Maio 03, 2025
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reajuste de 4,31% obtido pela categoria bancária injetará R$ 10,549 bilhões na economia entre 1 de setembro de 2019 a 31 de agosto de 2020, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Agora em setembro, apenas com a antecipação da primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) serão injetados R$ 3,488 bi na economia. Os valores foram pagos pelo Banco do Brasil no dia 30 de agosto, pela Caixa Econômica Federal no dia 3 de setembro, que deve ser paga pelo Itaú, Bradesco e demais bancos até o dia 20 de setembro, exceto o Santander, que não conseguirá cumprir esse prazo devido a dificuldades internas do banco.

Em 2018, o reajuste da categoria foi de 5% e, segundo o Dieese, o impacto da campanha nacional chegou a de R$ 9,922 bilhões.

Contraf-CUT

As tradicionais feijoadas mensais que acontecem em nossa Sede de Duque de Caxias e em nossa SubSede de Nova Iguaçu, já tem datas definidas no mês de Setembro.

Confira as datas:

Dia 20/09 - SubSede de Nova Iguaçu
Dia 26/09 - Sede de Duque de Caxias

Esperamos todas as bancárias e bancários para mais dois eventos imperdíveis e deliciosos.
Até lá!

Neste início do século 21, o salto produzido pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) veio acompanhado por novos modelos de negócios que desorganizaram o padrão regulatório da competição intercapitalista e intramundo do trabalho. Pela perspectiva teórica denominada por economia sob demanda (GIG economy) [1] fundamentou-se a estrutura de funcionamento desregulada de negócios, cujos empreendimentos operam no universo do trabalho dos serviços ditos autônomos e pontuais, que isentos de qualquer vínculo empregatício desarticulam a sociedade salarial.

Inicialmente a economia GIG foi tratada como forma de trabalho do futuro, pois se trataria de oportunidade para complementação da renda, experimentação descompromissada de labor e opção de atividade avulsa (“bico”), que sem ser profissão, nada a ser regulada. Todavia, com todo o avanço do processo de digitalização e da automação dos postos de trabalho, a economia GIG se generalizou, tornando o ganha pão de parcelas crescentes de trabalhadores.

Nos Estados Unidos, por exemplo, mais da metade dos ocupados fazem algum tipo de “bico”, muitos deles associados ao modelo de negócios desregulados das TIC’s. Após a sua recorrente glorificação como trabalho moderno, a economia GIG passou a ser identificada à generalização da ocupação precária, alternativo ao emprego com vínculos de proteção e promotor das condições degradadas de vida.

Diante dos lucros extraordinariamente acumulados pela prática dos modelos de negócios desregulados, o uso recorrente das TIC’s se transformou num dos ramos da economia de exploração a exigir algum tipo de regulação pública. Nesse sentido que poderes legislativo e judiciário de países capitalistas avançados começaram a ensaiar formas de intervenção pelas quais o regramento do funcionamento da economia GIG passaria a existir.

Na Alemanha, por exemplo, o modelo de negócios do Facebook da coleta gratuita de informações por redes sociais e a monetização nos formatos tanto comercial dos anúncios em plataformas como eleitoral do direcionamento da propaganda política foi questionado pelo órgão nacional de regulação antitruste (Bundeskartellamt). Com isso, os procedimentos da coleta de dados e de sua transformação em serviços monetizados por terceiros praticados pelo Facebook (WhatsApp e Instagram) e outros proprietários (Spotify, Netflix etc.) devem se direcionar aos modelos de negócios regulados, como qualquer outro.

Nos Estados Unidos, justamente no estado da Califórnia onde reside o principal centro tecnológico do mundo (Vale do Silício) que difundiu o salto das TIC, aconteceu importante novidade regulatória estabelecida pelo parlamento que altera o modelo de negócios da economia GIG. Pela regulação proposta, as ocupações de prestadores dos serviços em plataformas digitais sob demanda dos aplicativos são incorporadas ao enquadramento regulatório da sociedade salarial, pois geradoras de vínculos empregatícios e demandantes de direitos sociais e trabalhistas.

Para tanto, o critério adotado para definir se a ocupação exercida é de natureza autônoma ou subordinada, dependente do vínculo de emprego, deve contemplar a compreensão sobre o meio final do serviço de quem o contratou e a quem seria a responsabilidade da qualidade do trabalho realizado. Isso porque a difusão dos modelos desregulados de negócios tanto do Facebook, Netflix, Spotify como da Uber, Cabify, 99, Lyft, Postmates, Amazon, Airbnb, Blablacar e outros, por exemplo, tendem a combinar a economia tecnologicamente avançada com o aprofundamento da exploração do trabalho precarizado.

Ao contrário dos países de capitalismo avançado, o Brasil passa por reformas governamentais que destroem os direitos sociais e trabalhistas. Assim, ao invés de proteger trabalhadores da viração pela sobrevivência, incorporando-os ao padrão de regulação pública existente, passa a destruí-lo, rebaixando ainda mais o padrão de emprego formal ao nível do praticado pela informalidade, o que eleva generalizadamente o grau da exploração econômica.

[1] Economia GIC se refere aos trabalhadores que sem emprego fixo, praticam diversas atividades na forma de “bicos” para ganhar a vida, conforme vocabulário tradicional dos músicos com a experiência do exercício de diversas apresentações em distintos lugares para sobreviver.

Marcio Pochmann é professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, ambos da Universidade Estadual de Campinas.

Fonte: Rede Brasil Atual

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e demais entidades que participam da mesa de negociações com o Banco do Brasil e com a Caixa de Assistência dos Funcionários (Cassi) enviaram uma proposta para que o banco prorrogue o “Memorando de Intenções” que garante os recursos adicionais para a Cassi até dezembro de 2022.

“Cientes de que o atual momento da Cassi exige a comunhão de esforços, contamos com a contribuição do Banco do Brasil S/A para a construção de uma solução para o saneamento da sua dificuldade financeira, como também a reabertura da mesa de negociação com as Entidades”, diz o ofício.

“Queremos construir uma proposta de consenso para assegurar a sustentabilidade da Cassi e a manutenção dos serviços prestados aos participantes do Plano de Associados. Por isso, solicitamos a reabertura do diálogo com o banco”, afirmou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.

“É possível construir uma proposta de consenso. Já construímos uma que foi aceita pela maioria dos associados e somente não foi aprovada devido à falta de quórum. Mas, para isso, precisamos de um prazo maior do que o concedido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)”, completou Fukunaga.

A proposta

A proposta enviada pelas entidades ao Banco do Brasil trata sobre cinco temas: 1) governança, gestão e operacionalização da Cassi; 2) contribuição temporária dos participantes do plano de associados; 3) ressarcimento temporário e extraordinário de despesas pelo banco; prestação de contas, continuidade da contribuição, ressarcimento extraordinário e 5) disposições gerais.

“Queremos, com essa proposta, evitar medidas tomadas por um órgão externo, que não tem acúmulo de debate sobre a Cassi, ou a judicialização do tema, o que pode gerar ainda mais prejuízos para todos os interessados”, disse o coordenador da CEBB.

Fonte: Contraf-CUT

Os bancários do Itaú receberão a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e a Programa Complementar de Resultados (CPR) no próximo dia 20 de setembro.

A primeira parcela da PLR 2019 é composta de regra básica e parcela adicional. A regra básica corresponde a 54% do salário mais valor fixo de R$ 1.474,42 (reajustado em 4,31%), limitado ao valor individual de R$ 7.916,81 ou a 12,8% do lucro líquido do banco apurado no 1º semestre de 2019, o que ocorrer primeiro.

A parcela adicional é a divisão linear de 2,2% do lucro líquido do 1º semestre de 2019, com limite individual de R$ 2.457,36 (reajustado em 4,31%).

PCR

O PCR é uma conquista dos bancários do Itaú, em negociação iniciada em 2003, e é resultado do acordo bianual específico para a verba, reajustado pelo índice conquistado na Campanha Nacional 2018. Neste ano, o valor pago será de R$ 2.900,00.

“A PCR é uma conquista muito importante dos funcionários do Itaú. Todos os anos buscamos melhorar a verba, em cima do lucro do banco, que cresce, graças ao esforço dos trabalhadores”, afirmou Jair Alves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú.

Fonte: Contraf-CUT

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (6) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de agosto, que regula o reajuste da categoria bancária.

Em agosto, o índice ficou em 0,12%. O acumulado em 12 meses ficou em 3,28%. Com isso, já contando o aumento real de 1%, definido na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), os bancários terão reajuste de 4,31% nos salários, PLR e todas as demais verbas definidas pela convenção da categoria.

“A conjuntura não está favorável à classe trabalhadora. Todos os dias vemos notícias de corte nos nossos direitos. Graças à nossa unidade nacional, somos uma das poucas categorias que terá aumento real neste ano”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “No setor público, os bancários serão os únicos que terão aumento acima da inflação”, completou.

A presidenta da Contraf-CUT ressaltou ainda importância da unidade da categoria para a manutenção dos direitos. “Nossa organização e articulação nos garantiu a possibilidade de fazermos um acordo para manter nossos direitos até 2020. Mas, temos que continuar unidos para defendê-los”, disse.

Novos valores

Com o reajuste, os novos pisos de caixa e tesoureiro após a experiência sobem para R$ 3.244,55. O valor do vale-refeição passa a ser R$ 36,69/dia e o vale-alimentação de R$ 636,18/mês.

Confira na tabela abaixo os novos valores previstos nas cláusulas econômicas da CCT da categoria.

Impacto econômico da campanha

Em 2018, o reajuste de 5% nos salários da categoria bancária representou um acréscimo anual de cerca de R$ 2,5 bilhões na economia. Só de PLR, a injeção na economia foi de cerca de R$ 7,036 bilhões em 12 meses. Os auxílios alimentação e refeição da categoria bancária terá um impacto adicional de R$ 384 milhões no ano. Somando o reajuste nos salários, vales e a PLR total, o impacto da campanha salarial dos bancários 2018 foi de cerca de R$ 9,922 bilhões.

Fonte: Contraf-CUT

 

Apesar das mudanças promovidas pela Câmara e Senado no texto original apresentado pelo governo Bolsonaro na chamada “reforma da Previdência, a proposta ainda é “muito lesiva” para os trabalhadores em geral, segundo a economista e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, Maria Lucia Fattorelli. Em vez de tirar cerca de R$ 1 trilhão dos mais pobres – manobra que o governo chama de “economia”–, transferindo esses recurso para o mercado financeiro, bastaria instituir a cobrança de impostos sobre grandes fortunas e também sobre a distribuição de lucros das empresas.

“Se precisamos de R$ 1 trilhão a mais no Orçamento, porque não cobramos tributos, como imposto sobre as grandes fortunas e acabamos com a isenção (tributária) abusiva e absurda da distribuição de lucros? Só essas duas propostas gerariam em dez anos receitas de R$ 1,25 trilhão, ou seja, R$ 250 milhões a mais que esse projeto de destruição da Previdência, que se cobraria dos ricos, e não dos pobres”, questiona ela, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual desta sexta-feira (6).

Para a economista, a crise fiscal usada pelo governo e pela mídia tradicional para justificar a necessidade de ajustar as contas públicas foi artificialmente criada pelas políticas monetárias adotadas pelo Banco Central (BC) nos últimos anos. “O que tivemos foi uma redução das receitas em decorrência dessa crise fabricada. Esse cenário foi produzido para justificar o cenário de desmonte. O que se quer não é economizar. É tirar quase R$ 1 trilhão das mãos das pessoas. Quando Guedes fala em economizar, está tirando um R$ trilhão das pessoas que recebem aposentadorias, pensões e os demais benefícios da Seguridade Social.”

Maria Lucia destaca estudo elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostra que, entre as décadas de 1970 e 1990, foram desviados para outras finalidades cerca de R$ 1,6 trilhão de recursos da Previdência Social.

Segundo ela, a “reforma”, que agora tramita no Senado, retira direitos garantidos na Constituição Federal, que prevê a busca pelo desenvolvimento socioeconômico inclusivo, que garanta vida digna a todos os brasileiros. “O que está valendo nesse país é a vontade do mercado financeiro, que usa o BC para fazer as políticas do seu interesse, transformando o Brasil no país do rentismo, que joga as empresas na falência e o povo no desemprego, na informalidade e na miséria. É preciso que a população brasileira acorde.”

Saída

Segundo a economista da Auditoria Cidadã, a verdadeira reforma que o Brasil precisa é a que acabe com a regressividade do nosso modelo tributário, que vai pesar mais os impostos para quem ganha menos, enquanto praticamente isenta as camadas mais ricas das população. “O Itaú, por exemplo, tem lucro absurdo de dezenas de bilhões de reais todos os anos. Os sócios que recebem esses bilhões são isentos não pagam nada de tributação. Não pagam contribuição social para a Previdência, – como pagam os trabalhadores – não pagam imposto de renda, como pagam aqueles que ganham acima de R$ 2 mil. Por isso que a concentração de renda no Brasil é essa indecência, a maior do planeta, a distância mais cruel entre ricos e pobres.”

“Reforma” tributária

Outra mudança que deve afetar o sistema de Seguridade Social é a proposta de “reforma” do sistema tributário. Vendida como uma ideia que vai “simplificar” os impostos no país, o projeto, em discussão no Congresso Nacional, vai desvincular recursos, pois pretende transformar as contribuições – como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) – em imposto. “Quando se muda a natureza do tributo, deixando de ser contribuição e passando a ser imposto, muda-se a destinação dessa arrecadação. Enquanto é contribuição, a destinação é constitucionalmente vinculada, por causa da natureza do tributo. Quando passa a ser imposto, o produto da arrecadação cai num caixa único das contas do governo, com vinculação proibida pela Constituição”, explica.

Fonte: Rede Brasil Atual

 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) disponibiliza em seu site a primeira edição do Jornal Nossa Luta É. Pensado pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, a publicação visa dar subsídios para os dirigentes sindicais trabalharem juntos aos empregados de suas bases.

Dionísio Reis, coordenador da CCE/Caixa, explica que serão quatro fascículos divididos pelas principais resoluções tiradas durante o 35º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), realizado em São Paulo, entre os dias 1 e 2 de agosto. “Nesta primeira edição, destacamos a importância do acordo de dois anos, que nos garantiu o pagamento da PLR e aumento real de 1%. Contamos também um pouco do que foi definido no Conecef. Nos próximos, faremos uma abordagem mais específica em cada assunto.”

O Jornal Nossa Luta é pode ser lido na seção Publicações do site e baixado, nas versões gráfica e Birô, na área de acesso restrito.

Fonte: Contraf-CUT

A atual gestão da Caixa Econômica Federal não cansa de surpreender negativamente os empregados. A novidade desta quinta-feira foi o fechamento, sem anúncio prévio, de três superintendências regionais:  a BH Norte, a SR Ipiranga e a SR Pinheiros.
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“São três superintendências em grandes centros, que fazem a concorrência dos bancos privados. Ou seja, fragiliza a Caixa, quando uma das principais funções do banco público é regular o mercado de crédito, através de concorrência. Sem este papel, vai permitir que os bancos privados encareçam o crédito, de qualquer forma”, disse Dionísio Reis, coordenador do Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa. “Ainda pior é o fato da decisão ser tomada uma semana antes do pagamento do FGTS, que vai atingir mais de 90 milhões de brasileiros. O papel das superintendências é dar suporte às agências para o atendimento ao público em geral.”

A CEE já reivindicou para a Caixa a garantia das funções dos trabalhadores, que são ameaçados pelo descomissionamento arbitrário e sumário e também reivindicou a reinstalação dessas estruturas.

Fonte: Contraf-CUT

“Quando falo que a desigualdade é o maior problema que a gente tem no Brasil, não estou exagerando. Vemos isso na experiência internacional.” A afirmação é do engenheiro e ex-banqueiro de investimentos Eduardo Moreira, para quem o desafio mais urgente do país é insistir na busca de formas de combater essa desigualdade. “Só que a gente não discute esse problema, parece que nem sequer compreende ou conhece. E isso deveria ser um esforço de todos nós: compreender o país em que vivemos antes de falar qual a solução que a gente acha para mudá-lo”, afirma Moreira em entrevista ao jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Ele destaca que a desigualdade se relaciona com diversas outras questões, como aquela que costuma ganhar os holofotes da mídia tradicional, a corrupção. “Quando você olha o ranking dos países que mais lutam contra a desigualdade e o ranking dos países menos corruptos do mundo, os dois são quase iguais. Quando você olha os melhores sistemas de educação e de saúde, e os mais seguros do mundo, os rankings também são quase iguais.”

Segundo Moreira, os índices que medem a desigualdade são compostos por três elementos de uma forma geral: os direitos trabalhistas do país, o sistema de seguridade social e a progressividade tributária. “Os países que mais se esforçam para fazer com que a desigualdade seja menor, atacando essas três frentes, estão melhores no ranking”, explica ele, que também é autor do livro Desigualdade & Caminhos para uma Sociedade Mais Justa.

O exemplo dos países nórdicos

No aspecto de igualdade, os países nórdicos são referência, mas para se chegar a esse patamar foi necessário empreender diversos esforços. “Veja a Noruega, que há cem anos era o país mais pobre do norte da Europa. Foi o último país a se tornar independente e, na década de 30, quando os trabalhadores pequenos e médios tomam o poder dos conservadores e liberais, põem três principais objetivos: a busca do pleno emprego, a universalidade do ensino e da saúde. Em cem anos, eles se tornaram o país com o maior IDH do mundo”, exemplifica.

“Algumas pessoas vão falar que eles têm petróleo, mas a Venezuela também tem. A Suécia não, e fez a mesma coisa na década de 30. Com uma luta inclusive que é retratada num filme antigo, Ådalen 31, onde até morreram pessoas em uma greve geral que houve no país e começou com os mesmos objetivos noruegueses. E a Suécia se tornou um dos países com maior IDH do mundo também.”

Ainda que seja um processo que pode ser lento, trata-se de um desafio urgente para o Brasil. “Então, cem anos são quatro gerações. É um tempo muito curto historicamente”, diz, referindo-se ao que aconteceu na Suécia e Noruega. “Não estarei mais aqui, vivo, mas se não tivermos o mínimo de dever cívico e senso de ser um elo nessa vida que passa através de nós, de ser um pedaço dessa história, a gente não vai fazer isso. Se compreendermos nossa importância para fazer com que esse processo aconteça por meio de nós, com um espírito mais coletivo e solidário, mais humano até… A gente precisa começar a fazer isso pelos filhos dos nossos filhos.”

Hoje, as diferenças entre o Brasil e os países menos desiguais é gritante. “No Brasil, você demora nove gerações, se você nasce entre os 10% mais pobres, para chegar até a renda média do país. Nove gerações são 225 anos. Somos os vice campeões mundiais nisso, só perdemos para a Colômbia. Em países como Suécia e Dinamarca, demoram duas ou três gerações para os indivíduos mais pobres chegarem à renda média”, diz. “Deveria ser nossa preocupação agora. O mais legal é que não precisamos chegar a cem anos para dizer que ficou bom, quando começarmos a melhorar, amanhã já está melhor e essa esperança que passamos a ter, faz a vida, hoje, muito melhor. É a esperança que nos falta hoje.”

Uma reforma tributária verdadeira

Um dos principais pontos a ser modificado para que o Brasil consiga reduzir seus vergonhosos índices de desigualdade é o modelo tributário. Isso porque o atual se caracteriza por seu caráter regressivo, ou seja, pesa muito mais sobre os mais pobres do que sobre os mais ricos. Moreira destaca que a proposta em discussão atualmente se refere basicamente a uma simplificação tributária, o que também é algo bem-vindo, por conta da complexidade da legislação que tira a eficiência do sistema. Mas não é o suficiente.

“O nosso maior problema não é simplificar os nossos impostos, isso vai melhorar só para as pessoas com situação privilegiada no país. Nós temos que fazer a máquina deixar de tirar dinheiro dos mais pobres e dar para os mais ricos, além de tirar recursos dos mais ricos e redistribuir entre os mais pobres, para continuarmos sendo uma nação forte. Somos um grupo frágil enquanto tivermos milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, milhões de pessoas largadas nas ruas enquanto a gente passa olhando para o lado e não se preocupa com isso”, pontua.

Com o atual modelo, o país tem, na prática um sistema que perpetua as desigualdades. “O Brasil é um dos países que mais cobra impostos sobre consumo e o que menos cobra impostos sobre renda, ganho de capital e dividendos. Ou seja, não taxamos os ricos e taxamos muito os pobres. E para onde vai o dinheiro dos pobres? Vai para pagar os juros da dívida. Que está nas mãos de quem? Dos ricos. É uma máquina perfeita de desigualdade, tira dinheiro de onde quase não tem e dá para onde existe em excesso, parado nas contas do banco e sem contribuir em nada para o desenvolvimento do país.”

Confira íntegra da entrevista de Eduardo Moreira: https://www.youtube.com/watch?v=gzPm0i9NpYY

 

Fonte: Rede Brasil Atual