O MPT (Ministério Público do Trabalho) encontrou, na manhã desta sexta-feira (8), 50 trabalhadores em condições precárias em uma obra do banco Santander, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (93 km de São Paulo). Entre as irregularidades, estão a falta de banheiros, acomodações insuficientes e colchões sem roupa de cama. Além disso, uma caixa de energia foi localizada sem a tampa protetora, o que poderia resultar em curto-circuito, risco de descarga elétrica e incêndio.
No local, que já sofreu outras intervenções do MPT, será instalado o Data Center da instituição financeira. Os trabalhadores ficavam em duas casas construídas no terreno. Havia no local apenas dois banheiros com chuveiros –um para cada 25 operários.
De acordo com o MPT, em alguns casos, dez pessoas dividiam o mesmo quarto. Nos cômodos havia sujeira, resto de comidas e bebidas, fios desencapados e vasos sanitários entupidos. Os trabalhadores afirmaram que também não recebiam produtos de higiene pessoal.
De acordo com o MPT, o problema já havia sido constatado na quarta-feira (6), quando houve outra fiscalização no local. Na ocasião, o MPT expediu uma ordem para a retirada dos operários do local e assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a empreiteira Machado & Machado, que se responsabilizou a regularizar a situação até ontem.
Por isso, empresa e o banco Santander serão autuados pelo descumprimento. Na vistoria de hoje, foram encontrados sete colaboradores, sendo seis do Nordeste e um de Hortolândia (região metropolitana de Campinas). Eles estavam na cidade há quatro meses. Os outros trabalhadores estavam na obra.
O promotor do MPT Nei Vieira afirmou que eles já deviam ter deixado o alojamento e recebido todos os vencimentos e benefícios da rescisão de contrato.
“Nós resolvemos vamos à obra para verificar porque esses trabalhadores ainda não foram resgastados. Nosso objetivo agora é que esses trabalhadores saiam dessa situação”, afirmou.
A assessoria de imprensa do banco Santander informou, por meio de nota oficial, que não tolera esse tipo de conduta e que já contatou a empresa responsável pelo construção “para que a mesma adote imediatas providencias com os terceiros por ela contratados para o cumprimento das regras legais”.
A reportagem tentou entrar em contato com a Machado & Machado, por meio de telefone fixo, mas ninguém atendeu e não houve retorno.
Problemas
O caso não é o primeiro envolvendo irregularidades na obra do Santander. Em fevereiro do ano passado, um engenheiro espanhol responsável pela edificação de um prédio foi preso e acusado por ter colocado em risco a vida dos trabalhadores da construção.
Segundo o MPT, o engenheiro descumpriu um embargo administrativo do Ministério do Trabalho, que havia interditado equipamentos da obra onde 800 pessoas trabalham para construir o futuro Data Center do banco.
Procuradores do MPT e auditores do Ministério do Trabalho flagraram a utilização de andaimes, gruas e empilhadeiras que representavam risco aos trabalhadores.
O MPT constatou também falta de uso de equipamentos de proteção, ausência de proteções contra quedas, desorganização no canteiro e falta de isolamento da área onde há movimentação de cargas por equipamento de transporte.
Ainda de acordo com o MPT, “dezenas de infrações à segurança e medicina do trabalho foram constatadas, as quais, inclusive, motivaram acidentes graves, como do trabalhador que quebrou a perna ao cair de um andaime na semana passada, ficando com duas fraturas expostas”.
A obra, na ocasião, era tocada pela empresa espanhola Acciona, que foi dispensada pelo banco depois de receber pelo menos 50 multas por causa das irregularidades.
Fonte: UOL