Abril 29, 2025
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O Brasil ocupa o 4º lugar do mundo onde mais se registra acidentes de trabalho. Segundo dados da Previdência Social, mais de 700 mil acidentes laborais são registrados todos os anos com dados apenas de trabalhadores com carteira assinada. Muitos desses acidentes resultaram em mortes ou mutilações tornando grande a lista de trabalhadores incapacitados no país. 

Essa trágica informação foi apresentada na quinta 26, durante o Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde do Trabalhador que teve como objetivo discutir a situação dos trabalhadores às vésperas do Dia Mundial em Memória as Vítimas de Acidente de Trabalho, celebrado todo 28 de abril.

Segundo pesquisa do IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, somente em 2013 quase 5 milhões de trabalhadores foram vítimas de acidentes de trabalho. Esse número deve aumentar já que a mudança da legislação imposta pela reforma trabalhista de Temer fere alguns direitos previstos na Constituição brasileira e precariza as condições de trabalho.

A advogada Leonor Poço lembra que a maneira com que a reforma trabalhista foi imposta fere princípios básicos do Direito. “A primeira coisa que a reforma faz é violar a democracia, o governo não poderia ter feito essas modificações referentes a jornada e ao descanso, sem a participação dos trabalhadores. Inclusive, o governo fere a Convenção 155 da OIT, ratificada pelo Brasil, ao não permitir a participação dos trabalhadores nesse processo. A relação capital versus trabalho prevalecerá somente como negócio jurídico, além de outros pontos que só trarão mais prejuízos aos trabalhadores como a liberação da terceirização irrestrita.”

Já Victor Gnecco Pagani, técnico do Dieese, ao apresentar uma pesquisa sobre os riscos da reforma trabalhista para a sociedade, mostrou que no Brasil, a cada 10 vítimas de acidentes laborais, oito são terceirizados. Pagani apontou também que os terceirizados foram as maiores vítimas de acidente de trabalho na Petrobras. Entre 1995 e 2018, dos 377 mortos em serviço, 307 eram terceirizados, 81% do total dos óbitos.

“Esse número poderá aumentar ainda mais quando, através da reforma trabalhista, as leis permitirem as jornadas de 12x36 e fazer desse trabalhador, as futuras vítimas dos acidentes.”

Já o representante do Ministério Público do Trabalho, José Fernando Ruiz Maturana, lembrou que desde o início o MP se posicionou contrário à reforma trabalhista por saber que a ‘modernização’ das leis, como foi massivamente divulgado por Temer e pela mídia, só traria prejuízos às condições de trabalho.

“Os sindicatos precisam estar mais próximos dos trabalhadores e muito atentos, nesse momento, para defender a saúde do trabalhador”, finaliza.

O diretor de Saúde do Sindicato, Carlos Damarindo, defende a união das centrais e dos sindicatos. “As centrais e sindicatos têm de estar alinhados com uma pauta única. É inadmissível haver sindicato ou central que defende pauta de governo golpista que tanta prejudica os trabalhadores”, conclui.

Fonte: Seeb SP

A não votação da MP 808/17, que estabeleceria novas regras sobre o trabalho intermitente e a jornada de mulheres grávidas em condições insalubres, entre outros pontos aprovados na reforma trabalhista que entrou em vigor no final do ano passado, demonstra que os setores favoráveis à reforma “não farão nenhum tipo de concessão, não estão absolutamente dispostos a negociar o que quer que seja, mesmo salvaguardas muito modestas e moderadas”, avalia o sociólogo Ruy Braga. Para ele, a votação da MP, que expirou na última segunda-feira, teria salvaguardado “questões absolutamente mínimas e, nesse sentido, seria importante que tivesse havido a votação da reedição da MP, pensando naturalmente no horizonte imediato, ou seja, naquilo que estamos vivendo neste e no próximo ano”.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Braga comenta as implicações dessas medidas e frisa que “a liberdade do contratante de demitir e recontratar imediatamente, por meio de terceirização ou do trabalho intermitente, é devastador para a classe trabalhadora brasileira, quer seja do ponto de vista da garantia da massa salarial da renda, quer seja do ponto de vista das jornadas e das condições de trabalho”. Entre as principais consequências do trabalho intermitente, ele explica que elas giram em torno da renda e da jornada de trabalho. “O trabalho intermitente é um expediente que comprime a renda do trabalhador, tendo em vista a porosidade da jornada de trabalho. Se você contrata alguém por intermédio de trabalho intermitente, você pode fazer com que ele receba apenas as horas trabalhadas e não aquilo que está previsto num contrato normal de trabalho”.

Ruy Braga destaca ainda que a reforma trabalhista aumentará as desigualdades entre os trabalhadores. “Não tenho dúvidas a respeito dos efeitos relativos à concentração de renda e à massa salarial no país. (...) É possível imaginar cenários levando em consideração os dados. Se você avalia os dados do trabalho terceirizado e do trabalho contratado que ocorria até 2015, é possível perceber que o nível salarial do trabalhador terceirizado era de 23% a menos do que o do trabalhador diretamente contratado. Isso nos indica um parâmetro, ou seja, o trabalhador terceirizado e submetido ao trabalho intermitente, provavelmente num período de tempo curto, perceberá seu salário cair em cerca de 20%”, compara. E lamenta: “O que se multiplicou foi o trabalho indecente, que avança sobre o tempo livre, com acréscimo da insegurança, que multiplicou o subemprego e a sub-remuneração, que não paga o mínimo para que as pessoas possam se manter”.

'Se existe alguma expectativa de que a reforma ou a não edição da MP possam eventualmente garantir uma maior segurança jurídica para o empregador e o empregado, isso não vai acontecer'

Ruy Gomes Braga Neto é especialista em Sociologia do Trabalho e leciona no Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), onde coordenou o Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic). É autor do livro A política do precariado (São Paulo: Boitempo, 2012). Recentemente publicou A rebeldia do precariado (São Paulo: Boitempo, 2017).

Confira a entrevista.

Como o senhor avalia o processo político envolvido na não votação da Medida Provisória 808/17?

É importante frisar que o resultado era bastante previsível, porque as forças políticas e sociais, particularmente oriundas do empresariado brasileiro, já haviam aprovado a toque de caixa uma reforma trabalhista absolutamente draconiana, que representa o desmonte da proteção do polo protetivo do trabalho no país, que foi construído a duras penas entre 1930 e 1980. O resultado do desmonte desse polo protetivo, tendo em vista os interesses por detrás, não poderia ser menos exuberante do que a vitória cabal, sem nenhum tipo de concessão.

O que me preocupa mais com a queda da MP são as demissões de efetivos para que o trabalhador possa ser recontratado por intermédio de trabalho intermitente e, também, a autorização para que gestantes trabalhem em locais insalubres. Esses dois pontos mostram de maneira clara para a população em geral, e em especial para os trabalhadores, até onde as forças políticas e sociais por trás da reforma trabalhista estão dispostas a chegar. Ou seja, não farão nenhum tipo de concessão, nenhuma forma de contemporização, não estão absolutamente dispostos a negociar o que quer que seja, mesmo salvaguardas muito modestas e moderadas como essas duas que citei.

É um jogo brutal que está sendo proposto para a classe trabalhadora brasileira. Isto evidentemente aprofunda e não mitiga a insegurança jurídica, porque muitos pontos da reforma trabalhista, e aqueles pontos que serão liberados pela não votação da MP, contradizem a própria Constituição Federal. Ou seja, se existe alguma expectativa de que a reforma ou a não edição da MP possam eventualmente garantir uma maior segurança jurídica para o empregador e o empregado, isso não vai acontecer. Eventualmente pode cair ou diminuir o número de processos na Justiça do Trabalho, mas unicamente por causa do medo e do desalento dos trabalhadores de buscarem seus direitos.

Uma série de elementos revelam tanto a brutalidade da imposição dessas medidas absolutamente deletérias do ponto de vista do trabalho do país, quanto também o anúncio de um futuro tormentoso do ponto de vista jurídico. Temos um cenário crítico e delicado que precisa ser enfrentado de uma maneira contundente pelas forças sociais do trabalho, pelos sindicatos e partidos políticos comprometidos com os trabalhadores.

Teria sido importante ter aprovado a MP, especialmente por conta desses pontos que o senhor mencionou, isto é, o trabalho intermitente e o trabalho de mulheres grávidas em condições insalubres?

Entendo que na impossibilidade imediata de revogação da reforma trabalhista, a MP foi algo que salvaguardava questões absolutamente mínimas e, nesse sentido, seria importante que tivesse havido a votação da reedição da MP, pensando, naturalmente, no horizonte imediato, ou seja, naquilo que estamos vivendo neste e no próximo ano.

Ao contrário do que diz o governo, essa situação de reprodução de altas taxas de desemprego deve perdurar, levando-se em conta o fato de que não há propriamente um robusto aumento do investimento capitalista no país. Então, quando se pensa nessa situação de um longo período de desaquecimento econômico associado à reforma trabalhista, percebemos que medidas imediatas precisam ser tomadas. Por exemplo, a questão da liberdade do contratante de demitir e recontratar imediatamente, por meio de terceirização ou trabalho intermitente, é devastador para a classe trabalhadora brasileira, quer seja do ponto de vista da garantia da massa salarial da renda, quer seja do ponto de vista das jornadas e das condições de trabalho. Então, temos aí um horizonte muito complexo e ao mesmo tempo um desafio enorme de fazer com que esse tipo de iniciativa patronal não progrida, porque isso é devastador para os trabalhadores.

'Ao contrário do que diz o governo, essa situação de reprodução de altas taxas de desemprego deve perdurar, levando-se em conta o fato de que não há propriamente um robusto aumento do investimento capitalista no país'

Quais são os problemas de se permitir a contratação de trabalho intermitente? Uma das críticas é que esse tipo de trabalho vai causar uma fragilização no financiamento da Seguridade Social. Esse é o principal problema? O que mais está envolvido nesse tipo de contratação?

A questão fundamental é a renda e a jornada de trabalho. Ou seja, o trabalho intermitente é um expediente que comprime a renda do trabalhador, tendo em vista a porosidade da jornada de trabalho. Se você contrata alguém por intermédio de trabalho intermitente, você pode fazer com que ele receba apenas as horas trabalhadas e não aquilo que está previsto num contrato normal de trabalho. Então, quando o trabalhador está à disposição da empresa sendo um trabalhador subalterno, ele fica à disposição da empresa porque não tem como preencher as suas horas de trabalho.

Um exemplo simples para se entender o trabalho intermitente é o trabalho do jornalista. Se ele for contratado para um trabalho intermitente e a pauta aparecer às 18h da tarde, ele vai trabalhar uma ou duas horas, e não interessa que ele tenha ficado à disposição do jornal o dia todo, ele recebe pelo que trabalhou; esse é o princípio do trabalho intermitente. Isso é devastador do ponto de vista da renda do trabalhador, do ponto de vista da arrecadação, e do que se gera de tributos e de arrecadação para a própria previdência social. Mas também as jornadas de trabalho passam a ser incertas, erráticas, inseguras, o que acrescenta uma enorme carga de insegurança para o trabalhador, especialmente relacionada à quantidade de horas que ele vai trabalhar e o quanto vai receber. Nessa rotina, ele perde completamente o controle sobre a sua jornada, o seu dia e, consequentemente, sobre a sua vida, porque vai viver esperando que a empresa o acione para que ele possa trabalhar algumas horas por dia.

A renda do trabalhador intermitente seria menor do que a de um trabalhador normal?

Não há a menor sombra de dúvida. Todos os estudos que existem sobre trabalho intermitente apontam nessa direção. O trabalhador contratado por intermédio desse tipo de contrato tem um decréscimo da sua renda e é natural que isso aconteça, porque ele não vai trabalhar uma jornada cheia. Ainda que se diga que ele pode empreender e se transformar numa espécie de empreendedor de si, se vendendo para diferentes patrões, em termos práticos não é isso que acontece, porque o trabalhador em geral fica na dependência de um ou poucos patrões e recebendo por aquilo que trabalha. Naturalmente vai haver um rebaixamento da renda.

Qual é a diferença entre o trabalho intermitente e o trabalho de PJ?

As diferenças são pequenas. A principal diferença é que no trabalho intermitente ainda se consegue ascender a um patamar de direitos trabalhistas que não dizem respeito ao PJ, que é um contrato civil de prestação de serviços. Do ponto de vista prático, é muito parecido. O que produz a grande diferença é que, normalmente — mas isso está mudando —, o contrato PJ se concentra em fatias de trabalhadores que são mais qualificados, profissionais, que tiveram a oportunidade de passar pela universidade e ter um diploma, enquanto o trabalho intermitente incide com mais frequência sobre aqueles trabalhadores semiqualificados ou não qualificados, ou seja, no tipo de trabalho que não é profissional, mas é subalterno. No agregado o que se tem hoje é uma aproximação desses dois universos: de um profissional submetido ao pejotismo e de um trabalhador subalterno submetido ao trabalho intermitente. O que se tem é uma espécie de convergência tanto em termos de renda quanto em termos de jornada de trabalho.

Hoje uma parcela dos trabalhadores liberais com formação universitária prefere trabalhar como PJ a trabalhar com carteira assinada, inclusive por conta da tributação. O que isso sinaliza?

Isso já foi assim. Com o aumento do desemprego e do subemprego, as pesquisas têm demonstrado que esse perfil de trabalhador liberal que preferia trabalhar como PJ para não pagar tanto imposto, tem mudado. O valor que propriamente tem prevalecido é a segurança da renda e a segurança do trabalho e, consequentemente, o trabalho formal passa a ser mais atraente.

O trabalho intermitente deve seguir essa mesma tendência ou o trabalhador menos qualificado ficará refém desse tipo de jornada?

O trabalho intermitente é um tipo de trabalho de carteira assinada, mas com uma quantidade menor de direitos, em especial em relação à jornada de trabalho. O trabalho intermitente basicamente bloqueia o acesso a férias e décimo terceiro, e o que se tem é uma situação na qual o trabalhador perde muito e ganha pouco, a não ser a promessa de um emprego que, na verdade, é um subemprego. Então, me parece que se fizermos uma pesquisa entre aqueles que eram diretamente contratados e passaram a ser contratados como trabalhadores intermitentes, eles preferirão uma situação mais estável de jornada de trabalho e previsibilidade em relação à renda.

'Poucos terão muita liberdade e acesso a rendas acrescidas e muitos não terão liberdade alguma de dispor sobre seu tempo social e perceberão sua renda diminuída'

A Casa Civil está estudando a possibilidade de fazer um decreto específico sobre o trabalho intermitente. Como avalia essa possibilidade?

A grande vantagem para o trabalhador teria sido a de não ter havido uma reforma trabalhista tal como ela foi aprovada. Não estou dizendo que não havia a necessidade de uma reforma trabalhista no país, mas ela precisaria ter tido outras características totalmente opostas às que foram aprovadas. Tudo o que eventualmente servir para diminuir o estrago para o mundo do trabalho, ou seja, tudo que for feito no sentido de mitigar esse estrago, não deixa de ter importância, em particular quando pensamos na situação atual do mercado de trabalho.

Parece que o jogo está sendo jogado, mas não tenho muitas esperanças, porque esse foi o governo que aprovou uma reforma trabalhista atendendo exclusivamente aos interesses do setor patronal. Duvido que esse governo tenha disposição para que de alguma forma se diminua a contratação intermitente.

O senhor tem dito que a reforma trabalhista terá como uma das suas consequências o aumento das desigualdades. Que pontos da reforma sinalizam para isso?

A rigor o que a reforma fez foi incidir sobre três pontos: 1) sobre a questão da negociação, fragilizando os sindicatos; 2) sobre a questão da flexibilidade das jornadas, ou seja, aprofundando as múltiplas possibilidades de uso pelo empregador; e 3) sobre uma legalização e estímulo à multiplicação de formas de contratação. Todos esses elementos aumentam a desigualdade de renda e de acesso a direitos, e a flexibilidade aumenta a insegurança do trabalhador em ter o mínimo de controle e autonomia sobre a sua vida.

Então, quando se pensa no agregado, se percebe que a reforma trabalhista anuncia uma maior concentração de renda e uma menor autonomia sobre o tempo social do trabalhador. Esses são dois eixos nítidos que apontam na direção da desigualdade social. Poucos terão muita liberdade e acesso a rendas acrescidas e muitos não terão liberdade alguma de dispor sobre seu tempo social e perceberão sua renda diminuída. Evidentemente, esses são fatores de aprofundamento da desigualdade social.

O senhor faz alguma estimativa sobre as diferenças que vão existir entre os salários dos diferentes trabalhadores?

Não tenho dúvidas a respeito dos efeitos relativos à concentração de renda e à massa salarial no país. No entanto, é muito difícil fazer estimativas precisas a respeito de quanto a renda irá cair e quanto se concentrará. É possível imaginar cenários levando em consideração os dados. Se você avalia os dados do trabalho terceirizado e do trabalho contratado que ocorria até 2015, é possível perceber que o nível salarial do trabalhador terceirizado era 23% a menos do que o do trabalhador diretamente contratado. Isso nos indica um parâmetro, ou seja, o trabalhador terceirizado e submetido ao trabalho intermitente, provavelmente num período de tempo curto, perceberá seu salário cair em cerca de 20%.

Em relação à jornada de trabalho, é notório que a jornada do trabalhador terceirizado é maior do que a do trabalhador diretamente contratado. Consequentemente, o que se prevê é que a jornada de trabalho vá se dilatar para o trabalhador intermitente e para o terceirizado nessa situação em que se pode terceirizar todas as funções. Esses são os indícios que podemos perceber para antever um futuro sombrio para os trabalhadores no país.

Quais o senhor diria que são os perfis dos trabalhadores de hoje? O trabalhador de hoje mudou em relação ao trabalhador de três décadas atrás? Ele prefere trabalhar de um modo mais autônomo, flexível, ou num formato tradicional?

Do ponto de vista morfológico, a massa de trabalhadores que ingressou no mercado de trabalho na última década e meia mudou bastante. Comparando com os anos 1990, hoje há uma massa predominantemente feminina, muito mais jovem, concentrada na fatia dos 16 aos 30 anos, uma massa mais negra e mestiça e muito mais orientada para o setor de serviços. Ao mesmo tempo, é uma massa de trabalho que recebe salários menores do que aqueles que eram oferecidos nos anos 80 e 90. Então é um perfil bastante distinto do perfil dos anos 80 e 90, onde havia predominância da indústria na contratação.
Do ponto de vista da segurança do emprego, ainda que as taxas de rotatividade no Brasil sempre tenham sido altas, há um acréscimo de rotatividade a partir dos anos 2000. O tempo que um trabalhador fica numa empresa diminuiu se comparado aos anos 1980. Isso mostra que a insegurança também aumentou bastante. No agregado, quando se vai a campo conversar com os trabalhadores, o que me parece nítido é que eles desejam o que poderíamos chamar de um trabalho decente, ou seja, um trabalho com uma remuneração capaz de garantir a sua reprodução e da sua família, em condições protegidas, que não sejam insalubres, com acesso a direitos como férias e décimo terceiro, com mecanismos de financiamento da previdência social e aposentadoria, e um trabalho numa jornada que permita usufruir de um tempo livre com sua família e amigos, que tenha lazer e possa ter tempo para outras atividades.

É exatamente isso que não temos hoje; esse tipo de trabalho não percebemos no mercado brasileiro. O que se multiplicou foi o trabalho indecente, que avança sobre o tempo livre, com acréscimo da insegurança, que multiplicou o subemprego e a sub-remuneração, que não paga o mínimo para que as pessoas possam se manter, que afasta o trabalhador dos seus direitos, que impossibilita o acesso a férias e décimo terceiro. É uma informalidade mais degradada do que no passado, pois se organiza em torno de um aumento da competição entre trabalhadores que foram desempregados e que hoje encontram-se subempregados. É um mundo devastador para a utopia do trabalho.

No cenário de crise que se vive hoje no país, politicamente, como é possível enfrentar essa reforma?

É difícil prever. Não arriscaria nenhuma previsão com uma margem mínima de acerto. Tudo depende de uma combinação complexa entre solução progressista para o cenário eleitoral, que está nebuloso, uma mobilização dos trabalhadores, dos sindicatos e dos movimentos sociais, e uma solução para a crise econômica brasileira que está no horizonte. Consequentemente, é muito difícil prever o que vai acontecer em termos de reversão dessas tendências que verificamos até o momento. Parece-me que a reforma trabalhista bem como a terceirização e o trabalho intermitente são propostas que vieram para ficar. Não vejo, num horizonte de curto prazo, uma reversão muito drástica desse cenário.

Na próxima terça-feira (1º) se celebra o dia do trabalhador. Que tipo de reflexão o senhor está fazendo sobre essa data simbólica, na atual conjuntura?

O 1º de maio celebra a utopia do mundo do trabalho no mundo todo e em especial no Brasil, e essa utopia está associada ao acesso a emprego, salário, direitos, proteção trabalhista, ou seja, a uma vida decente por meio do trabalho. Tendo em vista esse parâmetro, não temos nada a celebrar do ponto de vista do trabalhador. O que se tem hoje é um ataque a essa utopia e ao polo protetivo, a desestruturação do tecido social que une os trabalhadores e os setores subalternos. O que temos é um desmonte desse horizonte, que mercantiliza o trabalho e destrói seu valor de uso. Não temos nada a celebrar do ano que passou.

 

FONTE: Rede Brasil Atual

Editorial do Jornal do Brasil publicado nesta quinta-feira (26), intitulado Santander, a espoliação consentida, faz duras críticas ao banco da espanhola Ana Botin. A publicação, que no dia anterior havia mostrado números fornecidos pela própria instituição financeira, afirma que o lucro apresentado é um escárnio para a economia do país, que permite e legaliza a agiotagem praticada por um oligopólio que cobra, legalmente, taxas de até 20% ao mês de quem produz e trabalha, em um país diante da falência da saúde, da segurança pública e da estagnação da economia.

O editorial desmente o argumento da alta inadimplência e dos altos impostos cobrados no Brasil para justificar os juros extorsivos – 14% ao mês –, já que a taxa de maus pagadores no Brasil é menor que na Espanha, assim como as alíquotas de impostos. E lá a taxa de juros é de  4% ao ano. 

E expõe indignação quanto a inércia dos brasileiros, que não reagem. “Se reagíssemos, a história seria outra, com certeza. Em qualquer parte do mundo onde se pratica o sistema capitalista, a população e as empresas já teriam deixado de pagar dívidas ao banco, forçando a paralisação de suas atividades, tendo, como lastro para uma “desobediência devedora”, o crime de lesa-pátria, praticado pelo Santander contra a economia popular e contra toda a nação brasileira”, destaca o editorial, que prossegue:  “Se o Congresso não nos defende da usurpação, temos certeza de que a Justiça acolheria o drama que vivemos, com a exploração dos três bancos que praticam agiotagem contra milhões de brasileiros e à economia nacional”. 

O editorial lembra ainda que o Banco Central lava as mãos, o Congresso, que poderia propor medidas, silencia, e que o Carf perdoou dívidas fiscais da ordem de R$ 40 bilhões, sendo o Itaú perdoado em R$ 25 bilhões no ano passado.

Os editores afirmam também que o “lucro criminoso” do banco espanhol não é competência exclusiva, e que, em reportagens futuras, mostrará que o Itaú e o Bradesco também atentam contra a economia nacional e o povo brasileiro. 

Clique aqui para ler a íntegra do editorial.

 

TEXTO/FONTE: Rede Brasil Atual

Neste 1º de maio, Dia do Trabalhador, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em conjunto com as maiores centrais sindicais do Brasil – CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT, CSB e Intersindical -, e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, participará de atos em diversas capitais do país para mostrar a resistência da classe trabalhadora contra os retrocessos impostos pelo governo. 
Em Curitiba, capital onde o ex-presidente Lula é mantido como preso político, desde 7 de abril, um grande ato unificado se destacará como o primeiro a ser realizado desde a redemocratização do Brasil e contará com a presença dos presidentes das centrais, representantes dos movimentos sociais e parlamentares. 
 A atividade contará com a presença de artistas, que se apresentarão a partir das 14h na Praça Santos Andrade (Praça da Democracia). Às 16h, haverá o ato político com a presença dos presidentes das centrais sindicais, representantes dos movimentos populares e parlamentares.
Além de solidariedade ao ex-presidente, os sindicalistas defenderão a liberdade de Lula e pautas comuns, de interesse da classe trabalhadora, como uma política econômica de geração de empregos e renda, seguridade e previdência social, o fim da lei do congelamento de gastos e a revogação da reforma Trabalhista.
Confira os atos no 1º de Maio já confirmados
Em São Paulo (SP), o ato unificado e as atrações artísticas ocorrerão na Praça da República, região central da cidade, a partir das 12h. Neste ano, o evento será realizado pela CUT, CTB, Intersindical e movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Entre as atrações confirmadas estão a banda Liniker e os Caramelows, que mescla black music e soul e é encabeçada pela cantora trans Liniker; o cantor Chico César; a rapper Preta Rara, a sambista Leci Brandão, o grupo Mistura Popular, a ala Unidos de Santa Bárbara, o compositor e intérprete de grandes escolas de samba, André Ricardo, e os cantores e intérpretes do carnaval em 2018 pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, Grazzi Brasil e Celsinho Mody. 
Interior paulista
Além da capital, ocorrerão atividades do 1º de maio em cidades do interior paulista. Em Osasco, a atividade contará com a tradicional corrida e caminhada dos trabalhadores e trabalhadoras, que terá início às 8h, em frente à sede da Prefeitura de Osasco, na Avenida Bussocaba, 300, no centro.
Na cidade de Campinas, os movimentos sindicais e sociais se concentrarão às 9h, no Largo do Pará, no centro. De lá, os manifestantes sairão em caminhada até a Catedral de Campinas, na Praça José Bonifácio, s/n, também na região central, onde ocorrerá ato unificado. 
Em Araraquara, apresentações culturais e ato político começam às 14h, na Praça Scalamandré Sobrinho, no bairro Vila Ferroviária.
Em Maceió (AL), o ato em defesa de direitos, democracia e Lula Livre será pela manhã, às 8h30, no Posto 7, na Jatiúca, com a participação da CUT, frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e as centrais sindicais CSP, Conlutas, Nova Central e CTB.
Em Macapá (AP), será realizada uma vigília com ato Público em Defesa da Democracia da Constituição e da Liberdade de Lula, às 9h, na sede da CUT, na Avenida Manoel da Nóbrega,537, no bairro Laguinho
Em Manaus (AM) o ato será a partir das 15h, na esquina da Sete de Setembro com Avenida Eduardo Ribeiro.
Na Bahia, o 1º de Maio Unificado será celebrado na capital, em Salvador, e diversas cidades do interior do estado. Na capital, o ato, que será na Barra, a partir das 13h, contará com uma série de serviços que serão oferecidos de forma gratuita para os trabalhadores e trabalhadoras, como retirada de carteira de trabalho, orientações jurídicas, atendimento à saúde da mulher, entre outras ações.
Interior Bahia
Em Feira de Santana, das 8h às 16h, será realizada uma missa em memória à vereadora Marielle Franco, seguido de ato por Lula Livre, com atrações musicais.
Em Santo Antônio de Jesus, a partir das 8h, terá caminhada nos bairros e palestra sobre a reforma Trabalhista, sindicalismo e o golpe de 2016.
Em Santo Estevão, às 9h, será celebrado um ato ecumênico. Já em Canavieiras, às 8h, está agendado um café da manhã com trabalhadores na nova sede do Sindicato.
Em Conceição de Feira, também na Bahia, a partir das 8h, uma missa campal seguida pelo ato Lula Livre marcará o Dia do Trabalhador.
Em Fortaleza (CE), o local de encontro dos trabalhadores e trabalhadoras será o  Centro Poliesportivo de Parangaba, na Avenida General Osório de Paiva, Bairro Parangaba, onde a partir das 15h começa o ato público que reunirá as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, CUT-CE, CTB-CE e Intersindical-CE.
No local, haverá ainda, às 9h, o Lançamento Estadual do Congresso do Povo - Pela Revogação das Medidas Conservadoras do Governo Temer! Em Defesa da Soberania Nacional! Contra o Fascismo.
Interior do Ceará
O 1º de Maio no Ceará também tem atividades confirmadas no interior cearense. Logo cedo, em Iracema, a Carreata dos Trabalhadores começa a concentrar às 7 horas, na Praça Casimiro Costa (Praça da Mangueira). Às 10 horas, tem início o 1º de Maio Unificado do Vale do Jaguaribe, no Posto Alternativo, em Tabuleiro do Norte. Em Caucaia, o 2º Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude encerra sua programação também no 1º de Maio.
No Distrito Federal, os trabalhadores e trabalhadoras se reunirão às 9h, no estacionamento entre a Funarte a Torre de TV. Haverá debate político com as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e CUT-DF, além de apresentações culturais e atividades para as crianças, com o samba da Tapera.
Em Vitória (ES), o ato do 1º de Maio da Resistência, em Defesa da Democracia, dos Direitos, dos Empregos e da Aposentadoria, e por Lula Livre, será na Praça Costa Pereira, das 9h às 13h. As atrações musicais são o Grupo “Só Sambando”e a “Bateria da Piedade”.
Em Goiânia (GO), a manifestação será na Praça Universitária. A abertura será às 14h, com a banda Sã Consciência, além de rodas de conversa, oficina, exibição de curtas-metragem, com curadoria de Benedito Ferreira. A programação traz ainda: às 15h - Diego Mascate; 16h - Mundhumano; 17h - Cocada Coral; 18h - Terra Cabula; 19h - Maíra Lemos.
Os atos começam já no dia 30 (segunda-feira) na capital Campo Grande (MS), com a Noite Cultural do Trabalhador, a partir das 18h, na Esplanada Ferroviária, sob a organização da Fetems, CUT-MS, UGT, Nova Central, CTB, Fórum dos Servidores Públicos Estaduais do MS e Simted's filiados a Fetems.
No dia 1º, o ato começa a partir das 7h, na Associação Colônia Paraguaia, R. Ana Luísa de Souza, 610, no Bairro Pioneiros.  O evento tem o apoio do mandato do deputado estadual Cabo Almi (PT), CUT-MS e Frente Brasil Popular - MS.
Das 8h às 13h haverá atos esportivos e políticos no Pagode dos Bancários, no Clube de Campo dos Bancários, localizado na Rua Caldas Aulete, no bairro Coopharádio. O evento é organizado pelo SEEB-CG.
11h – organizado pelo PC do B haverá a “Feijoada do Trabalhador”, no Bar da Valu, a partir das 11h.
Já a manifestação por Lula Inocente, em Campo Grande, será às 17h do dia 1º, na esquina da Afonso Pena com 14 de Julho. O evento tem o apoio da CUT, Fetems, UGT, Nova Central, CTB, Fórum dos Servidores de MS, Simteds, além de sindicatos e federações filiados a CUT.
Outras cidades do Mato Grosso do Sul 
Corumbá (MS) – Ato Internacional do Dia do Trabalhador, na Fronteira Brasil-Bolívia, a partir das 9h30, organizado pela CUT-MS e Central Obrera Boliviana. 
Dourados (MS) – Ato Unificado dos Trabalhadores, às 16h, no Parque Rego D'água Jardim Água Boa, organizado pelo Comitê de Defesa Popular/Bancários Dourados/Simted.
Na capital de Minas Gerais (BH), a celebração do 1° de Maio será das 8h às 11h, na Escola Municipal Pedro Guerra, na Rua João Ferreira da Silva, 230. Já em Contagem haverá uma manifestação na Praça da Cemig, Cidade Industrial, seguida da 42ª Missa do Trabalhador, a partir das 7h30.
No Pará, haverá atos no 1º de Maio na capital, Belém, às 9h, na Praça da República e nas cidades de Abaeté, Altamira, Barcarena, Cametá e Igarapé Miri.
Em João Pessoa (PB), a manifestação pelo Dia do Trabalhador será antecipada. Nesta sexta-feira (27), às 7h, será realizado um café da manhã dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, na Fetag. Às 10h – haverá uma caminhada até a Superintendência Regional do Trabalho, em frente ao Pavilhão do Chá. Às 10h30 – ocorre o Ato Público por “Mais Direitos, Democracia e Lula Livre”, em frente à Superintendência Regional do Trabalho.
No Rio de Janeiro, a concentração está marcada na Praça XV (próximo à Rua do Mercado) às 14h. Haverá um esquete com o grupo Emergência Teatral. Em seguida começa a batucada com o Bloco da Democracia e caminhada pelo Boulevard Olímpico até a Praça Mauá.
No Recife (PE), a manifestação será a partir das 8h30, na Praça do Derby.
Em Porto Alegre (RS) a manifestação será no Parque da Redenção, às 10h Apresentação de Nei Lisboa, Raul Ellwanger, Grupo Unamérica e outros artistas.

Fonte: Contraf-CUT

Reunidos no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, no último dia 19, os bancários do BMB, Bradesco, Itaú e Santander discutiram os assuntos que serão encaminhados aos encontros nacionais que serão realizados em junho.

A mesa de abertura do encontro foi composta pela presidenta recém-reeleita do sindicato anfitrião, Adriana Nalesso, pelo recém-eleito vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, pelo presidente da Fetraf-RJ/ES, Nilton Damião Esperança, o secretário de Bancos Privados da Fetraf-RJ/ES, Euclides Neto e a secretária de Formação da CUT-RJ, Renata Soeiro.

Durante a abertura do encontro foi feito um minuto de silêncio em memória do economista Paul Singer, do primeiro presidente da Fetraf-RJ/ES, Luiz Viegas, e ao motorista Anderson Gomes. A proposta de homenagear a vereadora Marielle Franco com silêncio foi substituída por uma salva de palmas, conforme a própria sempre preferiu.

Os representantes do BMB informam que não houve demissões no período na base estadual, exceto daqueles funcionários que aderiram ao PDV. Problemas relativos ao plano de saúde também não preocupam mais desde que o banco retornou ao plano antigo. Quanto à PLR, permanece a dificuldade dos empregados de saber o que esperar, já que o banco vem alegando que não apresenta lucro. Para os empregados do BMB é importante, entretanto, que continuem acontecendo encontros nacionais para discussão de questões específicas, apesar das dificuldades.

Os funcionários do Bradesco expressaram preocupação com notícia veiculada na imprensa de que o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, teria anunciado o fechamento de 200 agências em todo o país ao longo do ano. Como se não bastassem as demissões que já estão preocupando o movimento sindical, há receio de que as dispensas aumentem com o encerramento de unidades. Mas os problemas já em andamento também ocuparam boa parte do encontro. Uma das queixas é o uso do celular pessoal do funcionário para funcionamento do token que dá acesso ao sistema. Outro problema é a cobrança por ligações para que o funcionário atenda à chamada “conformidade”. Além do assédio das cobranças, os funcionários muitas vezes encontram dificuldades para cumprir sua meta de ligações em função do cadastro desatualizado. As transferências de local de trabalho têm sido feitas de forma abrupta, com notificação na véspera da mudança, o que provoca transtornos aos empregados. Há também muitas questões relativas ao INSS, como o cancelamento das aposentadorias por invalidez, a inclusão dos afastados em programas de readaptação antes da realização da perícia e as dificuldades de reconhecimento de acidente de trabalho, com concessão errônea do benefício de auxílio doença. Ficou acertado que os representantes da base enviarão ao Encontro Nacional uma proposta de calendário de lutas para protestar contra estas e outras situações que vêm criando problemas para os empregados.

As discussões do Itaú passaram por temas variados. As cláusulas 65 e 29 da CCT, que tratam sobre os empregados afastados, receberam muita atenção. Mas a realocação dos empregados oriundos do Citi tomou boa parte do encontro, já que há uma concentração de vagas em São Paulo. A preocupação maior é com os 80 funcionários do call center CitiFone, que fica em Salvador, cidade que não tem agências suficientes para absorver este excedente.

As demissões no período foram pontuais e o saldo de postos de trabalho é positivo, mas a notícia não é completamente boa. Os salários dos novos contratados são bem menores que os dos antigos empregados e a distribuição das vagas também não é satisfatória. Ficou acertado que será encaminhado ao Dieese o pedido de um estudo para levantar a concentração de bancários por agência outro levantamento será do número de licenciados, para verificar se o banco está adoecendo os empregados. A Fundação Itaú também esteve em pauta, com a reivindicação de que todos os empregados do grupo que não tenham fundo de seu banco de origem tenham acesso ao fundo de pensão, inclusive os novos contratados, com o mesmo padrão para todo o corpo funcional.

Uma das principais preocupações dos funcionários do Santander é a decisão tomada unilateralmente pelo banco de fazer as homologações das demissões nas agências e não nos sindicatos, como era obrigatório antes da mudança na legislação trabalhista. “Estamos perdendo o controle das demissões”, alerta Paulo Garcez, representante da Fetraf-RJ/ES na COE. Com as homologações sendo feitas sem a participação dos sindicatos, os cálculos não são conferidos e não podem ser feitas ressalvas que eram usadas a favor do empregado dispensado em caso de abertura de processo trabalhista. “Precisamos discutir com os sindicatos as ações que serão tomadas para que os sindicatos voltem a participar das homologações”, adianta o dirigente. Outra questão apontada foi a insistência do banco em enviar mensagens para grupos de WhatsApp mesmo em sábados, domingos e feriados. As demais propostas, com vistas à construção do Acordo Aditivo do Banco, serão organizadas após reunião específica para este fim, que aconteceu no último dia 25.

 

Nenhum direito a menos

Em mais de um grupo de trabalho surgiu a indignação com a medida adotada pelo INSS de suspender as aposentadorias por invalidez. Os trabalhadores são sumariamente demitidos, muitas vezes enfrentando desemprego após o cancelamento. Para todos os presentes ficou claro que se trata de mais um ataque aos direitos previdenciários dos trabalhadores. Uma decisão comum foi encaminhar a proposta de consultar a assessoria jurídica da Contraf-CUT para elaborar um plano de ação nacional para enfrentar o problema.

Para além das questões específicas, ficou evidente a preocupação dos bancários com a reforma trabalhista do governo ilegítimo. “Neste momento é importante salientar que a categoria bancária precisa estar unida e ciente do seu papel na luta para manter a nossa CCT e ampliar as conquistas. O movimento tem a importante tarefa de lutar pela retomada da democracia”, avaliou Euclides Neto, diretor para Bancos Privados da Fetraf-RJ/ES e coordenador dos encontros.

O presidente da Fetraf-RJ/ES, Nilton Damião Esperança, se mostrou satisfeito com o resultado do evento. “Foi um encontro de muita qualidade. Todos os participantes tiveram oportunidade de expor os problemas de sua base, e de discutir e apresentar propostas que serão levadas para os encontros nacionais. Com certeza participaremos e apresentaremos proposições que beneficiarão a toda a categoria”, avaliou Nilton. “Quero destacar também o belo trabalho de organização e condução nos debates, realizado por nosso secretário de bancos privados,” acrescentou o sindicalista.

Cerca de 150 bancários e bancárias participaram do encontro, vindos das bases de Angra dos Reis, Baixada Fluminense, Campos, Nova Friburgo, Niterói, Petrópolis, Rio de Janeiro, Sul Fluminense, Teresópolis e Três Rios.

Fonte: Seeb RJ

A taxa de desemprego subiu de 11,8%, em dezembro, para 13,1% no trimestre encerrado em março, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. O percentual corresponde a 13,689 milhões de desempregados no país, 1,379 milhão a mais em três meses. Na comparação com março do ano passado, a taxa é menor (13,7% em 2017) e o mercado abriu 1,6 milhão de vagas. Mas, como vem se tornando constante, todas essas vagas são informais e referem-se, principalmente, a empregados no setor privado sem carteira assinada ou a trabalhadores por conta própria.

Em parte, crescimento de desemprego no primeiro trimestre é normal, por efeito sazonal, como a dispensa de trabalhadores contratados por tempo determinado. "Mas não podemos responsabilizar só a sazonalidade. Tem a perda decorrente do enfraquecimento da economia também", disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

De dezembro para março, 149 mil pessoas deixaram a força de trabalho (-0,1%) e o mercado fechou 1,528 milhão de vagas, resultando na diferença de 1,379 milhão de desempregados a mais. No período de 12 meses, 1,147 milhão entraram no mercado, que criou 1,634 milhão de postos de trabalho, o que fez diminuir em 487 mil (-3,4%) o total de desempregados.

Mas, ainda na comparação com março de 2017, foram perdidas 493 mil ocupações de empregados no setor privado com carteira assinada (-1,5%), enquanto o número de empregados sem carteira cresceu em 533 mil (5,2%) e o de trabalhadores por conta própria, em 839 mil (3,8%). Os empregados com com carteira eram 37,6% do total, agora são 36,3%. No mesmo período, os sem carteira passaram de 11,4% para 11,8% e os autônomos, de 24,9% para 25,3%.

Entre os setores, a indústria eliminou 327 mil vagas no primeiro trimestre, a construção fechou 389 mil e o comércio/reparação de veículos, 396 mil. Também foram fechados postos de trabalho nos serviços domésticos (196 mil) e em administração pública/defesa/seguridade/saúde/educação (267 mil). 

Em um ano, a indústria cresce 2%, com acréscimo de 232 mil vagas e a construção cai 4,1%, fechando 280 mil. Comércio/reparação de veículos tem variação de 1,5% (261 mil a mais), enquanto os serviços de alojamento e alimentação criam 283 mil ocupações (5,7%). Também cresce o setor que inclui a administração pública (3,1%), com 467 mil vagas.

Estimado em R$ 2.169, o rendimento médio dos ocupados não tem variação no trimestre e nem na comparação anual. Cai 4,1% entre os empregados sem carteira e também fica estacionado entre os trabalhadores por conta própria.

 

FONTE: Rede Brasil Atual

O Comando Nacional dos Bancários se reuniu, na sede da Contraf-CUT, na tarde desta quinta-feira (26) para discutir estratégias da Campanha Nacional dos Bancários 2018. A defesa da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) foi o tópico principal do debate.

De acordo com a presidenta da Contraf-CUT e coordenadora do Comando Nacional, Juvandia Moreira, é preciso defender a renovação do acordo coletivo e para isso a unidade é fundamental. “Precisamos considerar a conjuntura. Estamos num cenário difícil e temos que discutir como nos organizar e fazer a articulação para sairmos vitoriosos. É necessário defender a CCT, fazer campanhas, mostrar a história e conscientizar a população que tudo o que conquistamos é resultado de luta. É muito importante permanecermos unidos e reforçar a mobilização contra a efetivação da Reforma Trabalhista”, afirmou.

A implementação da Reforma Trabalhista liberou as instituições bancárias para realizarem a demissão em massa. Prova disso, foi a abertura de Programas de Demissão Voluntaria (PDV) pela Caixa, pelo Banco do Brasil e Bradesco.  “Os bancos estão reduzindo o número de funcionários e pressionando cada vez mais os trabalhadores, desrespeitado a Convenção Coletiva. Por isso é muito importante fortalecermos o nosso diálogo com a base, fazer a consulta, conscientizar sobre o golpe contra os trabalhadores e a retirada dos direitos”, explicou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.

Mídia da Campanha Nacional dos Bancários 2018

A secretaria de Comunicação da Contraf-CUT apresentou uma proposta de mídia para a Campanha Nacional dos Bancários 2018 e o Comando Nacional irá avaliar na próxima reunião.

Fonte: Contraf-CUT

O número de acordos e convenções trabalhistas entre empresários e trabalhadores caiu entre 2017 e 2018. Entre fevereiro de 2017 e igual mês deste ano, os acordos coletivos entre um único sindicato e uma empresa caíram 24%. Já o número de convenções coletivas que envolvem sindicatos de trabalhadores e patronais teve redução de 44%.

Os dados são da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), baseados em informações do Ministério do Trabalho. Para economistas, os trabalhadores rejeitam propostas que trazem redução de direitos impostos pela reforma trabalhista do governo Temer.

"Os empregadores apresentam as pautas propondo a introdução de mecanismos novos para flexibilizar ou alterar a forma de contrato, mas os sindicatos não querem aceitar esse tipo de mudança que prejudica os trabalhadores. Isso tem dificultado mais as negociações coletivas e passam a ter processos de negociação mais longos", afirma o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, ao repórter Leandro Chaves, da TVT.

A contrapartida fica por conta da inflação, para quem está empregado a situação é mais favorável e quase 90% das negociações no primeiro trimestre tiveram ganhos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) que foi de 1,9%. Os quase 800 reajustes fechados no período tiveram ganho real de 0,9%.

Para o Dieese. os números passam uma falsa sensação de ganho. “Uma inflação menor para quem tem salário significa que o salário teve uma menor perda. O que é importante também observar é que essa inflação extremamente baixa para o padrão brasileiro é decorrente de uma grave crise, que gera mais de 13 milhões de desempregados e outro contingente de pessoas subocupadas. Empregadores repõem a inflação, até dão algum tipo de ganho real, mas continuam pressionando para que a convenção aceite uma redução de direitos", diz Clemente.

 

FONTE: Rede Brasil Atual

Sem planejamento e nem modelo de política de segurança, sem metas a serem atingidas e sem transparência nos gastos, os resultados da intervenção federal no Rio de Janeiro, nos últimos dois meses, não são nada animadores. Os índices de violência não só não caíram, como os números de casos de tiroteios vem subindo, assim como também aumentaram os casos de chacinas. É o que aponta o primeiro relatório do Observatório da Intervenção, chamado À Deriva: Sem programa, sem resultado, sem rumo, divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam). 

Em parceria com o DefeZap, Fogo Cruzado e OTT-RJ (aplicativos que fazem o mapeamento dos incidentes de violência), e também a partir da pesquisa em jornais impressos e online, e em mais de 200 páginas e perfis de redes sociais, o Observatório monitorou 70 operações, realizadas pelas forças de segurança entre 16 de fevereiro e 16 de abril, que empregaram mais de 40 mil homens, deixaram 25 mortos e apreenderam 140 armas, sendo 42 fuzis. 

Nesse mesmo período, foram registrados 1.502 tiroteios em todo o estado do Rio. Nos dois meses anteriores à intervenção, foram 1.299. Nesses dois meses, 52 pessoas foram mortas em 12 chacinas, algumas delas cometidas pelos próprios policiais. No mesmo período, em 2017, foram seis casos com múltiplas vítimas, que somaram 27 mortos.

Uma das chacinas fez oito mortos na favela da Rocinha, na madrugada de 24 de março. O caso, cometido por policiais do Batalhão de Choque, ocorreu dois dias após a morte de um PM na comunidade. "Aparentemente foi uma operação autorizada, não só pelo comando da PM, mas pelo comando da intervenção", afirma a coordenadora do Observatório da Intervenção, Silvia Ramos.

Para além dessas operações, o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio diz que, nos meses de fevereiro e março, o estado registrou 940 homicídios. Desses, 209 foram cometidos pelas forças policiais, que também registraram 19 baixas na tropa.

Novos problemas

Frente a todos esses dados, Silvia, que também é cientista social, diz que a intervenção "não veio solucionar os problemas existentes e criou novos", como, por exemplo, o impacto da interferência dos militares na cena política – ilustrado pelo tuíte do comandante do Exército para pressionar votação no STF – e do reforço ao discurso de que os problemas de segurança se resolvem com estratégias de guerra. 

Durante a apresentação do relatório, Silvia ressaltou que a intervenção foi motivada muito mais por questões políticas, do que propriamente de segurança. "No carnaval, o que aconteceu foi que o governo federal não ia conseguir aprovar a reforma da Previdência. Por uma questão política, resolveu fazer esse decreto que tem muito mais a ver com a agenda do Planalto que com a realidade do Rio de Janeiro."

Passados dois meses, todos os indicadores de crimes contra a vida e o patrimônio se mantiveram nos patamares alarmantes do carnaval, segundo dados do relatório. Ela diz que o estado do Rio de Janeiro já experimentou momentos mais agudos de criminalidade, como no fim dos anos 1990 e em 2002, quando as taxas de homicídio eram muito maiores do que as atuais, com maior número de conflitos entre facções criminosas. 

A onda de saques no Espírito Santo, após paralisações de policiais militares, em 2017, as reincidentes mortes em motins em presídios em estados do Nordeste e os ataques do PCC em São Paulo, em 2006, também foram lembrados como situações mais graves do que a realidade do Carnaval carioca, que serviu de pretexto e estopim para a intervenção. 

Ela destacou ainda que as graves ocorrências, como os tiroteios e chacinas – bem como os outros crimes –, são distribuídas de maneira desigual pela cidade, com concentrações muito maiores na Baixada Fluminense do que na orla da zona sul do Rio, ou até mesmo que nas favelas da capital.

 

FONTE: Rede Brasil Atual

Mesmo com um lucro de R$ 5,102 bilhões no 1º trimestre de 2018, que representa aumento de 9,8%, em relação ao mesmo período de 2017, e de 4,9%, na comparação com dezembro de 2017, o Bradesco cortou 9.051 postos de trabalho. O Banco encerrou o 1º trimestre de 2018 com 97.593 empregados. A redução se deve ao Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE) que, de acordo com o banco, teve 7,4 mil adesões. No período, ainda, foram fechadas 414 agências e 63 postos de atendimento (PA).

“O Bradesco continua a mostrar sua falta de responsabilidade social. Não há explicação para o banco que acumula lucros tão exorbitantes fechar tantos postos de trabalho, agências e postos de atendimento. Este é o momento de cobrarmos mais contratações, para melhorar as condições de trabalho dos bancários e o atendimento aos clientes”, afirmou Gheorge Vitti, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados da COE Bradesco.

Clique aqui para ver os destaques do Dieese.

O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 18,6%, com aumento de 0,6 p.p. em doze meses. Segundo o Banco, o lucro líquido recorrente do período foi impulsionado pela boa performance das receitas de prestação de serviços em 12 meses, e das despesas operacionais (pessoal e administrativas); assim como pela redução nas despesas com PDD, que também impactaram o resultado operacional.

A Carteira de Crédito do banco apresentou queda de 3,2% em doze meses e atingiu R$ 486,6 bilhões. No trimestre a queda foi de 1,3%. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 3,5% em relação a março de 2017, chegando a R$ 177,8 bilhões. Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 308,8 bilhões, com queda de 6,7% em doze meses. Os produtos que apresentaram maior destaque para PF foram o crédito pessoal consignado (alta de 13,4%) e o CDC/Leasing Veículos (cresceu 10,0%). O imobiliário apresentou crescimento de 5,5% no período. Para PJ, a principal queda ocorreu na conta de Grandes Empresas (-7,5%), nas operações com micro, pequenas e médias empresas, a queda foi de 4,7%.  O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou redução de 0,3 p.p em doze meses, ficando em 4,4%. As despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) foram reduzidas em 44,7%, totalizando R$ 4,6 bilhões.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 4,3% em doze meses, totalizando R$ 6,0 bilhões. Já as despesas de pessoal ficaram praticamente estáveis em doze meses, num total próximo a R$ 4,9 bilhões. A cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco, no período, foi de 123,7%.

Fonte: Contraf-CUT