O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem recebido dos funcionários do Itaú diversas reclamações referentes ao pagamento do programa Agir. Dirigentes da entidade apuraram que de um universo de 80 agências da zona norte da capital paulista, menos de 10% delas foram elegíveis ao pagamento do programa.
“Por que eu vou me empenhar em vender além das responsabilidades que tenho em relação ao cargo exercido, se no final da campanha eu constatei que recebi menos que um caixa da agência?”, indaga uma gerente. Ela afirma que ficou com vergonha de comentar o valor recebido.
“A questão não é o valor que o caixa recebeu, e sim que a cada campanha que se fecha percebo que a minha rentabilidade só cai enquanto as minhas responsabilidades dentro da agência são as mesmas ou só aumentam”, disse.
“Eu vendia seguros e isso valia três pontos. Hoje caiu para meio ponto e a meta aumentou 100%. Só não tive mais perdas porque nós tivemos isenção do IR”, exemplifica a mesma gerente, citando a conquista dos trabalhadores que isenta ou reduz consideravelmente o pagamento de imposto de renda na PLR.
A dirigente do Sindicato Marcia Basqueira lembra reforça a reivindicação de que as metas sejam coletivas e não individualizadas. “É um absurdo! Cada vez mais o banco cria mecanismos para que o bancário não receba a remuneração variável. O que nós queremos é ouvir os trabalhadores nos nossos canais e, futuramente, abrir uma negociação com o banco”, ressalta.
Cara
A pressão tanto nas agências quanto nos departamentos revoltam os trabalhadores, que desabafam com criatividade. Um bancário enviou sua contribuição ao Sindicato, numa paródia da música Esse cara sou eu, de Roberto Carlos.
O cara que pensa no Agir toda hora
Que conta os seguros quando a meta estoura
Que está todo o tempo querendo vender
Porque já não sabe se o emprego vai ter
E no meio da noite não dorme e reclama
Pensando que o chefe não ama
Esse cara sou eu
O cara que pega o caixa pelo braço
Esbarra em quem for que interrompa seus passos
Está do seu lado pro que der e vier
Desde que você venda pra homem ou mulher
Pra vender ele encara o perigo
Fazendo mil pontos sofridos
Esse caro sou eu
Eu sou um cara “feito pra você”
Quando chega a meta ele chora
Vendendo a mãe pra não ir embora
Esse cara sou eu
Esse cara sou
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo