Abril 26, 2025
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Abril Azul: Mês de Conscientização sobre Autismo

Desde 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 02 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, data escolhida para conscientizar a sociedade acerca da inclusão e participação dos indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ao mesmo tempo, ocorre o Abril Azul, em alusão ao tema.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que, somente no Brasil, existam 2 milhões de pessoas que possuem o transtorno do espectro autista.

O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento, caracterizado por manifestações comportamentais, déficit na comunicação e interação social, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados, que podem levar o indivíduo a apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Em 2012, o Governo Federal sancionou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei nº 12.764/2012), assegurando garantias como saúde, lazer e integridade física e moral aos indivíduos, além de regulamentar a criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea).

Níveis de suporte e gravidade para o TEA

Ainda dentro dos critérios diagnósticos do DSM-5 para autismo, estão presentes os níveis de gravidade ou necessidade de suporte para as atividades da vida diária.

A partir da 5ª edição, o TEA passa a ser dividido em 3 níveis diferentes: leve, moderado e severo.

Os indivíduos diagnosticados no nível leve de TEA com pouco suporte, precisam de atendimentos da área de saúde como: avaliação e acompanhamento com neurologista ou psiquiatra, psicoterapia, terapia ocupacional, nutricionista, dependendo das áreas que estejam deficitárias. O autismo nunca vem sozinho trás diversas comorbidades no quadro como ansiedade, depressão, TDAH, transtornos motores, transtornos sensoriais, alterações alimentares, dentre outros. A classificação leve indicada o nível de autonomia e independência que a pessoa possa ter. Portanto, TEA ou autismo “leve” , não quer dizer que a pessoa não precise de ajuda de profissionais de saúde.

Na CID-11 (última versão deste manual 2022) os diagnósticos de autismo passam a fazer parte dos Transtornos do Espectro do Autismo (6A02), que podem ser identificados das seguintes formas:

Nível 1 de suporte

Em geral, são pessoas que lidam com dificuldades para manter e seguir normas sociais, apresentam comportamentos inflexíveis e dificuldade de interação social desde a infância.

Podem ser mais difíceis de serem diagnosticados pelo masking, estratégia adotada por muitas pessoas com TEA desde a infância para evitarem bullying, sofrimento psicológico e estresse.

No masking, as pessoas com TEA tentam, a partir da imitação do comportamento de pessoas neurotípicas, esconderem o transtorno e se comportarem da forma que a sociedade espera. Ao longo da vida, autistas que tiveram que recorrer a estratégia para se sentirem seguros sentem ainda mais dificuldade de se expressar livremente, precisando de apoio psicológico para desfazer os efeitos negativos do masking.

Mesmo que tenham um nível maior de autonomia para algumas tarefas, vale lembrar que o autista de suporte 1 não é “menos” autista do que uma pessoa de suporte 2 ou 3.

O autista de nível 1 sente impactos consideráveis do transtorno em seu cotidiano, e continua precisando de terapias e acompanhamento profissional.

‌Níveis de suporte 2 e 3 apresentam déficits mais marcantes na comunicação.

Nível 2 de suporte

Em geral, apresentam comportamento social atípico, rigidez cognitiva, dificuldades de lidar com mudanças e hiperfoco (interesse intenso por determinados objetos, pessoas ou temas).

Nesse nível do espectro, o autista demonstra déficits marcantes na conversação, com respostas reduzidas ou consideradas atípicas. As dificuldades de linguagem são aparentes mesmo quando a pessoa tem algum suporte, e a sua iniciativa para interagir com os outros é limitada.

Nível 3 de suporte

Nestes casos, os indivíduos têm dificuldades graves no seu cotidiano e déficit severo de comunicação, com uma resposta mínima a interações com outras pessoas e a iniciativa própria de conversar muito limitada. Também podem adotar comportamentos repetitivos, como bater o corpo contra uma superfície ou girar, e apresentarem grande estresse ao serem solicitados a mudarem de tarefa.

Autistas nível 2 e 3 de suporte também apresentam uma incidência maior de comorbidades, como depressãoTDAH, TOC, ansiedade, epilepsia, distúrbios do sono, dificuldades de fala, distúrbios gastrointestinais, deficiência intelectual e dificuldades de coordenação motora.

Nível de suporte não resume a pessoa autista, porque o espectro se manifesta em cada indivíduo de forma diferente.

Vale lembrar que o nível de suporte não consegue definir o autista por completo. Autistas de nível 3 de suporte podem escrever um livro com ajuda de comunicação aumentada, por exemplo, mas não conseguirem ir ao banheiro ou tomarem banho sem ajuda.

Autistas de nível 1 podem ter dificuldades consideráveis de socialização e aprendizado, mesmo que grande parte das pessoas nesse nível do espectro tenha mais autonomia.

Outro exemplo de como cada pessoa com TEA precisa ser analisada de forma personalizada é a deficiência intelectual.

Nem todo autista não verbal possui deficiência intelectual, assim como nem toda pessoa nível 1 de suporte possui altas habilidades e superdotação.

Apenas o acompanhamento terapêutico a longo prazo pode ajudar cada autista a conhecer a sua individualidade e múltiplas capacidades.

Coletivo Caixa Autista

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) se uniu ao Coletivo Caixa Autista para chamar atenção para a necessidade de inclusão e igualdade de oportunidades para as empregadas e empregados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que trabalham no banco.

De acordo com o Coletivo Caixa Autista, grupo que reúne autistas empregados da Caixa de todo país, nos últimos anos, tem crescido a visibilidade das dificuldades enfrentadas pelos empregados autistas e com outras neurodivergências na Caixa Econômica Federal. Muitos deles encontram barreiras, que vão desde o reconhecimento da sua condição como pessoa com deficiência até a obtenção de suporte adequado no ambiente de trabalho.

“Desejo, neste mês de conscientização do Autismo, que todas as pessoas autistas, assim como eu, tenham o direito de expressar nossa individualidade, sem sermos alvo de julgamentos. Que a equidade nos seja assegurada, não apenas para que tenhamos uma vida mais digna perante a sociedade, mas também para que nos sejam concedidas oportunidades de desenvolvimento profissional, considerando nossas habilidades e necessidades de adaptações. Que possamos edificar uma sociedade mais justa e equânime. Esse desejo nos fez criar o Coletivo Caixa Autista, pois vimos necessidade de uma organização que tenha por finalidade resguardar nossos direitos e anseios dos Autistas que trabalham na Caixa”, comentou Michel Ferreira Barboza, Empregado Caixa desde novembro de 2012, Assistente de Varejo PF na agência Três Rios/RJ, Graduado em Gestão de Pessoas e Pós-graduado em Equipes de Alta Performance pela Estácio.

*Fetraf RJ/ES com informações do Instituto Inclusão Brasil