Outubro 10, 2024
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Casos de adoecimento entre os bancários crescem cada vez mais

Na Consulta da Campanha Nacional dos Bancários 2024, onde participaram mais de 46.824 bancários e bancárias em todo o Brasil, entre as prioridades apontadas categoria para a última Campanha Nacional, a preocupação com a saúde teve destaque.

 

Entre os problemas mais frequentes, destacam-se a ansiedade, a depressão e o burnout. E cada um desses transtornos apresenta particularidades:

Burnout: Esse transtorno está diretamente relacionado à exaustão física e mental no ambiente de trabalho. Além disso, Freitas enfatiza a importância de diagnósticos precisos para garantir um tratamento eficaz. O Ministério da Saúde, por exemplo, já  reconhece o burnout como uma doença relacionada ao trabalho.

Ansiedade: Esse transtorno é marcado por uma preocupação constante e exagerada, que pode resultar em sintomas físicos, como falta de ar e arritmia. Durante a pandemia, a ansiedade aumentou significativamente devido à digitalização acelerada e ao isolamento social.

Depressão: A depressão, por sua vez, provoca uma tristeza intensa e prolongada, impactando a capacidade de trabalhar. É necessário diferenciar entre a depressão e a tristeza temporária para buscar o tratamento correto.

Durante as negociações, o movimento sindical mostrou para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que os bancos são responsáveis por 0,8% do estoque de empregos e 1,5% do total de afastamentos por doenças.

Confira alguns dados extraídos da Consulta:

 

  • 39% dos respondentes declararam ter usado medicamento controlado nos últimos 12 meses;
  • Em relação aos impactos à saúde das cobranças excessivas pelo cumprimento de metas:
  • 67% responderam ter preocupação constante com o trabalho;
  • 60% responderam sentir cansaço e fadiga constante;
  • 53% sentem-se desmotivados e sem vontade de ir trabalhar;
  • 47% tem crises de ansiedade/pânico; e
  • 39% sentem dificuldade de dormir mesmo aos finais de semana (entre outros sintomas).

Dados de Afastamentos na Categoria Bancária
(Smartlab – INSS)

  • A Categoria Bancária representa 0,8% do emprego formal. Com relação ao auxílio doença previdenciário, a taxa de afastamento nos bancos comerciais chegou a 289,7 para cada mil vínculos;
  • Analisando dados por ocupação, nota-se que ocupações tipicamente bancárias estão entre as que geraram maiores taxas de afastamento acidentário: gerente de agência (12,3 para cada mil); gerente de contas PF e PJ (11,4 para cada mil); e caixa de banco, com taxa de 11,0 para cada mil vínculos;
  • Em 2022, foram registrados no país 105,2 mil afastamentos acidentários, sendo 3,7% na Categoria Bancária. Ocorreram ainda 928.5 mil afastamentos previdenciários, 1,5% na Categoria Bancária;
  • o Em relação aos afastamentos relacionados à Saúde Mental e Comportamental, em 2022, a Categoria Bancária foi responsável por 25% dos afastamentos acidentários (B91) e 4,3% dos afastamentos previdenciários (B-31);
  • Em 2012, os afastamentos acidentários de bancários foram motivados, em sua maioria, por doenças “Osteomuscular e Tecido Conjuntivo” (48,7%). Já em 2022, as doenças Mentais e Comportamentais foram as principais causas dos afastamentos, responsáveis por 57,1% do total dos afastamentos na categoria bancária;
  • Quanto aos afastamentos previdenciários, as doenças Mentais e Comportamentais foram as principais responsáveis pelo total de afastamentos em ambos os períodos (23,6% em 2021 e 40% em 2022);
  • Taxa de ocorrência de afastamento: a utilização do conceito de taxa como indicador é um parâmetro comum que propicia melhor análise comparativa. Em 2022, a taxa de afastamento acidentário na categoria bancária ficou em 9,1 para cada mil vínculos, enquanto a média geral da economia foi de 2,0 para cada mil vínculos;
  • Nos bancos comerciais, a taxa de afastamento acidentário foi de 37,3 para cada mil vínculos e nos bancos múltiplos com carteira comercial a taxa foi de 9,5 para cada mil vínculos.

RISCO NO AMBIENTE DE TRABALHO

Uma pesquisa nacional da Contraf-CUT/UNB, neste ano, com o objetivo de investigar as relações entre o trabalho bancário e o adoecimento na categoria, revelam a presença de fatores de risco no ambiente de trabalho, com riscos psicossociais.

De acordo com a Dra Ana Magnólia Mendes, coordenadora da pesquisa, a presença intensa de relações produtivistas intensificam a sobrecarga no trabalho: "Essas relações são caracterizadas pelo foco em metas, pela cobrança por resultados, pela pressão intensificada pela vigilância de resultados e também pela insuficiência de pessoas para realizar as tarefas que contribui para um ritmo de trabalho excessivo".

AÇÕES CONCRETAS E RECOMENDAÇÕES 

Em 2022, a OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fizeram um chamado à ações concretas para atender às preocupações sobre a saúde mental da população trabalhadora. Na época, estimou-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, custando à economia global quase 1 trilhão de dólares. As diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho recomendam ações para enfrentar os riscos à saúde mental, como cargas pesadas de trabalho, comportamentos negativos e outros fatores que geram sofrimento no trabalho.

Pela primeira vez, a OMS recomenda o treinamento de gestores para desenvolverem capacidades para prevenir ambientes de trabalho estressantes e responder aos trabalhadores em sofrimento.