Em entrevista exclusiva ao site da Contraf-CUT, o presidente da CUT, Vagner Freitas, chamou sindicatos e trabalhadores para a grande mobilização marcada para 29 de maio em todo o país, ” Dia Nacional de Luta e Paralisação”, contra o Projeto de Lei da Terceirização, a retirada de direitos e a agenda conservadora do Congresso Nacional, que ameaça a classe trabalhadora brasileira.
“O PL 4330, agora PLC 30/2015 no Senado, não pode passar, se for aprovado vai acabar a carteira profissional, vai acabar CLT, acabam férias, 13º salário, fundo de garantia, todos os direitos conquistados ao longo de muito tempo. A única forma de mudar é com pressão social, com a mobilização dos sindicatos e dos trabalhadores”, afirma Vagner Freitas.
O presidente da CUT também conversou com a Contraf-CUT sobre as MPs 664 e 665, medidas provisórias que restringem o acesso ao auxílio doença, pensão por morte, seguro-desemprego, abono salarial e que prejudicam os trabalhadores.
Contraf-CUT - Quais devem ser os próximos passos dos trabalhadores na luta contra ampliação da terceirização, aprovada sem limites pela Câmara e que agora tramita no Senado?
Vagner Freitas - A única forma de mudar é com pressão social. A composição do Congresso é uma composição conservadora, mas nós temos condições de mudar o que aconteceu na Câmara com pressão social, com mobilização dos sindicatos e dos trabalhadores. O PL 4330, aprovado pela Câmara, agora PLC 30/2015 no Senado, com o mesmo texto, não é uma discussão sobre terceirização, por trás disso tem a ação e os interesses do setor patronal brasileiro. Também é um golpe profundo contra a organização sindical combativa no Brasil. O PL 4330 não pode passar, se ele passar no senado, vai acabar a carteira profissional, vai acabar CLT, acabam férias, décimo terceiro salário, fundo de garantia, todos os direitos conquistados ao longo de muito tempo.
Contraf-CUT - A CUT está chamando os trabalhadores pra uma grande mobilização no dia 29 de maio. Quais as orientações?
Vagner Freitas - A nossa estratégia é pressionar os senadores e para isso nós já temos uma agenda extraordinária marcada. No dia 29, “Dia Nacional de Luta e Paralisação, estamos orientando que os trabalhadores saiam às ruas e que não compareçam ao trabalho para pressionar o Congresso, para pressionar os patrões, a não retirarem direitos dos trabalhadores. Juntos com os movimentos sociais vamos defender a democracia, pois do jeito que está o Congresso Nacional se o povo não se unir a tendência é retroceder. E não é isso que o povo quer. Não aceitamos mexer nos nossos direitos conquistados com muita luta. Nenhum direito a menos. Dia 29 de maio os trabalhadores estarão nas ruas mais uma vez.
Contraf-CUT - Diferente da Câmara, a condução do Projeto da Terceirização no Senado pode mudar, ou mesmo derrubar os pontos que prejudicam os trabalhadores?
Vagner Freitas - Na audiência que a CUT teve com Renan Calheiros, o presidente do Senado disse que pensa diferente do deputado Eduardo Cunha. Informou que o Senado vai promover mais debates sobre o tema, com mais calma, ouvindo toda a sociedade e não da forma atabalhoada como o PL 4330 foi aprovado na Câmara. O senador reconheceu que a terceirização na atividade fim é ruim não só para trabalhadores, mais também para o país, que ao escolher um desenvolvimento com precariedade prejudica sua receptividade no mercado externo. Sem dúvida é uma postura muito melhor do que a de Cunha. Mas não podemos vacilar, estas questões referentes aos políticos dependem muito da temperatura, se não houver pressão no Senado também, a posição do presidente pode ser superada pela atuação dos outros Senadores, então é com luta e pressão social que os trabalhadores conseguem mudar.
Contraf-CUT - Outras mudanças que prejudicam o trabalhador estão relacionadas às edições das MPs 664 e 665. De que forma a CUT aumentará a pressão para reverter estas medidas?
Vagner Freitas - A CUT é contrária às medidas provisórias. No dia 29 de dezembro emitimos nota oficial repudiando estas medidas provisórias, em primeiro lugar, porque retiram direitos dos trabalhadores e em segundo lugar, porque estão sendo feitas dentro do ajuste fiscal do governo , com o qual a CUT não concorda e sem consultar os trabalhadores. A proposta da CUT é que essas medidas sejam suspensas e que esses assuntos sejam discutidos na mesa quadripartite sobre Previdência Social, que é local adequado para se debater e consultar a sociedade. Os trabalhadores não podem pagar com seus direitos pelo ajuste que o governo está propondo. A CUT está procurando os deputados e senadores para que eles mudem de posição e não votem estas medidas. Caso haja votação estaremos nas galerias pressionando contra a aprovação. Os bancários assim como todos os trabalhadores estão muito ameaçados porque haverá demissões, redução de salários e de benefícios da previdência, quando forem aposentar, entre outras perdas. Não concordaremos com qualquer medida que venha a prejudicar a classe trabalhadora. No dia 29 faremos uma grande mobilização.
Fonte: Contraf-CUT