Novembro 25, 2024
Slider

Vice-presidenta do Itaú, Cláudia Politanski, defende terceirização

Um bancário que já trabalhou como terceirizado vive alertando os colegas da sua área sobre os riscos do projeto de lei da terceirização, que agora tramita no Senado com o nome de PLC 30/2015. “Muitos bancários vivem anestesiados pela quantidade de trabalho e que ainda não perceberam a desgraça que pode se abater sobre todos se for aprovada a terceirização para atividade-fim.”

Para os que ainda têm dúvida de para quem é boa a terceirização, o depoimento da vice-presidenta do Itaú, Cláudia Politanski, – durante a festa de 15 anos do jornal Valor, realizada na segunda-feira 4 de maio, em São Paulo – clareia as ideias. Para a banqueira, a terceirização reforça os direitos trabalhistas. “É um projeto bom, de avanço. Não prejudica os direitos trabalhistas, muito pelo contrário, em alguns aspectos reforça a CLT”, afirmou ao Valor.

E para os bancários que creem que a terceirização não atingirá funções como a de caixa ou gerência, Cláudia Politanski, esclarece: “Essa discussão sobre atividade-meio e fim é falaciosa. É muito difícil usar esse critério para definir”, declarou, defendendo a criação de um “sindicatão” para representar empresas terceirizadas.

“É lamentável ver uma declaração como essa, defendendo a precarização do trabalho no país, justamente da direção de uma empresa que em apenas três meses do ano alcançou lucro de quase R$ 6 bilhões, crescimento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma a diretora executiva do Sindicato e funcionária do Itaú, Marta Soares, ressaltando que parte desses vultosos ganhos vem justamente da terceirização, institucionalizado no banco.

Entre 2008 e 2014, o Itaú aumentou em 137,2% o investimento em serviços de terceiros. “Para agravar a situação para bancários e clientes, o número de empregados do banco caiu 20,2% no mesmo período. E aí perguntamos à vice-presidenta do Itaú: a terceirização é boa pra quem? Enquanto tira a vaga de trabalho do bancário, contrata terceirizados sem direitos como vales-refeição, alimentação, licença-maternidade ampliada, auxílio-educação”, critica Marta.

“Na área de tecnologia do Itaú, por exemplo, dos aproximadamente 10 mil funcionários, 3 mil são terceirizados. Eles ganham, em média, 40% menos que os bancários. O avanço na precarização nas últimas décadas só não é maior por conta da luta da categoria bancária, ao lado do Sindicato, contra a terceirização”, relata.

Eles querem mais 

O projeto da terceirização, aprovado na Câmara dos Deputados como PL 4330, agora é PLC 50/2015 no Senado. Apesar de rasgar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) ao autorizar a terceirização para qualquer setor em qualquer atividade de todas as empresas, os empresários querem mais. É o que retrata a edição 1.089, de 13 de maio, da revista Exame – um dos veículos de comunicação preferidos dos “empreendedores” do país. A publicação ressalta que desde 2004, quando foi encaminhado à Câmara, a proposta de regulamentação da terceirização recebeu 240 emendas que podem trazer “novos problemas” para o “setor produtivo”.

Os problemas são, por exemplo, ter de recolher contribuição previdenciária dos terceirizados, ou “mais burocracia”. Ou “custos desnecessários” como o fundo de 4% do valor dos contratos, que garantiria o pagamento de verbas trabalhistas. Na Exame, a garantia de algum direito para os terceirizados é caracterizada com eliminação de “vantagens” para os empresários.

Assim como a vice-presidenta do Itaú parece crer, a reportagem da Exame ouviu uma fonte que afirma que terceirizados ganham menos porque a maioria está em serviços de segurança e limpeza ou “menos qualificados”. 

“E o que eles têm a dizer de todos os trabalhadores terceirizados pelas instituições financeiras que recebem menos para fazer atividade de bancários?”, questiona a dirigente sindical Marta Soares. “Não se engane e proteste: o que as empresas querem, com o PL da terceirização, é lucrar mais retirando direitos dos trabalhadores.”

Proteste

Todos os bancários devem reforçar a luta contra a terceirização. O 29 de maio será o dia nacional de paralisação promovido pela CUT contra a aprovação do PL da Terceirização e a retirada de direitos dos trabalhadores. Além disso, a categoria pode protestar também enviando mensagem aos deputados, senadores ou via enquete promovida pelo Senado, onde o PL da Terceirização já aparece com seu novo nome, PLC 30/2015. 

Fonte: Seeb SP