O desrespeito às empregadas da Caixa, vítimas de assédio sexual e moral cometidos pelo ex-presidente do banco, Pedro Guimarães agora partiu do atual presidente da República. Em entrevista ao portal Metrópoles nesta segunda-feira (24), o chefe do Executivo declarou não existir “nada de contundente” nas denúncias das trabalhadoras.
“Não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher. Vi depoimentos de mulheres que sugeriram que isso poderia ter acontecido. Está sendo investigado”, afirmou o presidente do país.
Em nota publicada pelo portal G1, da Globo, os advogados das vítimas repudiam a declaração do presidente e dizem ser motivo de tristeza que “condutas como apalpar seios e nádegas, beijar e cheirar pescoços e cabelos, convocar funcionárias até seus aposentos em hotéis sob pretextos profissionais diversos e recebê-las em trajes íntimos [...] sejam naturalizados” pelo presidente.
O Movimento Sindical, através da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) mais uma vez se solidariza com as empregadas e se coloca em permanente defesa das vítimas. “A declaração do presidente é repulsiva. Embora sua falta de empatia não seja novidade, vista a sua indiferença em relação aos quase 700 mil mortos pela Covid no país, não deixa ser assustador ouvir um presidente relativizar as denúncias das mulheres e o sofrimento de cada uma delas”, disse o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. “A Fenae se solidariza com as empregadas e com todas as mulheres que sofrem assédio e são desacreditadas por quem deveria defendê-las”, concluiu.
A diretora de Políticas Sociais da Fenae, Rachel Weber também se manifestou sobre o assunto. “Não encontrou nada de contundente, mesmo depois das declarações estarrecedoras das mulheres porque, para ele, parece normal usar a expressão ‘pintou um clima’ para meninas de 14 anos”, disse. “É uma fala repugnante, mas compatível com outras tão graves que demonstram seu desprezo às mulheres. Não à toa elas são o público de maior rejeição ao presidente. Se foi uma tentativa de nos intimidar, não deu certo. Essas mulheres não estão sozinhas e sabem que têm todo nosso apoio. Elas não vão se calar!”
A nota traz, ainda, a manifestação das vítimas acerca do comentário do chefe do executivo. “[...] Assim como em suas duras e desprezíveis palavras, fomos desacreditadas e relegadas à nossa própria sorte pela instituição que deveria garantir nossa integridade. Mas não nos calamos e não iremos nos calar”, declararam.
Fonte: Fenae