Março 29, 2024
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Caixa se compromete a contratar mais empregados

Em reunião de negociações com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal, ocorrida nesta segunda-feira (25), o banco se comprometeu em dar continuidade das fases do processo de contratação, previsto em edital, dos candidatos já convocados e com exames médicos aptos.

“Nos últimos anos, a Caixa vem reduzindo drasticamente no número de trabalhadores no banco. Na contramão, houve um grande aumento do número de clientes e de contas. Isso causa superlotação, sobrecarga de trabalho e adoecimento, prejudicando o atendimento à população”, observou o coordenador da CEE, Clotário Cardoso ao destacar que a Caixa possui mais de 142 milhões de clientes e 220 milhões de contas bancárias e que cada empregado é responsável pelo atendimento de, em média, 1.700 clientes. Para Cardoso, a contratação prometida pela Caixa é bem-vinda, mas a demanda por mais contratações permanece. “Para acabar com a sobrecarga de trabalho, a superlotação, adoecimento dos trabalhos e atender bem seus clientes, seria preciso contratar de aproximadamente 30 mil empregados”, completou.

A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) autorizou a Caixa a contratar mais empregados até completar um quadro de 87.544 trabalhadores. Hoje o banco possui 86.907 empregados, segundo dados dos representantes da Caixa.

GDP

Outro avanço nas negociações desta segunda-feira foi a disponibilidade do banco em debater sobre o Programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). “Para nós, a GDP deveria ser gestão de desenvolvimento de pessoas e não de desempenho. Do jeito que está ela pode ser utilizada como forma de assédio”, afirmou Cardoso. “Precisamos encontrar formas para construir uma ferramenta que ajude os trabalhadores a se desenvolver e ascender na carreira, não a sofrer assédio”, completou.

“Existem alguns princípios que precisam ser levados em conta na hora de tratar da ascensão de carreira. A nossa lógica de avaliação de desempenho de pessoas precisa valorizá-las e não levá-las ao adoecimento”, disse a diretora executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil.

Para o representante da Federação Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (Feeb – BA/SE), Emanoel Souza a Caixa adoeceu e esta é a oportunidade de se construir uma vacina para se evitar episódios desagradáveis. “Precisamos construir outras ferramentas e instâncias de avaliação que estejam descontaminadas com o vírus do assédio”, disse. “Devemos sinalizar os pontos que devem ser levados em conta para esta construção”, completou.

“Precisamos construir uma ferramenta que funcione independentemente da mudança de governo, ou gestão”, observou Emanuel.

A Caixa aceitou discutir a GDP para que haja uma construção conjunta de uma ferramenta de avaliação do desempenho das empregadas e empregados.

Seleção interna

Outra demanda apresentada pela representação dos empregados foi com relação aos processos de seleção interna (PSI). “Existem inúmeros relatos de travas que impedem a ascensão profissional”, disse o coordenador da CEE.

A Caixa informou que desde novembro de 2020 não existem mais travas que impedem a ascensão.

“Pode não existir a trava formal, mas a Caixa impede a saída, porque não existe a contratação para a substituição da pessoa. Se ela sai o departamento, ou agência fica desguarnecido. Aí dizem que somente libera, se o próprio trabalhador arrumar alguém para substitui-lo”, explicou a representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Vivian Carla de Sá.

A representação dos trabalhadores também cobrou maior divulgação do fim das travas no PSI. A Caixa se comprometeu a melhorar a comunicação e encontrar formas para que não se impeça a ascensão profissional. Mas, com relação aos optantes pelo REG/Replan não saldado disse que estes estavam cientes da impossibilidade quando fizeram a opção.

O representante da Feeb-BA/SE discorda. Ele disse que no momento da opção o documento dizia que não haveria empecilhos à ascensão na carreira, ou travas às seleções internas.

Jornada

A representação dos empregados também apresentou a demanda de jornada de quatro dias semanais. “Quando os bancários conquistaram as seis horas de trabalho, todo mundo achava que era utópico. Agora, estamos trazendo a reivindicação de uma jornada de quatro dias por semana”, disse Cardoso.

Eliana Brasil, diretora executiva da Contraf-CUT, ressaltou que existem estudos que mostram haver ganho de produtividade quando se há redução de jornada. “Os trabalhadores trabalham mais felizes. Além disso, também existe a possibilidade de se aumentar as contratações”, disse.

Outros assuntos

A reunião também tratou sobre descomissionamento arbitrário, a incorporação de função gratificada e o fim da designação por minuto para as funções de caixa, tesoureiro e avaliador de penhor.

“Os empregados lutam para conquistar uma função gratificada, mas quando conseguem obtê-la se estabelece uma grave dependência, já que em alguns casos ela representa 60% ou mais da remuneração do trabalhador. Por esse motivo regular com clareza o acesso às funções é um dos pontos cruciais da mesa especifica com a Caixa”, Carlos Augusto (Pipoca), representante da Federação Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb-SP/MS).

Sobre a designação por minuto o banco concorda em debater e quer agendar uma reunião específica para tratar do assunto. Mas, com relação aos outros dois temas o banco se nega a retomar a incorporação das gratificações de função e disse que os descomissionamentos ocorrem quando há motivação, classificando-os como desligamentos motivados.

A representação dos trabalhadores também pediu o retorno das áreas de logística e gestão de pessoas nos estados/regiões.

Fonte: Contraf-CUT