Novembro 25, 2024
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Caixa e BTG Pactual avançam entre maiores bancos, diz Valor Econômico

Fabiana Lopes e Carolina Mandl
Valor Econômico – São Paulo

Quem apostava que a fusão Itaú Unibanco em 2008 colocaria fim à dança das cadeiras no ranking dos dez maiores bancos do país se enganou. Passados cerca de cinco anos da união que criou o maior banco privado do país, o que se vê é que, mesmo sem grandes movimentos de consolidação recentemente, a lista mostrou significativas mudanças.

Levantamento feito pelo Valor com base nos dados do Banco Central (BC) mostra que, de 2009 a 2013, Caixa Econômica Federal e BTG Pactual ganharam posições no ranking tanto em ativos totais, quanto em crédito. Enquanto isso, Bradesco, Votorantim e Citi perderam espaço.

Os números do BC levam em consideração apenas ativos bancários, sem incluir operações com seguro, cartão, fundo de investimento e securitização, operações que fazem parte dos conglomerados.

Graças à investida no crédito desde a crise financeira internacional de 2008, a Caixa é o banco que mais conquistou espaço. O estoque de crédito do banco quase que quadruplicou de 2009 a 2013, para R$ 485,5 bilhões. Na média, a carteira dos dez maiores bancos do país cresceu 117,8% em igual período.

Em ativos, a Caixa está em terceiro lugar, depois de ultrapassar o Bradesco. Essas cifras, porém, não incluem a Bradesco Seguros, já que a metodologia do BC utiliza apenas ativos bancários. Somadas as operações de seguros, o Bradesco se manteria na terceira colocação em ativos.

Segundo Marcio Percival, vice-presidente de finanças da Caixa, o objetivo do banco é ficar entre as três maiores instituições do país por ativos, mesmo se as operações de seguros do Bradesco fossem incluídas no ranking. Pelo planejamento do banco, isso pode ocorrer ainda neste ano, caso a perspectiva de crescer entre 20% e 22% no estoque de empréstimos se confirme.

A Caixa terminou 2013 com uma participação no mercado de crédito de 18,1%. Para este ano, a meta é alcançar 19,5%. “Essa fatia nos dará condição de estar entre os três maiores bancos. Acho que a Caixa tem estrutura, capital, infraestrutura, carteira de produtos e uma capilaridade na economia brasileira que dão consistência a esse planejamento”, diz Percival.

Questionado pelo Valor sobre a perda de posição para a Caixa, Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do Bradesco, afirma que “não é prioridade do banco assumir uma posição”. “Retomar ou não [a colocação] vai ser algo natural. A preocupação é manter o crescimento com qualidade.”

Os números mostram que o Bradesco ainda não conseguiu reduzir a distância do Itaú Unibanco desde a fusão. Em 2009, em entrevista ao Valor, Lázaro Brandão, presidente do conselho de administração do Bradesco, disse que seu objetivo era diminuir progressivamente a distância do principal concorrente privado.

Até agora o que se viu, porém, foi uma certa manutenção do espaço entre os dois principais bancos privados do país, segundo levantamento feito pela reportagem. Isso acontece mesmo se a Bradesco Seguros for incluída nas contas.

Fora da lista dos dez maiores bancos do país por ativos em 2009, o BTG Pactual contou com duas injeções de capital desde 2010 para ascender no ranking. Controlada pelo banqueiro André Esteves, a instituição terminou 2013 na oitava posição do ranking por ativos. Em crédito, também subiu da 43ª para a 12ª.

Em 2010, o banco recebeu US$ 1,8 bilhão de investidores internacionais, entre eles os fundos soberanos da China, de Cingapura e Abu Dabi. Depois, por meio de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) o BTG Pactual levantou outros R$ 3,2 bilhões em 2012.

Criado em 1983 como uma corretora, o então Pactual foi vendido ao suíço UBS em 2006 e recomprado por seus sócios três anos depois, dando início ao BTG Pactual. “Retomamos o BTG Pactual num momento em que os bancos globais estavam reduzindo seus balanços. Naquela época, o Brasil tinha de colaborar no esforço global do UBS de desalavancagem”, diz João Dantas, diretor de relações com investidores do BTG Pactual.

Até pelo fato de o BTG Pactual ser um banco de investimento – sem operações de varejo e sem competidores perfeitamente comparáveis -, Dantas diz não se guiar muito pelo ranking do BC para determinar onde o banco quer chegar. “O que podemos dizer é que vamos continuar crescendo acima da média dos bancos brasileiros”, afirma.

Quem também ganhou posição na lista dos dez maiores por ativos foi o Safra. Procurado pelo Valor, o Safra informou, em nota, que “o aumento da participação de mercado do banco foi decorrente do trabalho realizado na aquisição de novos clientes e consequente crescimento da base de ativos do banco, principalmente na carteira de crédito”. No estoque de empréstimo, a instituição se manteve na oitava colocação.

O movimento se deu, sobretudo, pelo rebaixamento do banco Votorantim no período para a nona colocação, duas a menos do que em 2009. Em meio a uma reestruturação depois de se deparar com perdas de inadimplência, o banco controlado pela família Ermírio de Moraes reduziu suas operações.

Em recente entrevista ao Valor, João Roberto Teixeira, presidente do Votorantim, afirmou que, mais do que crescimento, o banco tem como principal objetivo rentabilizar suas operações. Depois de nove trimestres consecutivos de prejuízo em meio a problemas com inadimplência, o banco voltou no último trimestre de 2013 a operar no azul.

Com uma posição a menos do que detinha em 2009, o Citi Brasil encerrou 2013 na décima colocação. Segundo o vice-presidente de mercados do Citi Brasil, Pedro Lorenzini, parte dessa perda pode ser explicada pelo fato de o banco conceder empréstimos a empresas no Brasil utilizando o balanço do Citi no exterior. “Eles são feitos para clientes brasileiros, mas aparecem nos livros offshore, do Citi Nova York”, explica. O banco não abre o volume de empréstimos na modalidade, mas informou que esse portfólio teve expansão de 35% entre dezembro de 2012 e 2013.

Recentemente, o Citi também se desfez de alguns ativos, como é o caso da venda da Credicard para o Itaú – operações que deixaram de integrar o balanço da instituição em dezembro de 2013. A venda foi anunciada em maio de 2013, por um total de R$ 2,767 bilhões.

Fonte: Valor Econômico