do Saúde Caixa, com o fim do teto de gastos do banco com a saúde de seus empregados; defesa da Caixa e dos empregados; melhorias nos sistemas e nas condições de saúde e trabalho; respeito às questões técnicas para a definição das metas atuariais dos planos e adequação dos equacionamentos, considerando as reduções desnecessárias ou indevidas e o contencioso da Funcef.

Pela Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), participaram os diretores Fernando Correa e Rita Lima.

“Conseguimos debater os principais pontos que estão em questão no dia a dia das empregadas e empregados que estão nas agências e departamentos da Caixa. Outro ponto aprovado foi o apoio a candidatos nas eleições de 2026, de candidatos que se comprometem com as causas dos trabalhadores e a defesa das empresas públicas”, disse o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE), Felipe Pacheco. “Saímos daqui fortalecidos e prontos para defendermos os direitos das empregadas e empregados e lutarmos por novos avanços”, concluiu.

Moções

Também foram aprovadas quatro moções:
•    Em desagravo pela demissão do professor João Paulo Cabrera, da rede estadual do Rio de Janeiro;
•    Em solidariedade ao historiador Jorge Manuel, que recebeu ameaças de grupos neonazistas;
•    De apoio ao companheiro Flaviano Correia Cardoso, bancário da Caixa no Ceará, vítima de práticas reiteradas de assédio moral e organizacional e adoecimento ocupacional.
•    De desagravo à Caixa, contra o fechamento de unidades, diante do impacto social e econômica que a medida representa.

 

Ao longo de toda esta sexta-feira (22), representantes sindicais das trabalhadoras e dos trabalhadores do Banco do Brasil participaram do 35º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (35º CNFBB), na capital de São Paulo.

Pela Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES), participaram os diretores Danilo Funke, Flávio Pereira, Bethania Emerick, Glória Dias, Igor Chagas, Fernando Tonielo e Giovana Pinto.

Fui contemporâneo de Direito na mesma faculdade do foragido que está agora nos Estados Unidos [Eduardo Bolsonaro], que chegou a dizer que o Banco do Brasil pode falir a depender das forças dele. Só no BB somos 87 mil trabalhadoras e trabalhadores, além de tantos outros nos demais bancos públicos. Precisamos ser agentes politizadores, disputar a consciência dos colegas e fortalecer a luta de classe. É fundamental que este congresso resulte em propostas efetivas para cobrar dos bancos públicos a valorização e a garantia de saúde dos trabalhadores. Que daqui saiam soluções concretas para manter empregos e fazer política para que o Brasil siga no caminho certo”, comentou Danilo Funke.

Para Bethania Emerick, “o 35° CNFBB foi um espaço onde pudemos relembrar a relevância de instituições como a CASSI e a Previ, e onde pudemos debater a defesa da Governança da Previ e as negociações do custeio da CASSI. Além disso, foi unânime e reafirmado em muitas falas a importância do Banco do Brasil como patrimônio público, forte, a serviço da sociedade , fortalecendo o Brasil, sempre.”

E completou. “A leitura e o referendo do manifesto Tolerância zero para casos de violência e assédio (veja a íntegra abaixo), assinado pela Contraf-CUT, pelo Comando Nacional dos Bancários, federações e sindicatos dos bancários, foram de extrema importância nesse dia considerando o momento de retrocesso em nossa sociedade com relação à violência contra mulheres e crianças.”

Sobre os eixos de luta, Fernanda Lopes, coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), ressaltou que foram construídos com base nas contribuições que chegaram das federações. “Foi um dia muito importante, no qual abordamos temas fundamentais, como a questão da Soberania Nacional, na aula realizada pelo convidado Jessé Souza (sociólogo e professor). Também tivemos, da economista do Dieese Rosângela Vieira, uma avaliação sobre a importância do BB para o desenvolvimento do país. Na parte da tarde, nos debruçamos sobre as questões pertinentes à Previ e à Cassi. E concluímos o evento com a aprovação de pontos de lutas, relacionados à defesa do Banco do Brasil como banco público, voltado ao desenvolvimento do país, e à sustentabilidade e perenidade da Cassi e da Previ, resumiu.

A seguir, os eixos aprovados:

1 – Defesa da função pública do Banco do Brasil, essencialmente quanto ao desenvolvimento econômico e social, da agroecologia e da agricultura familiar;
2 – Expansão do PRONAF, volta do DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável) e maior apoio à agricultura familiar;
3 – Abertura de agências em municípios desbancarizados;
4 – Novo concurso (cumprindo efetivamente a cota de PCDs);
5 – Fim das terceirizações;
6 – Distribuição de dividendos em proporção que garanta investimentos no setor produtivo, assegurando o desenvolvimento econômico e social do Brasil;
7 – Revisão dos processos de financiamento ao agro, aprofundando o cuidado para garantir a produção sustentável tanto com viés ambiental, como o retorno para a garantia de alimentos para o Brasil;
8 – Ampliação do atendimento à população nas agências com maior movimento em regiões carentes e/ou periféricas;
9 – Ampliação de postos de trabalho, garantindo o atendimento de caixa e preenchimento de claros;
10 – Que o banco se responsabilize para que efetivamente não aconteça desvios éticos para cumprimento de metas;
11 – Fim do assédio moral e metas abusivas;
12 – Previdência: defesa da governança da PREVI e do modelo de gestão paritária pelos funcionários do banco; o papel dos órgãos controladores/reguladores. Planos e aspectos dos perfis de investimentos;
13 – Os funcionários do Banco do Brasil devem seguir na defesa intransigente da Previ, cujo modelo de governança prevê a gestão compartilhada entre a empresa patrocinadora, por sua indicação com a representação dos funcionários, por meio democrático de eleição participativa, o que garante a permanência da robustez da sua governança impedindo interferência externas, seja do mercado ou de governos, com respeito inequívoco aos órgãos controladores e reguladores competentes;
14 – A Previ deve ser para todos, com tratamento isonômico aos egressos de bancos incorporados, com direito à adesão ao plano PREVI Futuro e seus benefícios;
15 – Saúde: modelo de custeio e sustentabilidade do plano de associados da Cassi; Adoecimento e saúde mental;
16 – Os funcionários do Banco do Brasil devem seguir na defesa intransigente da Cassi, objetivando o fortalecimento da caixa de assistência, em modelo de autogestão e patrocínio do empregador;
17 – A forma de custeio não pode se basear tão somente na folha de pagamento, sendo necessária a busca de outras fontes de receitas oriundas do patrocinador. Com as premissas de aumento da contribuição patronal para 70% (setenta por cento), sem aumento na contribuição do associado;
18 – A Cassi é para todos e deve ser garantida a isonomia de tratamento para os egressos dos bancos incorporados e funcionários que ingressaram no Banco após a reforma estatutária de 2018;
19 – É de fundamental importância que o banco informe precisamente os dados do EPS (exame periódico de saúde) e do adoecimento profissional;
20 – Necessário incluir a cirurgia de afirmação de gênero/redesignação sexual no rol de procedimentos da Cassi, custeadas pelo banco, com apoio das instituições no acolhimento de pessoas trans;
21 – Fortalecer e ampliar as CliniCassi e a rede credenciada;
22 – O banco deve, ainda, cumprir de imediato as diretrizes da NR1;
23 – Campanhas: Em Defesa do Banco do Brasil; Menos Metas Mais Saúde; Contra o Assédio Moral; Dias de Luta em todas as datas de negociação sobre a Cassi.

Também foram aprovadas moções sobre a defesa do BB e de sua função pública, sustentável e inclusiva; repúdio aos ataques de Trump contra a soberania nacional; transparência na destinação de verbas parlamentares; contra o genocídio praticado por Israel contra os palestinos; em defesa do deputado Renato Freitas; e contra as ameaças de grupos de extrema-direita a Jones Manoel.

*com informações da Contraf-CUT

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu, na tarde desta quarta-feira (20), de forma online, com a direção do banco para tratar de dois acordos inéditos que estão em negociação. Ambos são fruto de reivindicações históricas do movimento sindical e representam avanços importantes no diálogo entre as partes.

O Bradesco trouxe para a reunião equipes das áreas de Comissão de Conciliação Voluntária (CCV) e de Remuneração, com o objetivo de esclarecer dúvidas dos representantes sindicais e aprofundar o debate sobre os temas.

Comissão de Conciliação Voluntária (CCV)

A CCV é um espaço extrajudicial onde trabalhadores e o banco podem buscar soluções para questões trabalhistas com a intermediação do sindicato, sem a necessidade de recorrer à Justiça, voluntariamente. Desde janeiro de 2025, um projeto piloto realizado com o Sindicato dos Bancários de São Paulo testou o fluxo de trabalho e apresentou bons resultados, após ajustes definidos em conjunto.

A proposta em discussão é firmar um acordo “guarda-chuva” nacional com a Contraf-CUT. A partir dele, as entidades sindicais poderão aderir quando se sentirem seguras para implementar o modelo.

Poderão participar da CCV os trabalhadores demitidos sem justa causa ou que pediram desligamento do banco e que não ingressaram com reclamação trabalhista (ação judicial). Por meio da CCV, os profissionais poderão reivindicar direitos que julgam que tenham sido descumpridos pelo empregador.

O procedimento prevê que os interessados procurem a assessoria jurídica do sindicato, que fará a análise dos pedidos e elaborará um termo de reivindicação. Após o protocolo, o banco analisará os pleitos e pode, ou não, apresentar uma proposta de acordo.

Preparamos abaixo um perguntas e respostas para você entender melhor o tema

O que é CCV?

A Comissão de Conciliação Voluntária (CCV) é um fórum extrajudicial que reúne trabalhador com algum questionamento trabalhista ou de natureza indenizatória trabalhista, e representantes do Sindicato e do banco.

Para que serve a CCV?

O objetivo da CCV é a resolução de pendências trabalhistas do contrato de trabalho, buscando entendimentos para eventual acordo.

Qual a vantagem da CCV?

O trabalhador que aciona a CCV não tem a necessidade de ingressar na Justiça – o que pode tornar muito mais rápido o processo de resolução da causa.

A CCV me impede de ingressar na Justiça do Trabalho?

O bancário que não aceitar a proposta de acordo via CCV poderá ingressar posteriormente na Justiça

Sou obrigado a ingressar na CCV?

Não é. Apenas se julgar que existem reclamações/pedidos trabalhistas a serem feitos

Uma vez recebida a proposta de valor na CCV, sou obrigado a aceita-la?

Não é obrigado. A comissão é voluntária para o bancário e para o banco também.

Depois de feito o acordo da CCV, em quantos dias o dinheiro será disponibilizado?

Em até dez dias úteis o dinheiro acordado na CCV será disponibilizado ao trabalhador.

Quais pendências trabalhistas podem ser revolvidas na CCV?

Todas de natureza trabalhista e indenizatória, incluindo horas extras, valores do vale-transporte, casos de assédio etc.

Programa de Participação nos Resultados (PPR)

Outro ponto em negociação é a criação de um acordo específico para o Programa de Participação nos Resultados (PPR), batizado de Supera. Até então, o Bradesco trabalhava apenas com a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. Posteriormente, sem negociação com o movimento sindical, o banco criou o Prêmio por Desempenho Extraordinário (PDE), voltado exclusivamente para a área comercial. Desde então, os dirigentes sindicais reivindicam a ampliação do benefício para todos os funcionários e sem descontos sobre a PLR.

A coordenadora da COE Bradesco, Erica de Oliveira, lembra que a contratação da remuneração total dos bancários do Bradesco é reivindicação muito antiga do movimento sindical. “Está na nossa minuta de reivindicação específica faz bastante tempo. Aderir a esse acordo de PPR é o primeiro passo nessa direção. Temos muitos pontos a avançar e vamos batalhar pra concluir esse processo, de forma vitoriosa, o mais breve possível.”

A proposta do Supera é estruturada em três ciclos. O primeiro ciclo engloba aproximadamente 65% do quadro de funcionários, cerca de 48 mil pessoas, incluindo:

  • Rede de agências (Varejo, Prime e Empresas);
  • Bradesco Financiamentos (área comercial);
  • Segmento Principal (em expansão);
  • Bancários do Bradesco Expresso;
  • Assessores administrativos e comerciais das Gerências Regionais (com exceção dos gerentes regionais).

Serão contemplados os bancários que atingirem 95% dos objetivos estabelecidos, diferentemente do antigo PDE, que premiava apenas a partir de 101%.

No Supera, existe o Programa de Remuneração Bradesco (PRB), um valor mínimo de R$ 1.000, destinado à força de vendas que não bateu as metas ou aos trabalhadores que não são da chamada força de venda, pago no início do ano subsequente. Entretanto, esse valor está atrelado ao atingimento do ROAE de 15,5% em 2025.

O ROAE, ou Return on Average Equity (Retorno sobre o Patrimônio Médio), é um indicador financeiro que mede a rentabilidade de uma empresa, utilizando como base o patrimônio líquido médio durante um determinado período, geralmente um ano fiscal.

O pagamento e a aferição da performance do Supera serão semestrais, ampliando as possibilidades de recebimento mesmo em casos de desempenho abaixo do esperado em determinado período do ano. O início dos demais ciclos será comunicado posteriormente pelo banco.

A proposta será submetida às assembleias das entidades sindicais na próxima semana.

Fonte: Contraf-CUT

O Itaú enviou, na tarde desta terça-feira (19), as respostas às reivindicações feitas pelos representantes dos trabalhadores na reunião realizada, na última terça-feira (13), com o Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Itaú. Os temas discutidos incluíram clínicas médicas, fornecimento de atestados de saúde ocupacional, acesso a prontuários médicos e melhorias na folha de pagamento.

Uma das principais críticas dos bancários estava relacionada à qualidade do atendimento em algumas clínicas credenciadas. Em resposta, o banco informou que descredenciou quatro unidades por não atenderem às necessidades dos funcionários e que pretende criar salas ocupacionais em diversos estados.

Sobre os atestados de saúde ocupacional, que antes eram enviados apenas por e-mail, o Itaú anunciou que passará a fornecer os documentos originais, atendendo às exigências das perícias do INSS, caso contrário, permanece digital.

No caso do prontuário médico, a exigência de firma reconhecida foi retirada. Agora, bastará uma carta de próprio punho acompanhada de foto do crachá para que o trabalhador tenha acesso às informações.

Outra demanda tratada foi a dificuldade de compreensão das folhas de pagamento. O banco informou que, a partir de agosto, o imposto de renda passará a ser retido no momento do pagamento, evitando descontos acumulados em uma única vez. Além disso, a antecipação salarial será registrada em apenas uma rubrica, o que deve facilitar a leitura e entendimento.

Em relação ao exame de retorno e às faltas injustificadas, o Itaú esclareceu que, ao receber a informação de alta, envia um e-mail ao trabalhador para o agendamento. Os dias entre a alta do INSS e a realização do exame deverão ser abonados pelo gestor. Para evitar atrasos, o banco também enviará notificações 15, 10 e 5 dias antes da alta.

Para Luciana Duarte, coordenadora do GT Saúde, os avanços apresentados foram importantes. “O retorno do banco foi satisfatório em relação à maioria dos temas apresentados, uma vez que podemos levar algumas respostas à categoria. Nossa próxima discussão será sobre o canal de denúncias, pois também precisamos que os bancários tenham confiança em denunciar situações de sofrimento no trabalho, sem medo de retaliação, demissão e quebra de sigilo, e que esse processo seja ágil, já que esse é um dos problemas mais recorrentes que recebemos.”

A coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, Valeska Pincovai, também destacou o papel do GT: “É fundamental que o GT Saúde discuta de forma contínua as questões de saúde e condições de trabalho no banco. Queremos também retomar o debate sobre as metas, como forma de prevenção e qualidade de vida no trabalho.”

Fonte: Contraf-CUT

Em reunião realizada nesta segunda-feira (18), a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) recebeu da direção do banco a apresentação do Protocolo de Atendimento para casos de Violência Doméstica e Familiar, que será lançado oficialmente nesta terça-feira (19). O protocolo inclui a Cartilha de Prevenção à Violência Doméstica e estabelece um canal específico na Gepes Atendimento, pelo telefone 4003-5291, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, com equipe capacitada para orientar bancárias sobre medidas externas e internas de proteção.

O canal oferece acolhimento e suporte para romper o ciclo de violência, além de medidas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), como transferência de local de trabalho, alternância de horários e mudança do regime presencial para teletrabalho ou vice-versa. Também garante encaminhamento para acompanhamento psicológico e médico da Cassi, além de auxílio deslocamento para idas a delegacias ou serviços públicos especializados. A autonomia da mulher é sempre respeitada, permitindo que cada bancária escolha quais caminhos seguir.

Segundo Fernanda Lopes, coordenadora da CEBB e secretária da Mulher da Contraf-CUT, “essa é uma conquista histórica. Desde 2018, cobramos ações efetivas do BB para proteger bancárias em situação de violência doméstica. Em 2020, o ACT [Acordo Coletivo de Trabalho] implantou medidas de apoio que hoje estão consolidadas no protocolo. Com esse canal, garantimos acolhimento especializado, integração com a Cassi e acompanhamento seguro. Esse é um avanço fundamental!”.

A cartilha informa sobre os diferentes tipos de violência – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral – e detalha os passos após a denúncia, com os possíveis caminhos, como a concessão das medidas protetivas da Lei Maria da Penha, o eventual registro do boletim de ocorrência, acompanhamento pelo sistema de justiça, acesso à Defensoria Pública e aos serviços públicos especializados. Também orienta sobre canais externos de denúncia, como Delegacias da Mulher, Defensorias Públicas, Núcleo Judiciário da Mulher e emergência policial (190).

Fernanda Lopes reforça: “Cada passo dado nesse protocolo fortalece a proteção das bancárias e mostra que, com informação, suporte e medidas eficazes, podemos romper o ciclo de violência. É um compromisso da Contraf-CUT e do Banco do Brasil com a vida e a dignidade das mulheres”.

Fonte: Contraf-CUT

Nesta terça-feira, 19 de agosto, o Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense reintegrou mais uma funcionária do Itaú Unibanco.

Pâmela Fonseca Ribas, bancária da Plataforma Business - 8166, foi reintegrada por doença ocupacional, devidamente reconhecida pelo INSS.

Pâmela estava com o processo em outro escritório. Mas, logo depois, entrou em contato com o Sindicato, sendo devidamente acolhida.

Fui demitida em dezembro 2024 e procurei um escritório de advocacia por indicação, mas não tive um suporte de qualidade durante o acompanhamento do processo. Preocupada com a falta de orientação do antigo advogado, procurei o Sindicato e fui muito bem acolhida pelo Departamento Jurídico da entidade que, em apenas 2 meses, fez mais por mim do que o antigo advogado, em 6 meses. Finalmente consegui a minha reintegração. Obrigada ao Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense e, em especial, ao Dr. Luiz Paulo”, declarou Pâmela.

A trabalhadora é sindicalizada e teve o suporte e atendimento do Departamento Jurídico do Sindicato, através do advogado Luiz Paulo, do Escritório Baptista & Reis Advogados Associados, e pelo Departamento de Saúde.

A reintegração foi acompanhada pelos Diretores Pedro Batista, Renata Soeiro e Fernando Correia.

IMPORTANTE

É fundamental que bancárias e bancários, logo que sejam informados de suas demissões, procurem imediatamente atendimento no Sindicato.

ATENDIMENTO JURÍDICO PRESENCIAL

Nova Iguaçu - às terças-feiras, das 11 horas à 13 horas e das 14 horas às 17 horas (telefone: 21 / 2658-8041)

Duque de Caxias - às quintas-feiras, das 10 horas às 13 horas (telefone: 21 / 26710-110)

SINDICALIZE-SE!

Nesta terça-feira, 19 de agosto, o Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense esteve na agência do Banco Santander, em Belford Roxo, para protestar contra o fechamento do local, previsto para o próximo dia 22.

A agência é o único ponto de atendimento do Santander, em todo o munícipio. O banco informou que os funcionários serão transferidos para as agências de Vila dos Teles, Mesquita e Queimados.

O Sindicato intensificou a mobilização, dialogando diretamente com os funcionários, clientes, e explicando todos os malefícios que o fechamento de uma agência causa para a região e para os trabalhadores.

Enquanto amplia seus lucros bilionários, o Santander segue atuando no Brasil com total desrespeito aos trabalhadores, clientes e à sociedade: fechando agências, impondo metas abusivas, demitindo bancários e promovendo práticas fraudulentas, especialmente no crédito consignado.  

Lucros

O Banco Santander lucrou R$ 7,520 bilhões no Brasil no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 18,4% em relação ao mesmo período de 2024.

No trimestre, o lucro líquido gerencial caiu 5,2%, passando de R$ 3,861 bilhões nos primeiros três meses do ano para R$ 3,659 bilhões no segundo trimestre. O retorno sobre o patrimônio (ROE) anualizado ficou em 16,4%, com acréscimo de 0,9 ponto percentual em 12 meses.

O crescimento no semestre foi impulsionado pela expansão da margem financeira, que subiu 4,4% em 12 meses, puxada pela alta de 11,3% na margem com clientes. Já na comparação trimestral, houve queda de 3,3% na margem financeira, reflexo da elevação das taxas de juros, parcialmente compensada pelos ganhos com clientes.

Globalmente, o banco teve lucro de € 6,833 bilhões no período, alta de 13% em doze meses. A operação brasileira foi a segunda mais lucrativa do grupo, com € 996 milhões, atrás apenas da matriz na Espanha (€ 2,258 bilhões), representando 14,6% do lucro global.

Redução no quadro e fechamento de agências

Apesar do desempenho positivo, o banco eliminou 1.173 postos de trabalho nos últimos 12 meses — sendo 1.385 somente no 2º trimestre deste ano — e fechou 561 pontos de atendimento, o que escancara a contradição entre os ganhos crescentes e o desmonte da estrutura física e humana.

Ao final de junho de 2025, o Santander contava com 53.918 empregados, frente aos 55.091 de junho de 2024. Em doze meses, foram 1.173 demissões líquidas. No mesmo período, a base de clientes aumentou em 4,5 milhões, atingindo 71,7 milhões de pessoas.

No que se refere à estrutura física, o banco fechou 561 unidades de atendimento em um ano, das quais 159 no último trimestre.

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Na sexta-feira (15), foi realizada a quinta rodada de negociações sobre o custeio do plano associados da Cassi.

Pela manhã, representantes das entidades que compõem a mesa de negociação e membros da Comissão de Empresa se reuniram na sede da Anabb para debater os pontos em pauta. Também participaram dirigentes eleitos pelos funcionários.

À tarde, foi instalada a mesa de negociação na sede da Cassi, com representantes do Banco do Brasil e da assessoria da direção da caixa de assistência. O negociador do banco reafirmou o objetivo de construir um modelo de custeio perene e informou que um grupo interno está avaliando alternativas. Em seguida, apresentou uma proposta de custeio “híbrido”, que mantém a solidariedade com base na remuneração, mas prevê antecipação de contribuição a partir de estimativas de gastos calculadas conforme tabela de custos definida pela ANS.

A coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes,destacou que o modelo precisa preservar a justiça e a solidariedade. “Defendemos a construção de um modelo que garanta sustentabilidade para a Cassi, mas não aceitaremos soluções que quebrem o princípio da solidariedade ou que onerem excessivamente os trabalhadores. A proporção 70%/30% entre Banco e funcionários é essencial para manter o equilíbrio e assegurar o acesso à saúde de qualidade. Também exigimos que haja cobertura para os egressos dos bancos incorporados e uma solução definitiva para os admitidos após 2018, que hoje estão sem perspectiva de assistência no pós-laboral”, afirmou.

Os representantes dos funcionários reforçaram que a solução para garantir o atendimento aos egressos não pode recair sobre o plano associados, bem como insistiram na necessidade de avançar na inclusão dos admitidos a partir de 2018, que atualmente não têm cobertura de saúde no período pós-laboral.

A próxima rodada de negociações foi agendada para o dia 28 de agosto, às 14h30.

Fonte: Contraf-CUT

Nos dias 21 e 22 de agosto, será realizado no Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo, o Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Santander, promovido pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) do banco. O evento reunirá dirigentes sindicais e representantes da base de diversas regiões do país para discutir a conjuntura econômica, os desafios do sistema financeiro, as negociações da Campanha Nacional e a construção de um plano de luta unificado.

Para a coordenadora da COE Santander, Wanessa de Queiróz Paixão, o encontro será decisivo para preparar a categoria para os próximos passos. “O Encontro Nacional é um momento estratégico para alinharmos as demandas dos trabalhadores, analisarmos o cenário em que estamos inseridos e definirmos ações concretas que fortaleçam nossa mobilização e assegurem avanços nas negociações com o Santander.”

A secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT e funcionária do Santander, Rita Berlofa, destacou a importância de conectar as lutas no Brasil com o contexto internacional. “O Santander é um banco global e suas políticas têm impacto direto em trabalhadores de diversos países. É fundamental que estejamos articulados internacionalmente, trocando informações e estratégias com colegas de outras regiões para enfrentar práticas nocivas e pressionar por melhores condições de trabalho. Essa unidade fortalece nossa luta e amplia nossas conquistas.”

Programação completa

21 de agosto de 2025

14h às 20h – Credenciamento
15h – Início do check-in no Hotel Holiday Inn Parque Anhembi

 

22 de agosto de 2025

9h30 – Abertura
10h15 às 11h30 – Mesa de Análise Econômica e Dados do Banco Santander
12h às 13h – Intervalo para almoço
13h às 14h30 – Mesa de Análise de Conjuntura do Sistema Financeiro Nacional e Perspectivas
15h – Campanha Nacional Santander e Desdobramentos
16h – Plano de luta
17h – Encaminhamento e encerramento das propostas


Fonte: Contraf-CUT

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