Abril 28, 2025
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A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com a direção do banco, na tarde desta terça-feira (3), em formato digital, para reivindicar mudanças nas cobranças de metas, um dos principais motivos do adoecimento bancário. Esta negociação está assegurada pela cláusula 87 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Negociada na Campanha Nacional dos Bancários de 2022, ela determina que o tema das metas e das formas de seu acompanhamento pelos bancos deveria ter sido incluído na pauta da primeira reunião de negociações de 2023 com as comissões de organização de empregados.

Na primeira reunião de 2023, o banco informou que o conceito de metas se baseia no planejamento anual, distribuída por região, de acordo com a produtividade de cada uma. A instituição afirmou que a meta é 100% mensal. O movimento sindical informou que é contra a meta individual. “Defendemos que seja semestral e não mensal”, lembrou Magaly Fagundes, coordenadora da COE, que também reivindica metas coletivas e semestrais, além da não alteração das metas, após o início do período de vigência do prazo de cumprimento.

Auxílio Academia

A Comissão também voltou a reivindicar o benefício, mas o banco afirmou que ainda não consegue atender, porém, está estudando a possibilidade. “Relatamos a importância desse tema, visto que se trata de um investimento na saúde do bancário”, explicou Lourival Rodrigues, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.

Ponto eletrônico e Bradesco Financiamento

Na reunião, as partes também voltaram a negociar a renovação dos aditivos de Ponto Eletrônico e do Bradesco Financiamento. O banco apresentou as propostas de texto e o movimento sindical sugeriu mudanças para adequação às novas portarias que regem os temas. O assunto segue na pauta para os próximos encontros.

Plano de Saúde

O movimento sindical relatou as inúmeras reclamações que tem recebido pelo grande número de descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais, principalmente em regiões afastadas das grandes cidades e que já têm poucas opções, dos planos de saúde e odontológico.

Uma nova reunião, em formato presencial, deve ser agendada nas próximas semanas para avançar em todas as negociações.

Fonte: Contraf-CUT

O Banco do Brasil tem até o dia 17 de outubro para responder uma série de questões à Justiça sobre sua participação ou fomento na escravidão no país. A data foi estipulada pelo Ministério Público Federal (MPF), em notificação sobre abertura de um inquérito civil público para investigar o envolvimento da instituição no maior crime contra a humanidade praticado no século 19.

“Em 2020, o movimento Black Lives Matter [Vidas Negras Importam], iniciou a derrubada de várias estátuas de personagens que se alimentavam do racismo nos Estados Unidos, e se estendeu até a Europa. Com essa ação do Ministério Público Federal, é preciso descortinar o processo de construção do Banco do Brasil, derrubando essas estátuas que marcaram o passado do banco, beneficiando economicamente várias pessoas com o processo de escravização no país, torturando e matando negros e negras”, avalia o Secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar. “O banco tem o dever de reconhecer os erros do passado. Inclusive, garantir formas de trazer mais negros e negras em seu quadro de funcionários, onde a porta de entrada, por ser um banco público, é via concurso”, completa.

A escravização de seres humanos foi praticada no Brasil durante quase três séculos e meio. Historiadores calculam que, durante o período, cerca de 5 milhões de pessoas foram compulsoriamente retiradas de suas terras e comercializadas no país.

O auge do crime humanitário se deu entre o século 18 e meados do século 19. Somente no período de 1830 e 1850, foram cerca de 753 mil seres humanos retirados ilegalmente do continente africado e trazidos ao Brasil. Esse dados tornam o país responsável pelo maior crime contra a humanidade do século 19.

Nota do BB sobre movimento de reparação histórica

Em nota, o Banco do Brasil afirmou que irá responder aos questionamentos do MPF e ainda que, “como empresa que busca promover a igualdade racial (…) está à disposição do Ministério Público Federal para continuar protagonizando e envolver toda a sociedade na busca pela aceleração do processo de reparação.”

O pedido de reparação histórica ao BB não é novidade e faz parte de um movimento global. Na Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo, o Bank of England e as universidades Harvard e Brown University já foram chamados a reconheceu seu papel na escravidão e apresentarem ações de reparação.

Ainda em nota, o BB destacou que mantém grupo de discussão sobre diversidade, através do qual se reúne com movimentos representativos dentro da empresa, incluindo do BB Black Power, como forma de “unir esforços em ações direcionadas à superação da discriminação racial”.

Para Almir Aguiar, a nota do Banco do Brasil ainda é muito branda. “O banco foi construído com sangue negro. Então, o papel do BB hoje tem que ser o de criar mecanismos claros e eficientes de reparação às injustiças cometidas no passado. Uma maneira de fazer isso, por exemplo, é tirar resoluções das próprias reuniões com o BB Black Power, como formas de fomentar a participação de negros e negras nos concursos públicos. E, para com a sociedade brasileira como um todo, estabelecer ações efetivas de políticas públicas direcionada a população negra, promovendo a igualdade de oportunidades, combatendo a discriminação para que erros do passado não voltem acontecer”, resume o secretário.

“É preciso encarar essa discussão, porque esse passado e essa memória fazem parte e ainda afetam nosso presente, por meio das desigualdades sociais e do racismo estrutural. A sociedade e as grandes instituições brasileiras precisam se olhar no espelho e enfrentar esse assunto”, observou o procurador Julio Araujo, em matéria da BBC sobre o tema.

Escravizados como garantia em empréstimos

A ação civil pública que motivou a notificação do MPF ao Banco do Brasil é assinada por um grupo de pesquisadores e historiadores que lançaram à luz a forma como a instituição BB se alimentou e fomentou o tráfico de pessoas.

A primeira relação entre o BB e a escravidão se deu logo quando foi criado, em 1808, com a vinda do rei D. João 6º ao Brasil. Na época, parte do dinheiro da instituição vinha de taxas cobradas de embarcações dedicadas ao tráfico de pessoas.

Outra forma de incentivo ao comércio de seres humanos era a concessão de títulos de nobreza, pelo governo imperial, a escravocratas e comerciantes ilegais que colocavam dinheiro no banco.

Em 1829, o BB foi dissolvido por problemas financeiros. Sua refundação ocorreu em 1833, a partir dalí sua relação com a escravidão se tornou mais intensa, começando pela participação de grandes traficantes no grupo de empresários que assinaram o termo de refundação do BB, entre eles José Bernardino de Sá, maior acionista do BB, em 1853.

Estima-se que Bernardino de Sá tenha contrabandeado 20 mil africanos entre 1825 e 1851, grande parte teria passado por um barracão que manteve no norte de Luanda, capital de Angola, onde deixava os africanos sequestrados até o embarque para o Brasil.

Outros nomes de traficantes ligados ao BB são João Pereira Darigue Faro e João Henrique Ulrich, que foram, respectivamente, vice-presidente e diretor do banco.

João Pereira Darigue Faro, conhecido também como Visconde do Rio Bonito, foi um dos maiores proprietários de escravizados no Império, com 540 seres humanos detidos em nome de sua família. Enquanto João Henrique Ulrich chegou a ser flagrado pelo governo de Angola, em 1842, comandando um barracão de escravizados em Luanda.

Os historiadores descobriram ainda que foram os traficantes de pessoas que financiaram o Estado, com títulos da dívida pública e capital societário nos bancos. Mais de 3 mil execuções de dívidas no Rio de Janeiro, entre 1830 e 1860, revelaram também que escravizados eram utilizados como garantia de pagamento de empréstimos no Banco do Brasil.

*Com informações da BBC News Brasil

O Movimento Sindical Bancário, através da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em conjunto com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), está lançando a pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”. O objetivo é analisar a relação entre os modelos de gestão adotados pelos bancos e o adoecimento dos trabalhadores do ramo financeiro. A pesquisa, que é mais uma ação da Campanha Menos Metas, Mais Saúde, busca a participação ativa da categoria.

Serão analisadas condições profissionais, divisão do trabalho, as regras formais, o tempo, o ritmo, o controle e as características das tarefas; condições físicas de trabalho: a infraestrutura, tais como ambiente físico, qualidade do posto de trabalho, equipamentos e materiais, como os aplicativos e sistemas; e condições sociais, relações socioprofissionais de trabalho, como as interações hierárquicas, coletivas intra e intergrupos e externas presencial e virtual.

Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, explica que a ação busca o aperfeiçoamento das ferramentas do movimento sindical bancário para contrapor os repetidos argumentos patronais de isenção quanto ao adoecimento da categoria, frente a um crescente número de casos. “A participação dos trabalhadores é fundamental, pois suas respostas contribuirão diretamente para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável no setor bancário. Com base nas respostas, análises e estatísticas serão realizadas para identificar problemas e propor soluções. O resultado será um relatório técnico que guiará ações sindicais e organizacionais para combater riscos psicossociais e promover a saúde de todos os envolvidos”.

Como responder

A pesquisa estará disponível até o dia 31 de outubro de 2023. Os interessados em participar podem clicar aqui.

“É importante que os dirigentes sindicais divulguem nossa pesquisa massivamente, compartilhando o link para a categoria por meio de grupos de mensagens (WhatsApp ou Telegram) ou SMS, via e-mail ou, de forma mais ampla, nos meios de comunicação do seu sindicato”, orientou Mauro.

O questionário da pesquisa leva, em média, 20 minutos para ser totalmente respondido e, além das perguntas relacionadas ao ambiente físico de trabalho, busca registrar a ocorrência de adoecimento, inclusive mental, eventuais acompanhamentos médicos, uso de medicação e afastamentos do trabalho.

Todas as respostas coletadas serão preservadas com a garantia de sigilo e direcionadas automaticamente aos pesquisadores envolvidos, que terão a tarefa de estabelecer as métricas das amostras por região, por estados da federação, por indicadores socioeconômicos (sexo, escolaridade, idade, raça, escolaridade, estado civil, cargo, forma de contratação e por banco).

“É muito importante que todos os trabalhadores do ramo financeiro participem para conseguirmos estabelecer novos patamares para as negociações e melhorias nas condições de trabalho da categoria”, finalizou Mauro.

PARTICIPE!

*com informações da Contraf-CUT

A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com a direção do banco, na tarde desta terça-feira (3), em formato digital, para reivindicar mudanças nas cobranças de metas, um dos principais motivos do adoecimento bancário. Esta negociação está assegurada pela cláusula 87 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Negociada na Campanha Nacional dos Bancários de 2022, ela determina que o tema das metas e das formas de seu acompanhamento pelos bancos deveria ter sido incluído na pauta da primeira reunião de negociações de 2023 com as comissões de organização de empregados.

Na primeira reunião de 2023, o banco informou que o conceito de metas se baseia no planejamento anual, distribuída por região, de acordo com a produtividade de cada uma. A instituição afirmou que a meta é 100% mensal. O movimento sindical informou que é contra a meta individual. “Defendemos que seja semestral e não mensal”, lembrou Magaly Fagundes, coordenadora da COE, que também reivindica metas coletivas e semestrais, além da não alteração das metas, após o início do período de vigência do prazo de cumprimento.

Auxílio Academia

A Comissão também voltou a reivindicar o benefício, mas o banco afirmou que ainda não consegue atender, porém, está estudando a possibilidade. “Relatamos a importância desse tema, visto que se trata de um investimento na saúde do bancário”, explicou Lourival Rodrigues, secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.

Ponto eletrônico e Bradesco Financiamento

Na reunião, as partes também voltaram a negociar a renovação dos aditivos de Ponto Eletrônico e do Bradesco Financiamento. O banco apresentou as propostas de texto e o movimento sindical sugeriu mudanças para adequação às novas portarias que regem os temas. O assunto segue na pauta para os próximos encontros.

Plano de Saúde

O movimento sindical relatou as inúmeras reclamações que tem recebido pelo grande número de descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais, principalmente em regiões afastadas das grandes cidades e que já têm poucas opções, dos planos de saúde e odontológico.

Uma nova reunião, em formato presencial, deve ser agendada nas próximas semanas para avançar em todas as negociações.

Fonte: Contraf-CUT

O movimento sindical, por meio da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), participou da sessão de boas-vindas a 300 novos bancários e bancárias, nesta segunda-feira (2).

O evento de posse nacional e unificado ocorreu no formato online e contou com a participação da presidenta do BB, Tarciana Medeiros, além de representantes da Previ, da Cassi e da equipe de diversidade.

“A participação do movimento sindical na chegada dos novos colegas ao banco sempre foi uma reinvindicação do movimento social”, explicou a coordenadora a CEBB, Fernanda Lopes. “Consideramos extremamente importante que as pessoas, desde o início, saibam que os chamados ‘benefícios’ concedidos pelo empregador BB são o resultado de anos de luta das trabalhadoras e trabalhadores da categoria”, completou.

Durante sua fala de boas-vindas aos novos funcionários, Fernanda Lopes destacou a importância da defesa do BB como um banco público e que, como tal, desempenha papel para o desenvolvimento do país. “O BB não deve ser visto apenas como um banco, focado em apresentar resultados. A missão do banco público é ser instrumento para o desenvolvimento econômico e redução da pobreza, e isso passa pelo fomento a setores produtivos, como agricultura familiar, e acesso a crédito mais barato para famílias e para empresas”, pontuou.

Os concursos e contratações também são reivindicações do movimento sindical bancário. Em setembro passado, ocorreu a posse de trabalhadores e trabalhadoras da área de tecnologia da informação. Os empossados desta segunda são agentes comerciais. No dia 23 de outubro, está prevista a posse da segunda leva de agentes comerciais, com 700 novos funcionários desta área.

“Esses colegas serão distribuídos principalmente em agências de todo o país. Tivemos grande redução no número de bancárias e bancários de 2016 até ano passado, o que gerou sobrecarrega sobre os colegas que permaneceram, principalmente na rede de agências”, destacou Fernanda. “Então, estamos felizes com a chegada dos novos funcionários e é importante que venham mais”, concluiu.

Fonte: Contraf-CUT

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) fez um levantamento, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2021 e nos balanços dos bancos, para apurar os reflexos do reajuste de 4,58% da categoria bancária na economia do país.

Segundo o levantamento do Dieese, o aumento real obtido pela categoria, nos salários, vales refeição e alimentação, e demais cláusulas econômicas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) específicos dos empregados de cada banco, injetará aproximadamente R$ 10,9 bilhões na economia do país. Considerando a massa salarial anual, o total recebido nos vales alimentação e refeição e Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o montante injetado na economia chega a, aproximadamente, R$ 80,3 bilhões.

“O aumento real obtido pela luta da categoria, juntamente com seus sindicatos, proporciona ganhos não apenas para as bancárias e bancários, mas para toda a classe trabalhadora, para pequenos e médios comerciantes e para a economia do país de uma forma geral”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “E estes ganhos se estendem para o todo o país, pois possuímos uma Convenção Coletiva válida em todo o território nacional. Temos um piso salarial nacional, os tíquetes têm o mesmo valor em São Paulo, ou em qualquer outro estado, ou cidade. E isso ajuda a fazer com que o reajuste contribua com a economia nacional”, completou Juvandia, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Ganhos

Na Campanha Nacional de 2022, os bancários aprovaram uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) válida por dois anos, com o acerto de aumento real de 0,5% acima da inflação (INPC). Com isso, neste ano a categoria teve aumento de 4,58% nos salários e em todos os direitos econômicos definidos na CCT, como vales refeição e alimentação, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), auxílio-creche/babá, entre outros.

Apenas com o reajuste nos salários, o aumento significa uma injeção de R$ 2,7 bilhões na economia. A massa salarial anual da categoria soma R$ 62,1 bilhões.

Em âmbito nacional, a PLR da categoria injetará por volta de R$ 7,8 bilhões até março de 2024, sendo que deste total, R$ 3,7 bilhões já foram injetados em setembro, com a parcela de antecipação da PLR.

Além disso, o reajuste nos auxílios alimentação e refeição da categoria bancária terá um impacto adicional de R$ 456,9 milhões no período de um ano. Anualmente o valor total recebido pela categoria com auxílios alimentação e refeição soma R$ 10,4 bilhões.

“A categoria bancária possui sindicatos fortes, que se unem em torno dos anseios dos trabalhadores que representam. Após a reforma trabalhista e durante a pandemia, quando muitas categorias, infelizmente, tiveram diversos direitos ceifados, nós conseguimos manter todos os direitos e ainda conquistamos aumento real nos salários”, observou Juvandia. “Isso mostra a importância de termos sindicatos fortes. E serve de alerta, não apenas para bancárias e bancários, mas para todas as trabalhadoras e trabalhadores para a necessidade de sindicalização e manutenção da luta sindical”, concluiu a presidenta da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT

Não é possível desvincular o debate para um sistema fiscal justo e progressivo no Brasil sem discutir os problemas que causam a desestruturação do mercado de trabalho, e que leva ao aumento de vagas precarizadas de emprego, assim como o enfraquecimento do INSS, sistema brasileiro de previdência pública. A avaliação é do professor José Dari Krein, do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Unicamp.

“A desestruturação do mercado de trabalho faz parte de uma mesma política neoliberal, de desoneração da folha de pagamentos e da reforma da previdência”, explicou, durante sua participação na última mesa do seminário “Reforma Tributária para um Brasil socialmente Justo”, que abordou os impactos das políticas de desoneração da folha de pagamento. O evento foi realizado nessa quinta-feira (29), na capital paulista, pelo Cesit, Instituto Justiça Fiscal (IJF) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em sua apresentação, Krein observou que não é possível alcançar um sistema fiscal justo e progressivo no Brasil, assim como um sistema de previdência social robusto e sustentável, sem enfrentar os problemas da desestruturação do mercado de trabalho.

“Se somarmos hoje as pessoas que querem trabalhar, a força de trabalho potencial, mais aqueles que estão na informalidade, teremos 56 milhões de pessoas [que, fora do modelo CLT de contratação, não contribuem para o INSS]”, ressaltou Krein. “O mercado de trabalho está tão precarizado que ser motorista de aplicativo passou a ser uma das principais alternativas de emprego hoje no Brasil”, completou.

O professor destacou que os “movimentos sociais têm sido incapazes” de mostrar à sociedade o quão nocivo é o quadro do mercado de trabalho brasileiro hoje. “Precisamos de uma agenda mais audaciosa, para que a sociedade entenda a importância de reorganizar o mercado de trabalho”, pontuou.

Desoneração enfraquece INSS

A mediadora da mesa, Maria de Lourdes Nunes Carvalho (Lourdinha), diretora de defesa fiscal da Sindifisco Nacional, entidade representativa dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, fez um grande alerta sobre o sistema de previdência público brasileiro, que vem perdendo entrada de recursos, ano após ano, tanto pela desestruturação do mercado de trabalho quanto por reformas e políticas de desoneração da folha de pagamento, promovidas pelo Estado.

“O processo da última reforma [da previdência, promulgada no governo Bolsonaro, em 2019] instituiu o risco de se perder uma das grandes conquistas para o mundo rural, onde os trabalhadores, antes da Constituição de 1988, não tinham a provisão legal para uma aposentadoria”, lembrou.

Com a reforma, a autodeclaração de atividade no campo, pelo trabalhador rural, não é mais aceita. Para se aposentar, agora, quem se enquadra nesta categoria é obrigado a inscrever-se no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), banco de dados alimentado pelo Cadastro do Agricultor Familiar (CAF). Acontece que muitos agricultores não estão enquadrados no CAF, portanto, correm risco de ficar de fora dos direitos previdenciários.

“A luta pela aposentadoria é uma luta de todos nós, é a luta da proteção social, que tem que ser uma garantia do Estado brasileiro”, pontuou Lourdinha, completando que, além das reformas que enfraqueceram o INSS, o maior risco que a Previdência Social sofre é a desoneração da folha de pagamento.

O palestrante Leandro Horie, do Dieese, confirmou a fala de Lourdinha. “Toda vez que acontece desoneração tributária, na folha de pagamento de setores produtivos, essa desoneração recai sobre a previdência social. E por que isso acontece? É porque a previdência social é onde tem menos lobbys [grupos de pressão] para segurar [os recursos]”, destacou o economista.

Mais caro para Estado, pior para trabalhadores

Horie revelou ainda que os programas públicos de desoneração “sempre foram alvo de controvérsia” no debate tributário brasileiro. Isso porque, de um lado, o setor empresarial alega sofrer com a alíquota e recolhimento, que impacta na competitividade das empresas brasileiras (preço e custo). De outro, o recolhimento de tributos das empresas compõe parte fundamental no montante que alimenta a previdência social.

O economista apontou, por outro lado, que estudos mostram que a desoneração não tem o efeito virtuoso esperado sobre a economia. “O discurso que justifica os programas de desoneração de folha de pagamento é o seguinte: o que a empresa deixa de gastar com recolhimento na folha ela vai utilizar na ampliação da sua planta produtiva, geração de emprego. Mas o que se verificou é que esses recursos apenas serviram para aumentar a margem de lucro, e não geração de emprego ou mais gastos dessa empresa no mercado”, destacou.

Horie mostrou ainda que a implementação do Plano Brasil Maior, de desoneração, custou ao governo, de 2012 a 2019, R$ 113,6 bilhões. “Então, você está tirando dinheiro das contas públicas e direcionando para as empresas, que não revertem isso na criação de empregos. Portanto, o que os levantamentos mostram é que a desoneração, além de não se pagar, aumenta os gastos do Estado”, concluiu.

O técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Pedro Humberto Carvalho Júnior, também trouxe dados que corroboraram a análise de que as políticas de desoneração da folha de pagamento não são benéficas à economia e ao Estado. A primeira falácia que ele desmontou foi que as empresas no Brasil gastam muito na folha de pagamento. “O sistema de contribuição brasileiro, nesse setor, é semelhante ao de países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), grupo de países com a economia mais forte do mundo”, disse.

Carvalho Júnior reforçou que o enfraquecimento do financiamento do INSS se deve, em grande medida, às políticas de desoneração da folha, que, por sua vez, são incentivadas porque, no discurso do empresariado sobre os altos gastos, não há separação entre empregador e empregado. “É um erro a análise de que o maior custo da folha é apenas do lado do empregador, o trabalhador também contribui”, pontuou, lembrando que o custeio do sistema previdenciário do Brasil é tripartite: uma parte vem do Estado, uma do trabalhador e outra do empregador.

Conta sobra para o trabalhador

“Por que há sempre uma luta do setor empresarial para pagar menos impostos? Porque tem o interesse de cada setor, o lobby que o Leandro Horie fez referência, mas tem uma questão ideológica: no fundo, as políticas sociais têm que reduzir de tamanho, para que, exatamente, o setor empresarial pague menos tributo. É a lógica de o mercado se impor, no sentido da definição da alocação dos recursos. Essa é a questão ideológica e política que fundamenta a lógica do capitalismo”, analisou Jose Dari Krein. “Então, nesse sentido, quem vai pagar a conta, se você desestrutura políticas públicas, desestrutura o Estado, fragiliza essa possibilidade de ação política? Quem vai pagar a conta é o elo mais frágil dessa relação, que são os trabalhadores e trabalhadoras, que estão na precariedade, que vão ter dificuldade à aposentadoria, dificuldade de ter renda. Com isso, teremos cada vez mais uma sociedade mais desigual”, completou, concluindo que é urgente uma reestruturação do mercado de trabalho.

Encaminhamentos

O seminário “Reforma Tributária para um Brasil socialmente Justo” terminou com a aprovação de encaminhamentos para fortalecer a participação dos movimentos sindicais e sociais na reforma tributária, em tramitação no Congresso Nacional.

“Precisamos fazer chegar esse debate na sociedade, como um todo, para que se compreenda que o que está em jogo é muito maior do que quem vai pagar mais ou menos imposto. Nós estamos falando da vida real, do financiamento do sistema de previdência, da saúde, por exemplo”, destacou o supervisor-técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior. “A discussão no Senado hoje, sobre a reforma tributária, mostra o quão estamos desmobilizados, em termos de sociedade, para enfrentar esse debate. Quem está pautando esse debate hoje são os agentes econômicos. Os trabalhadores, depois, terão que discutir as consequências”, completou.

A proposta aprovada foi a criação de um manifesto, assinado pelas entidades organizadoras do evento e entidades sindicais, apoiando o governo em medidas que já tramitam no Congresso e que fecham as portas à sonegação e evasão de dinheiro dos super-ricos.

O segundo ponto encaminhado foi o estabelecimento de um grupo de trabalho para construir um conjunto mínimo de propostas para tributar os super-ricos, e sobre a desoneração da folha, que servirá de pauta junto ao Governo e ao Congresso, no debate sobre a reforma tributária.

Os participantes do seminário concordaram, ainda, em unir forças em torno da campanha “Tributar os Super-ricos”, com vistas a construir mobilizações para chamar atenção da sociedade e dos parlamentares. Por fim, foi aprovada a implementação de uma conferência popular sobre tributação.

Fonte: Contraf-CUT

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal quer que o banco reverta as penalidades aplicadas às agências em função de um reprocessamento dos resultados de poupanças NSGD. “As unidades não podem ser penalizadas por esse reprocessamento”, disse a coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt, em reunião de negociações ocorrida na quinta-feira (28). A Caixa vai analisar a demanda.

O banco precisou reprocessar os resultados devido a um erro no processamento. “Faltando três dias para o fechamento, o banco descobriu um erro no processamento do resultado das poupanças NSGD, de 40 dias atrás. Determinou o reprocessamento e isso fez com que várias agências e superintendências regionais perdessem até 10 pontos no ‘Conquiste’”, disse a coordenadora da CEE. “Estão transformando o ‘Conquiste’ em ‘Você que lute!’. Tem muita gente sendo muito prejudicada por um erro do banco. Se o erro foi do banco, não deveria haver impactos nos resultados das unidades da rede. E é isso o que estamos reivindicando”, afirmou a coordenadora da CEE.

Falhas constantes

As falhas de sistemas têm se tornado constantes na Caixa. A representação dos empregados já fez diversas reivindicações para que haja investimentos na área de sistemas para que os erros e quedas de sistema não prejudiquem o trabalho e a avaliação de desempenho dos empregados.

“Precisamos de um sistema confiável de mensuração. Não é possível fazer planejamento com reprocessamento ocorrendo constantemente. Como foi o caso do prestamista no final de março, com reprocessamento no final do trimestre seguinte. Trabalhamos por dois meses com indicadores errados em negócios sustentáveis. Isso gera estresse, adoecimento e perdas, para os trabalhadores, para o banco e, principalmente, para a sociedade”, cobrou Fabiana.

Cobranças de metas

O prejuízo na avaliação de desempenho, gerado pelo erro do banco, é apenas mais um dos muitos que as empregadas e empregados da Caixa têm enfrentado na questão da gestão de resultados. “Desde o ano passado, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários determina que o banco abra negociações com a CEE sobre o estabelecimento de metas e as formas de sua cobrança (cláusula 87). O banco não fez isso”, observou a coordenadora da CEE. “Pior que isso, no início do ano, o banco chegou a afirmar que o GDP (programa de Gestão de Desempenho de Pessoas) havia sido aposentado. Mas utiliza os mesmos métodos assediadores no ‘Minha Trajetória’ e no ‘Conquiste’. Na prática, houve apenas uma maquiagem para dizer que não há mais assédio na Caixa. Trocou-se o nome do programa, mas nada mudou”, criticou.

Segundo a CEE, pela CCT o acompanhamento e cobranças de metas tem que ser acompanhado pelo movimento sindical. Além disso, as metas têm que ser, no mínimo, semestrais para que os bancários possam fazer um bom planejamento para cumprir as demandas. “Fazer pressão mensal pelo cumprimento de metas é mais uma forma de assediar os empregados. E, se as metas forem batidas em menor tempo, eles aumentam as metas que eram semestrais. Aí, o colega que conseguiu ter bom desempenho em um mês, se não conseguir repetir no mês seguinte, como teve sua meta aumentada, não consegue cumprir e é penalizado por isso”, explicou a coordenadora da CEE. “O colega, que bateu a meta semestral antes do tempo, teve sua meta aumentada, não conseguiu obter o resultado depois do aumento da meta pode ser classificado com ‘baixo desempenho’? Não, né? Mas não é isso o que acontece na Caixa”, disse Fabiana.

Menos Metas, Mais Saúde

O problema da cobrança abusiva pelo cumprimento de metas é afeta o setor bancário de forma generalizada e tem levado ao adoecimento da categoria. Para denunciar a distorção e cobrar soluções, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e sindicatos e federações, que fazem parte do Comando Nacional dos Bancários, realizam a campanha Menos Metas, Mais Saúde e agora, no mês de outubro vai realizar uma Pesquisa de Saúde do Trabalhador Bancário, em parceria com o Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília, para compreender os modelos de gestão e as patologias do trabalho nos bancos.

“É importante que todos as empregadas e empregados da Caixa respondam à pesquisa, que pode contribuir para a melhoria do ambiente de trabalho na Caixa e em todos os bancos”, explicou Fabiana. “Os dados captados são totalmente sigilosos. Serão todos compilados pela equipe de pesquisa da UNB (Universidade de Brasília) e teremos acesso apenas aos dados estatísticos que poderão nos ajudar nas negociações com os bancos”, completou a coordenadora da CEE.

O link para a participação na pesquisa será disponibilizado a partir de 1º de outubro. Os bancários terão até o final do mês (31 de outubro) para responder ao questionário.

Fonte: Contraf-CUT

Em rodada de negociação da mesa permanente, com a presença do vice-presidente de Pessoas, Sergio Mendonça, a Caixa Econômica Federal apresentou, na quinta-feira (28), à Comissão Executiva dos Empregados (CEE) do banco, uma proposta para retomar as designações de funções de caixa e tesoureiro, conforme desdobramento de reunião do Grupo de Trabalho (GT) que tratou do tema, realizada no dia 22 de setembro. Apesar de considerar um avanço o fato de a Caixa levar uma proposta para as reivindicações debatidas no âmbito do GT, a representação dos trabalhadores avalia que muitos pontos precisam melhorar.

Para retorno das designações efetivas de caixa e tesoureiro, o banco propôs negociação do adicional de quebra de caixa somente para aqueles que não recebiam gratificação da função. Previsto em normativo interno, o adicional de quebra de caixa foi extinto pelo banco, prejudicando milhares de empregados que lidam com numerários. A Caixa também ofereceu a possibilidade de acordos via CCV/CCP àqueles que não têm ação na justiça cobrando o pagamento da quebra de caixa.

Para os tesoureiros, em específico, a proposta do banco prevê migração automática da jornada de 8 horas para 6 horas, com redução proporcional salarial, além da possibilidade de acordos nas Comissões de Conciliação (CCV/CCP).

“Esta comissão não vai abrir mão de direitos dos colegas. Queremos avançar na questão das designações, entre outros pontos. Contudo, sem comprometer as ações judiciais, sejam elas individuais ou coletivas das entidades. Além disso não aceitamos migração compulsória da jornada de 8 horas para 6 horas dos tesoureiros. Já negamos em mesa essa migração automática. Afinal, há toda uma organização de vida pessoal baseada no salário”, afirmou a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, ao acrescentar que já foi reivindicado o pagamento do adicional de quebra de caixa também para os avaliadores de penhor.

Pra negociação andar

A coordenadora da CEE disse que, “pra negociação avançar, além destes pontos de atenção já colocados, necessitamos de dados. Queremos saber quantos colegas tem função de caixa efetivo, assim como de tesoureiro; quantos estão designados por prazo; quantos exercem a atividade minuto; se em tempo integral, ou parcial”, disse. “Cobramos também que, caso a proposta avance, os colegas que exercem a atividade minuto, ou têm designação por prazo, sejam efetivados sem necessidade de PSI (Processo de Seleção Interna), até porque já fazem o trabalho. E de imediato já termos 500 designações”, informou.

A Caixa analisará as considerações gerais dos representantes dos trabalhadores e dará retorno na próxima reunião de negociação.

Demandas reforçadas

A CEE reforçou cobranças em relação a problemas que os empregados vêm enfrentando e a necessidade de mesas de negociação desses temas como: teletrabalho, Minha Trajetória, o estabelecimento e os procedimentos de cobrança de metas, entre outras demandas. “Precisamos tratar desses assuntos. E é urgente! Mesa de negociação existe pra isso: construir respostas que sejam boas para ambos os lados”, cobrou a coordenadora da CEE.

Fonte: Seeb/DF, com edições da Contraf-CUT

Nota de pesar

Setembro 29, 2023

O Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense lamenta a morte de uma funcionária do Banco Itaú, nesta última quinta-feira (28/9), em Poá, São Paulo.

A trabalhadora foi baleada durante uma tentativa de assalto à agência onde trabalhava.

Reforçamos e ressaltamos que a segurança bancária é fundamental e tema sempre prioritário para a categoria.

Nossa solidariedade aos familiares, amigos e colegas de trabalho.