Nesta terça-feira, 18 de junho, o Comando Nacional dos Bancários, que representa as trabalhadoras e os trabalhadores da categoria, entregou a minuta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). O documento servirá de base à Campanha Nacional de 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
Também foram entregues, pelos representantes dos trabalhadores na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e na Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal, as minutas de reivindicações para a renovação dos Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) específicos, aos respectivos bancos.
Leandro Aresta, Diretor do Sindicato dos Bancários da Baixada Fluminense, representou a Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf RJ/ES) na entrega ao BB.
“Entregamos hoje a minuta de reivindicações à Fenaban, destacando as nossas prioridades, que foram discutidas nas conferências estaduais e na Conferência Nacional, como aumento real, fim do assédio, defesa dos empregos, redução da taxa de juros, entre outras. Entendemos que os grandes bancos, que obtiveram lucros que foram em torno de 145 bilhões, podem atendê-las. Além disso, tiramos um calendário e fazemos questão de manter direitos e a valorização de nossa CCT, que também serve de exemplo para as outras categorias. Saímos com o compromisso de um diálogo aberto, da manutenção da mesa permanente e de uma campanha séria, por parte da Fenaban. A luta não para.”, declarou Nilton Esperança, Presidente da Fetraf RJ/ES.
A minuta entregue à Fenaban seguiu uma série de processos até sua conclusão, passando por conferências regionais e estaduais, foi elaborada com base na Consulta Nacional dos Bancários, que ouviu mais de 46 bancários. O documento foi ainda submetido à aprovação na 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e em assembleias realizadas em todo o país, com aprovação de mais de 95% dos votantes.
MUDANÇAS TECNOLÓGICAS, VALORIZAÇÃO SALARIAL E CRISE CLIMÁTICA
Diante da conjuntura ímpar imposta pelas novas tecnologias – com destaque à Inteligência Artificial – e que traz mudanças profundas no sistema financeiro, a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, reforçou a importância da mesa de negociação.
“Esta mesa é um grande exemplo de negociação coletiva, no Brasil, para as demais categorias e esperamos continuar com a ajuda de todos para valorizar esse espaço. Não há de democracia sem sindicatos fortes”, pontuou.
Ela destacou que, somente no ano passado, os bancos tiveram um crescimento de 5%, o que representou R$ 145 bilhões. “Diante deste dado, que é resultado direto das trabalhadoras e dos trabalhadores, temos a expectativa de um bom acordo”, ressaltou a dirigente.
Juvandia reforçou na mesa que, além das reivindicações por aumento real de 5% (INPC na data-base), valorização do VA e VR, e aumento da PLR, os trabalhadores pedem a manutenção dos empregos, a igualdade salarial entre homens e mulheres, combate ao assédio (moral e sexual) e saúde, ao lembrar, neste último ponto, que a pressão por metas tem relação com o aumento de casos de adoecimento na categoria.
O papel do sistema financeiro no combate à crise climática também foi apontado por Juvandia: “Os bancos não podem colaborar com empresas ou investimentos sem compromisso ambiental”. Ainda no ponto ambiental, a dirigente reforçou a importância de mesas de negociação para atender os trabalhadores atingidos por catástrofes, como a que ocorreu diante da tragédia no Rio Grande do Sul.
CATEGORIA UNIFICADA
Neiva Ribeiro, também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), reforçou a importância da organização da categoria, na consolidação da minuta entregue à Fenaban.
“Essa pauta foi construída a partir de um processo vigoroso de debates e conferências entre nossas bases em todo o país. Foi um trabalho árduo, diante de tantas questões importantes para a categoria, de transformações no mundo do trabalho, com profunda interferência da inteligência artificial, da revolução 4.0 e que impactam todo o cenário político e econômico”, observou.
“Esperamos, nos próximos dias, avançar bastante na defesa do emprego, em condições de trabalho que não sejam adoecedoras, para um mundo mais saudável, e aperfeiçoando os mecanismos de combate ao assédio moral e sexual”, completou.
Carlos Pereira de Araújo, Secretário de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical, observou que “as inovações devem estar a serviço de todos e, sobretudo, dos trabalhadores”. Nesse sentido, acrescentou que a preservação de empregos é determinante para o futuro da humanidade, dado o papel desta função para a segurança e bem-estar social.
CALENDÁRIO
As negociações já começam na semana que vem. Veja abaixo o calendário de negociações:
• Junho: 26/6
• Julho: 2, 11, 19 e 25/07
• Agosto: 6, 13, 20 e 27/8
REIVINDICAÇÕES DA CAMPANHA 2024
Os nove eixos da minuta de reivindicações, aprovados pela categoria, são:
•Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos
•Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas
•Representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro
•Defesa dos empregos, considerando os avanços tecnológicos no trabalho bancário
•Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda
•Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR
•Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva
•Ampliação da sindicalização
•Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com as pautas dos trabalhadores
*com informações da Contraf-CUT