Maio 15, 2025
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Além do desemprego, da subutilização e da informalidade, que crescem sistematicamente no mercado de trabalho no Brasil, como foi detalhado em reportagem anterior, a queda da renda é outro entrave da economia brasileira, que, neste caso, empobrece o trabalhador que ainda consegue se manter ocupado.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de agosto de 2022 aponta que o rendimento médio real dos trabalhadores no Brasil chegou a R$ 2.713, um dos menores patamares desde 2012. O valor real é 2,3% menor ao do período imediatamente anterior à reforma trabalhista (em vigor desde novembro de 2017) e 5% inferior ao observado antes da pandemia de covid-19.

Os trabalhadores com melhores condições (aqueles que têm carteira assinada e ganho médio de R$ 2.546, além de servidores públicos com remuneração média de R$ 4.792) perderam espaço. Por outro lado, cresce no país o emprego com pior remuneração (média de R$ 1.809) e sem carteira assinada, bem como o trabalho por conta própria com ganho médio de R$ 2.122.

Com isso, a massa de rendimentos no Brasil chegou a R$ 263,5 bilhões ao mês em 2022, volume 0,3% menor do que o registrado antes da pandemia. Isso representa R$ 834 milhões a menos todo mês no orçamento das famílias.

Precarização

Dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) indicam uma queda dos salários médios dos empregados com carteira assinada, desde o início de 2018, período logo após a reforma trabalhista.

Nos três anos seguintes à reforma, de 2018 a 2020, os reajustes dos salários médios dos empregados com carteira, sempre abaixo da inflação, geraram perda média de 10% em termos reais. Nesse período houve elevação substancial das vagas com remuneração de um salário mínimo ou menos, e queda do emprego na faixa que recebe entre um e três salários mínimos.

Esse movimento foi o inverso do que se deu entre 2003 e 2014, quando o salário mínimo real acumulou crescimento de quase 60% e houve aumento do número de trabalhadores com remuneração de um a três mínimos. Ou seja, além da forte elevação do salário mínimo, cresciam as ocupações com ganhos mais altos.

De 2018 a 2020, o valor real do salário mínimo cresceu menos de 1%, ou seja, quase não houve aumento real. Isso deveria facilitar a participação de postos que recebem acima de um mínimo. Entretanto, aconteceu o contrário, com o incremento dos vínculos de que recebem apenas um mínimo ou menos.

Mal generalizado

Ainda que a economia brasileira caminhe a passos lentos, após mais de dois anos e meio do início da pandemia, o número de brasileiros ocupados cresceu 9,9% entre o segundo trimestre de 2021 e o de 2022, superando o período anterior à crise sanitária.

O que se constata, porém, é que, nos últimos 12 meses, a ocupação tem aumentado em posições que requerem menos escolaridade e pagam menos, o que revela um mercado de trabalho empobrecido, com baixa perspectiva de ascensão profissional.

O grupamento com a maior expansão foi o de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (17,9%), seguido pelos operadores de instalações e máquinas e montadores (15,8%).

A ocupação cresceu menos entre diretores e gerentes (3%) e profissionais das ciências e intelectuais (3,4%), que, em geral, são atividades que exigem diploma de nível superior.

O maior crescimento ocorreu entre as pessoas com menor escolaridade, como as sem instrução e com menos de um ano de estudo (31,4%) e entre as que possuem ensino médio incompleto ou equivalente (14%).

Já entre quem tem superior completo, a quantidade de ocupados aumentou apenas 3,6%. Ainda assim, o crescimento se deu em grande medida nas chamadas ocupações não típicas, ou seja, que não exigem nível superior.

Com relação ao rendimento, os ocupados com superior completo tiveram a maior perda (-5,6%), seguido por aqueles com ensino médio incompleto (-1,8%). Ocupados sem instrução e com menos de um ano de estudo tiveram aumento da renda média (3,2%), assim como aqueles que têm fundamental completo ou equivalente (0,8%).

Fonte: Dados sistematizados pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos na Contraf-CUT.

Desde 2014, e de forma mais intensa desde que a reforma trabalhista entrou em vigor, em novembro de 2017, o mercado de trabalho brasileiro vem passando por forte processo de precarização, agravado com a pandemia de covid-19.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de agosto de 2022 mostram que 9,7 milhões de pessoas estão desocupadas no Brasil, número 54% maior do que ao final de 2013, quando eram 6,3 milhões.

As mulheres sofrem mais com o desemprego do que os homens. Em julho, a taxa geral de desocupação era de 9,1%. Entre elas, porém, chegava a 11,6%. Entre os homens, a 7,5%. O menor patamar da série histórica foi ao final de 2013, quando era de 7,8% entre as mulheres e 5,1% entre os homens.

O desemprego também afeta intensamente a população jovem. Na faixa dos 14 anos aos 17 anos, chega a 33,3%; e dos 18 anos aos 24 anos, a 19,3%. Os menores patamares foram, em 2013, de 18,6% e 12,8%, respectivamente.

O recorte por raça/cor mostra que a desocupação entre pessoas pretas e pardas é de 11,3% e 10,8%, respectivamente. Entre brancos é de 7,3%. Os menores patamares entre pretos e pardos foi de 8% e 7,2%, entre 2013 e 2014. Entre os brancos o menor patamar, de 5,1%, foi registrado no final de 2013.

Subutilização

A PNAD também mostra a piora na subutilização, levantamento que inclui ainda pessoas que trabalham menos horas do que gostariam; que estão disponíveis, mas desistiram de buscar vaga (desalentadas); e que procuram uma ocupação, mas não estão disponíveis no momento (por estarem cuidando de alguém na residência, por exemplo).

Os dados apontam que hoje existem 23,9 milhões de pessoas subutilizadas, 20,5% da força de trabalho. O menor patamar ocorreu em 2014, quando existiam 9 milhões de pessoas subutilizadas (14,8%).

Entre as mulheres a subutilização é de 26,6%; entre os homens, de 16,8%. No recorte por idade, chega a 61,4% entre jovens de 14 a 17 anos (em 2013, foi de 42,1%); e a 33,4%, entre os de 18 a 24 anos (em 2013, foi de 22,9%).

Informalidade

A PNAD também aponta redução no emprego formal. Desde meados de 2014, quando seu contingente chegou ao maior patamar, houve redução de quase 1,6 milhão de pessoas ocupadas no setor privado com contrato pela CLT.

Em contrapartida, existem hoje 13,2 milhões de pessoas ocupadas sem carteira assinada nesse mesmo segmento, crescimento de quase 2,2 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2017 (logo antes da reforma trabalhista).

Também houve grande aumento no número daqueles que trabalham por conta própria, que hoje são 25,9 milhões de pessoas. São 3,3 milhões a mais do que existiam quando a reforma trabalhista entrou em vigor.

Fonte: Dados sistematizados pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos na Contraf-CUT.

O Comitê de Luta em Defesa do BB, movimento criado por funcionários e funcionárias do Banco do Brasil, alerta que, entre 2014 e o primeiro semestre de 2022, a carteira de crédito do banco caiu 25%, passando de mais de 1,08 milhão para cerca de 813 mil.

Com base em dados organizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o coletivo lembra ainda que, de dezembro de 2018 a setembro de 2022, foram fechadas 1.933 agências e mais de 10 mil postos de trabalho.

“Essa redução de participação no mercado e do seu papel como banco público (afinal, as cidades do interior são as mais atingidas) é bastante preocupante e segue o movimento que antecedeu a venda de outros bancos públicos, a exemplo de Banespa, Banestado e Banerj”, destaca o coordenador da Comissão de Empresa do Banco do Brasil (CEBB) e membro do Comitê, João Fukunaga.

Risco aos planos de saúde e previdência

O movimento reflete ainda que, em caso de privatização do BB, Cassi e Previ, entidades de planos de saúde e de previdência dos funcionários do banco, respectivamente, podem desaparecer.

“Foi isso o que aconteceu com as entidades semelhantes dos bancos públicos que foram privatizados. Os planos de saúde e previdência foram enfraquecidos, aumentando o custo para os participantes, ou simplesmente desapareceram”, lembra Fukunaga. “Então, por que um comprador do mercado manteria benefícios melhores para os funcionários do BB? Atualmente, os planos da Cassi e da Previ têm direitos maiores do que os de qualquer empresa privada”, continua Fukunaga.

Dada a redução crescente da participação do BB no mercado, o coordenador do Comitê avalia que a sociedade e os funcionários do banco devem ficar atentos. “Não podemos nos basear apenas no discurso político, temos que prestar atenção na atuação do governo atual. E o que estamos observando, infelizmente, é a preparação do BB para ser entregue ao mercado”, conclui o coordenador da CEEB.

Queda na bancarização

O Dieese mostra que, do total de 1.933 agências fechadas pelo BB, desde dezembro de 2018, 35,70% foi nas capitais e 64,30% em municípios do interior. E o número de municípios no país sem agência alguma, independente do banco, aumentou em 9%, até setembro de 2022, totalizando 206.

“Ao longo da trajetória de atuação bancária do país, foram os bancos públicos que mais se preocuparam em levar serviços às cidades menores e para o campo. A bancarização, além de trazer segurança às famílias e pequenos negócios, permite melhor controle e planejamento financeiro”, explica Fukunaga. “Mas o que estamos vendo nos últimos anos é um retrocesso, com impactos para o desenvolvimento, pois isso significa reduzir a circulação de dinheiro para a economia local”, pontua Fukunaga.

Fonte: Contraf-CUT

A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) completou 30 anos em 2022. Mas no lugar de comemorações os bancos impuseram muita dificuldade no decorrer das negociações da campanha nacional dos bancários. Isso em um período com cenário econômico complicado para o país, com o retorno de elevada inflação, informalidade e desemprego em alta. Mas com os lucros dos bancos nas alturas. A íntegra desse estudo deverá compor futura Carta de Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Conjuscs), que estará disponível em: www.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs.

A campanha dos bancários, em 2022, começou com a aplicação de consulta nacional, que com mais de 35 respostas definiu as prioridades da campanha. A novidade dessa negociação foi a reivindicação pela jornada de quatro dias, sem redução de salários. Proposta que traria vantagens em termos de geração de empregos e maior produtividade com melhor qualidade de vida dos trabalhadores. O representante da Fenaban ficou de levar o tema para os bancos avaliarem, porém, no decorrer das reuniões seguintes não trouxe resposta.

Com o fim da ultratividade definida pela reforma trabalhista, após 31 de agosto a CCT perderia sua validade. Assim, direitos conquistados em 30 anos de negociação coletiva não estariam garantidos. Por essa razão, nos anos em que se faz necessário renovar a CCT (a cada dois anos, desde o fechamento do acordo de 2016), todo calendário da campanha nacional dos bancários é adiantado para dar início às negociações o quanto antes. Os formatos on-line e híbrido permitem que os eventos da campanha ocorram muito mais ágil. A pauta de reivindicações foi entregue aos bancos em 15 de junho.

Dezenove rodadas

A construção da CCT 2022/2024 se deu ao longo de 19 longas e difíceis rodadas de negociação. O novo acordo, assinado em 2 de setembro, teve aprovação aprovado em assembleias por todo o país. As rodadas tiveram início por mesas temáticas, conforme calendário previamente estabelecido na primeira rodada, em 22 de junho. Pela ordem: emprego e terceirização; igualdade de oportunidades; cláusulas sociais e teletrabalho; e cláusulas sociais e segurança bancária.

Para agosto ficaram as mesas de saúde e condições de trabalho e a duas rodadas para discutirem as cláusulas econômicas. Depois disso, outras nove reuniões ficaram previamente marcadas. O objetivo foi esgotar os temas das primeiras mesas até se chegar na proposta final para a categoria, terminando em 26 de agosto. Como não se chegou a um consenso, novas rodadas ocorreram entre 29 e 31 de agosto.

As negociações se deram em um contexto de grandes transformações no Sistema Financeiro Nacional (SFN), com redução absoluta do número de trabalhadores; mudança na pirâmide ocupacional da categoria bancária, impulsionada pela crescente digitalização das transações e redução dos cargos tradicionais do atendimento bancário de caixas e escriturários e o aumento da contratação de trabalhadores de TI.

Teletrabalho

O crescimento do teletrabalho é outra transformação que se observa nos bancos, intensificada durante a pandemia e que deve permanecer para boa parte dos bancários, tornando-se pauta da categoria a sua regulamentação, especialmente quanto ao controle de jornada; direito a desconexão e ajuda de custos, entre outros.

Apenas na 12ª rodada de negociação (em 19/08), a Fenaban apresentou a primeira proposta de índice que foi rejeitada na mesa mesmo: 65% do INPC, naquele momento previsto em 8,95%. Ou seja, uma correção nos salários e demais verbais de 5,82%. Na 13ª rodada, propuseram 81% do INPC (ou 7,19%) nos vales, cobrindo apenas 43% da inflação dos alimentos que estava altíssima naquele momento (em 15,37%). E as propostas seguiram se arrastando por dias e subindo aos décimos, seja nos salários, PLR ou nos vales (VA e VR).

Enquanto os bancos negavam um reajuste decente para os trabalhadores, suas diretorias executivas embolsariam em 2022 um montante em torno de R$ 8 milhões, cada diretor em média, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com alta de 11% em relação ao recebido em 2021 e correspondendo a 132 vezes a remuneração anual de um escriturário, incluindo salário, 13º, férias, tickets e PLR.  

Na 15ª rodada os bancos trataram da PLR, seguindo a estratégia de proposta rebaixada e retirada de direitos: 6,73% nos tetos e valores fixos da PLR, o que correspondia a 75,7% do INPC previsto, com perda estimada de 1,97%. Além disso, os bancos propuseram, também, retirar a cláusula de não compensação dos programas próprios na parcela adicional da PLR. Ou seja, o pagamento resultante desses programas poderia ser abatido do valor da parcela adicional da PLR. Fenaban só recuou sobre esse item na 17ª rodada em 26 de agosto.

Distribuição de PLR

Vale destacar que, nos maiores bancos do país, a cada ano, a distribuição da PLR corresponde a um percentual menor dos seus lucros, de tanto que estes cresceram nos últimos anos. Quando, em 1995, a PLR passou a fazer parte na CCT, os três grandes bancos privados (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander) distribuíam cerca de 14% dos seus lucros. Todavia, em 2021, essa distribuição correspondeu a, apenas, 6,6% de seus lucros. Já no caso da parcela adicional, que prevê distribuição de 2,2% do lucro, os três bancos distribuíram em torno de 1,6% nos últimos anos. Isso se deve, também, a problemas com as regras do programa, que precisa ser revisto.      

Somente em 26 de agosto os bancos apresentaram nova proposta de reajuste para os salários (75,8% do INPC, portanto, com 2% de perda salarial). Essa proposta foi rejeitada por 97% dos bancários participantes das assembleias online ocorridas naquela mesma noite.

As duas últimas rodadas foram ainda mais longas e estressantes, varando duas noites. A proposta final para um acordo de dois anos foi: em 2022, aumento de 10% nos vales alimentação e refeição (VA e VR) e abono de R$ 1.000,00 na forma de uma 14ª cesta alimentação, a ser pago até outubro; reajuste de 13% na parcela adicional da PLR, com correção pelo INPC da data-base (8,83%) nos demais valores fixos e tetos da PLR, além do reajuste de 8% nos salários e nas demais verbas (91% do INPC da data-base). Para 2023, a proposta prevê INPC mais aumento real de 0,5% para salários e demais cláusulas econômicas da CCT da categoria.

Em uma conjuntura tão adversa como a de 2022, os bancários mais uma vez, mostraram resistência e preparo. A proposta aprovada manteve conquistas dos anos anteriores com reajuste para 2022 e 2023. Todavia foi uma negociação muito difícil e, pode-se dizer que os bancos saíram ganhando, no sentido de terem, mais uma vez, oferecido reajuste salarial menor que a inflação no primeiro ano do acordo, como aconteceu em 2016 e 2020.

Governo contra as negociações

Esse resultado demonstra, entre outros fatores, o peso do Governo pressionando contra essas negociações, tendo em vista que dos cinco grandes bancos presentes na mesa, dois são públicos (Banco do Brasil e Caixa) e com grande peso em termos de número de trabalhadores. As duas instituições, de acordo com seus balanços, tinham mais de 86 mil trabalhadores em suas holdings ao final de junho de 2022, cada uma.      

Ainda que tenha sido muito difícil e não se tenha atingido os objetivos esperados com a campanha deste ano, quando se avaliam os impactos de uma negociação como a dos bancários, que somente em 2022 injetará R$ 12 bilhões na economia nacional, é inegável o quanto é importante ter instituições de trabalhadores organizadas contribuindo para o crescimento do país.

Todavia, é importante também que se tenha um Estado que valorize e proteja os trabalhadores, que resgate os direitos perdidos com a reforma trabalhista que tanto prejudicou a sociedade e a economia como um todo, gerando somente informalidade, empregos precários e derrubando a renda, num momento em que a economia está cada dia mais prejudicada pelos altos índices inflacionários.


Vivian Machado – Economista, mestre em Economia Política (PUC-SP). Atualmente, técnica do Dieese, assessorando a subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pesquisadora colaboradora do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Conjuscs)

Fonte: Rede Brasil Atual

 

Fruto de duras negociações que duraram três meses, a nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos financiários foi assinada nesta terça-feira (11), em São Paulo. A CCT, que foi aprovada na noite de segunda-feira (10) por 80,81% dos trabalhadores que participaram em assembleias realizadas por sindicatos da categoria de todo o país, terá vigência até 31 de maio de 2024.

Para 2022, foi conquistado um reajuste de 9% nos salários e nas cláusulas econômicas e reajuste de 12% nos vales alimentação e refeição, além de reajuste de 11,9% nos valores fixos, teto e parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e Vale Abono de R$ 800,00.

Para 2023, a proposta de reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) + 0,3% de aumento real, exceto para PLR que será reajustada somente pelo INPC do período. A manutenção das cláusulas sociais é válida para os dois anos.

“Foi uma campanha difícil, com uma conjuntura desfavorável, na qual conseguimos manter todas as cláusulas da CCT e ainda e aumento real para 2023. Além disso, vamos estabelecer mesas temáticas para debater pontos importantes na convenção das financeiras, como PLR, teletrabalho e outras demandas importantes da categoria”, afirmou o dirigente sindical e coordenador do Coletivo dos Financiários da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Jair Alves.

“O desafio de organizar a categoria dos financiários é grande e ao mesmo tempo motivador para buscarmos sempre os melhores acordos. Mesmo demorando, persistimos em chegar à melhor proposta, com avanços. Os trabalhadores das bases sindicais abrangidas pela CCT precisam fazer um chamamento aos seus colegas de outros estados a buscarem a representação sindical para unirmos forças e continuar conquistando mais”, avaliou Gustavo Tabatinga Jr., secretário-geral da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT

98,31% dos funcionários e funcionárias do Banco Santander reprovam a terceirização em curso no Santander.

Esse foi o resultado das assembleias que ocorreram nesta terça-feira, 11 de outubro, realizadas por Sindicatos dos Bancários de todo o país.

“Esta participação dos trabalhadores deixa claro que não querem deixar de ser bancários, porque reconhecem as conquistas da categoria”, explica a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Lucimara Malaquias. Ela lembra que, nos últimos dois anos, cerca de 9 mil trabalhadores deixaram de ser bancários dentro do Grupo Santander do Brasil.

Com essa manobra do banco privado, os funcionários que são realocados nas empresas terceirizadas deixam de ter os benefícios conquistados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária, como jornada de seis horas, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), como definida na CCT, além de redução no auxílio-creche/babá.

O Santander criou seis empresas que atingem as áreas de tecnologia e investimentos, câmbio e de manufatura.

“O banco realizou transferências forçadas de trabalhadores para novos CNPJ e para outra categoria, o que abre portas para retirar direitos e impor perdas”, pontua Lucimara. 

Organização  

Na assembleia, os bancários também foram perguntados se preferem que sua representação sindical continue sendo por meio de sindicatos dos bancários: 97,58% reafirmaram que sim.

Além da consulta realizada nesta terça, os bancários realizaram protestos em diversas agências e unidades administrativas do Santander, na sexta (7), contra a terceirização.

*Com informações da Contraf-CUT

Trabalhadores associados a fundos de pensão de diversas empresas públicas, como do Banco do Brasil, da Caixa, BNB e Petrobras, voltaram a manifestar preocupação com a possibilidade de desmonte dos planos de previdência complementar, após a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) publicar a Resolução 15, que normatiza a resolução 53, do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), que trata da retirada de patrocínio das empresas aos planos de previdência.

“Precisamos esclarecer que a Resolução 15 apenas estabelece os procedimentos para a retirada de patrocínio dos fundos de pensão. Ela, combinada com a Resolução CNPC 53, garante alguns fatores de proteção aos participantes do fundo que sofre a retirada, com definição clara de critérios e premissas”, explicou o presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão e de Autogestão em Saúde (Anapar), Marcel Barros.

A retirada de patrocínio dos fundos de pensão está contida na Lei Complementar 109/2001, em seu artigo 25. “Esse é o texto que permite que o patrocinador de fundos de pensão fechados, sem necessidade de apresentar razão justa, retire o patrocínio e quebre um contrato que foi assinado quando o trabalhador entrou na empresa”, completou Marcel.

“Portanto, não é com a Resolução 15 que temos que nos preocupar, mas sim com o risco de privatização das empresas públicas. A venda dessas estatais, que são patrocinadoras dos fundos de pensão, é que gera o risco de desmonte da previdência complementar dos funcionários públicos”, explicou.

Escalada de ataques

De 2018 a 2022, a Previc aprovou 433 retiradas de patrocínio de planos de previdência complementar e, ao mesmo tempo, aprovou a criação de 104 novos planos. O levantamento é do especialista em previdência e ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, José Ricardo Sasseron, com base nos relatórios anuais de atividades da Previc, disponíveis no site da autarquia.

“A retirada de patrocínio de planos de previdência é mais um componente dos retrocessos sociais a que a maioria da população brasileira foi submetida nos últimos anos. Para a previdência complementar voltar a crescer, é preciso interromper este processo destrutivo”, avaliou.

A conselheira fiscal suplente eleita da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), entidade de previdência complementar dos empregados da Caixa, Tamara Siqueira, alertou também que a privatização traz sérias ameaça à continuidade dos fundos fechados, “afinal, o governo estaria vendendo as patrocinadoras dos fundos”.

Já Luciana Bagno, conselheira deliberativa eleita da Previ, lembrou que, em 2019, entidades do mercado e o Ministério da Economia criaram o IMK, grupo que tem pressionado as entidades de regulação para revisar as Leis Complementares 108 e 109/2001, “tanto para facilitar ainda mais a retirada de patrocínio dos planos fechados, quanto para transferir os recursos dos fundos dos trabalhadores para os bancos e seguradoras”.

Unidade

O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, destacou que “o movimento sindical, os dirigentes eleitos dos fundos de pensão, assim como a Anapar, estão acompanhando de perto o debate em torno da retirada de patrocínio” e de ameaça de privatizações. “Não aceitamos nenhum direito a menos”, disse.

Tamara Siqueira pontuou também que a união em defesa das empresas estatais é cada vez mais necessária para fazer frente às crescentes ameaças. “O que vem sendo implementado no sentido de promover desmontes dos bancos públicos e demais empresas públicas, os ataques aos direitos dos trabalhadores e a extinção de políticas sociais, devem estar em nossas mentes na hora de irmos às urnas, no segundo turno das eleições para presidente e governadores”, arrematou.

Fonte: Contraf-CUT

Nos últimos tempos, a sociedade brasileira tem tido grande dificuldade para garantir comida na mesa de suas famílias. Neste ano de 2022, a pesquisa Olhe para a Fome contou 33,1 milhões, ou 15,5%, de toda a população, vivendo com a angústia de ter o prato vazio, dia após dia. Em 2020, eram 19,1 milhões nessa triste situação: a velocidade com que esse número cresce no país, um aumento de 73,3% em dois anos, tem chamado a atenção do mundo.

A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), responsável pelo levantamento, afirma ainda que “a continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 mantiveram mais da metade (58,7%) da população brasileira em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade”. Insegurança alimentar é a condição em que a pessoa não tem acesso pleno e permanente a alimentos, em que a fome é a forma mais grave.

Faces mais cruéis

O exame detalhado do estudo revela dados ainda mais cruéis desse diagnóstico social. Enquanto no Brasil, como um todo, são 30,7% das pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, esse índice salta nas regiões Norte (45,2%) e no Nordeste (38,4%), na população negra (65%) e nos lares comandados por mulheres (64,1%), bem como naqueles localizados em zonas rurais (60%). Num país com esse desequilíbrio, em 21,8% das casas de pequenos agricultores, que são exatamente produtores de comida, a fome está presente.

A insegurança alimentar também está relacionada diretamente ao tempo de educação formal: a fome existe em 22,3% das famílias cujos responsáveis puderam estudar no máximo por quatro anos. No sentido contrário, 54,6% dos domicílios em que não falta comida, os ou as chefes da família tiveram a chance de frequentar a escola por oito anos ou mais.

Salário mínimo

Em 91% dos lares com insegurança alimentar (43% dos quais com a presença da fome), a renda por pessoa não alcança 25% do salário mínimo. Por outro lado, em 67% das casas em que a renda atinge um salário mínimo, a família consegue pleno acesso a alimentos – ou seja, há situação de segurança alimentar.

A pesquisa Olhe para a Fome identificou que o reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, como tem ocorrido várias vezes desde 2017, tem aprofundado a miséria no Brasil: se em 2020 não havia fome em domicílios com renda per capita de pelo menos um salário, nessa faixa de renda já são 3% os que convivem com a fome e outros 6% que tiveram que reduzir o acesso aos alimentos.

Fonte: Contraf-CUT

Nesta terça-feira, 11 de outubro, das 8 horas às 20 horas, funcionárias e funcionários do Banco Santander poderão avaliar, através de assembleia, o processo de terceirização promovido pelo banco espanhol.

Na assembleia, que será realizada virtualmente (on-line), estarão as perguntas a serem respondidas, e que só estará disponível durante o período da assembleia.

  • Primeira pergunta: Qual a sua opinião sobre as terceirizações anunciadas pelo Banco Santander? Respondendo pela Aprovação ou Reprovação ou Abstenção;
  • Segunda pergunta: Você compreende que todos aqueles que prestam serviços em atividades que tenham como objetivo operações financeiras devam estar abrangidos pela representação dos Sindicatos dos Bancários? Respondendo por: Sim ou Não ou Abstenção.

PARA VOTAR

Para votar e participar, basta acessar o link de votação: https://bancarios.votabem.com.br/

O link estará, também, disponível em nosso site (http://www.bancariosbaixada.org.br/)

PARTICIPEM!

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) Caixa Econômica Federal cobrou esclarecimentos da direção do banco, nesta sexta-feira (7), após tomar conhecimento das denúncias sobre um convite para um culto em Ação de Graças que foi distribuído fisicamente por gestores aos empregados, em horário de trabalho, em agências. O convite também de grupos de WhatsApp. O caso foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho no Acre e ao Ministério Público Federal.

“É muito preocupante o momento que vive a Caixa. Denúncias de assédio moral e sexual contra seu ex-presidente, o uso político do banco para beneficiar a campanha do atual presidente e agora convite para evento religioso usando a marca da empresa e constrangendo empregados. A Caixa precisa esclarecer para a sociedade qual a finalidade desse evento e porquê a estrutura foi usada”, ressaltou o coordenador da CEE e diretor de Administração e Finanças da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Clotário Cardoso.

No documento, a CEE/Caixa ressalta que “o caráter laico do Estado está consagrado na nossa Constituição…. Tal medida gera constrangimentos entre os empregados que não comungam da mesma crença. O episódio do Acre pode caracterizar mais uma forma de assediar os trabalhadores”.

O funcionário que fez a denúncia ao MPT, que prefere não se identificar temendo represálias, revelou que a preocupação com o constrangimento procede. Isto porque alguns convites foram entregues em agências da capital acreana por uma gerente de varejo e o superintendente executivo de governo.

“As funções na Caixa são por indicação de gestores sempre, pelo menos aqui no meu estado. Esse bom relacionamento é considerado importante”, reforçou.

Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a direção da Caixa não pode se calar diante de mais essa denúncia. “Isto caracteriza mais uma forma de assédio e uso político que precisa ser apurado. Não podemos aceitar que uma empresa pública use a questão religiosa para atender seus interesses de gestão”, disse Takemoto.

A conselheira eleita representante dos empregados no Conselho de Administração, Rita Serrano, também vai questionar a direção do banco. “Usar a logo e as redes internas do banco ferem as normas de conduta e de ética. Não bastava o assédio moral e sexual, agora tem o religioso”.

Rita Serrano manifestou a preocupação também com o uso eleitoral da Caixa. “A direção do banco não apresenta relatórios sobre as denúncias de assédio sexual. Nada mudou do ponto de vista prático no banco, que lançou programa para mulheres para apagar a questão do assédio, agora renegociação de dívidas as vésperas do segundo turno”, acrescentou.

Reação no Acre

O Sindicato dos Bancários do Acre criticou o desrespeito à laicidade garantida pela Constituição Federal. “Será que outras religiões, como as de matrizes africanas teriam o mesmo espaço”, questionou o presidente da entidade e empregado da Caixa, Eudo Raffael Lima da Silva.

Ele disse que já solicitou à assessoria jurídica da entidade uma análise das medidas que podem ser adotadas.

Fonte: Fenae