Em um momento em que os casos de contaminação pelo coronavírus aumentam entre os funcionários do Banco do Brasil, o movimento sindical foi surpreendido, nesta terça-feira 4, com uma situação absurda: a direção da empresa alterou unilateralmente os protocolos de segurança contra a Covid-19 inscritos no manual para o trabalho presencial.
As alterações foram feitas ignorando compromissos da empresa registrados em acordo junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no âmbito federal.
Diante da medida, o movimento sindical irá buscar as medidas judiciais cabíveis a fim de garantir os trabalhadores em segurança, através do trabalho remoto.
A mudança mais acintosa ocorre por ocasião da denúncia publicada pelo Sindicato de São Paulo, Osasco e região contra os desmandos da Diretoria de Operações, liderada pelo diretor João Frescura, conhecido como Piti.
O gestor se recusa a encerrar o expediente das suas unidades subordinadas e a dispensar os funcionários com abono das horas restantes, para fins de higienização da dependência e visando o bem-estar mental, físico e social dos funcionários, conforme preconizado nos protocolos até então, quando o colega contaminado estivesse na dependência nas últimas 72 horas. O banco excluiu unilateralmente este trecho do protocolo.
“A situação é mais impressionante tendo em vista que os casos de contaminação estão proliferando dentro da empresa numa velocidade extrema, jamais vista em outros momentos”, avalia Getúlio Maciel, representante da Comissão de Empresas dos Funcionários do BB pela Fetec-CUT-SP.
“Ou seja, a direção do banco permite que a dependência funcione mesmo quando o funcionário contaminado já teve contato com vários colegas, aumentando a possibilidade de transmissão do coronavírus, ao invés de efetuar o devido cuidado com a dispensa dos funcionários e a devida higienização do ambiente. Isso é um grande disparate!”, protesta o dirigente.
A Diretoria de Gestão de Pessoas já havia informado a Contraf-CUT e a Coordenação da Comissão de Empresa que, mediante a denúncia recente, não poderia cumprir essa parte do protocolo, que se destinava apenas a agências pequenas, ao invés de grandes departamentos.
Essas medidas de segurança, contudo, foram amplamente discutidas com o movimento sindical no início de novembro, durante as tratativas para a volta gradual do trabalho presencial, e foram chanceladas junto ao MPT.
“O espanto com essa decisão, além do desrespeito ao acordado com as representações sindicais, é que ela vem no momento mais inoportuno possível, com aumento de contaminações dentro do banco, inclusive com sobrecarga na telemedicina da Cassi, cujo atendimento tem durado entre 7 a 8 horas, estimulando a desistência e a procura pelo atendimento presencial, e obrigando os funcionários a pagarem do próprio bolso os exames”, enfatiza João Fukunaga, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e Secretário de Administração e Organização do Sindicato.
“Para os membros da Comissão de Empresa, esse é o baixo nível não desejado com o qual o atual corpo diretivo do BB, alinhado à política negacionista do governo Bolsonaro na gestão Paulo Guedes, lida com a pandemia de Covid-19, a ponto de colocar em risco a vida dos funcionários que constroem diariamente o resultado no BB”, afirma Fukunaga.
Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo