O Brasil registrou 639 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Com o acréscimo, são 247.143 vítimas do coronavírus no país desde o início do surto, em março. Os registros às segundas-feiras tendem a ser defasados em função do número reduzido de profissionais que atuam aos domingos. O erro tende a ser corrigido ao longo da semana.
Também foram contabilizados 26.986 novos casos da doença, em um total de 10.195.160. Ontem (21), o Brasil ultrapassou um mês com média de mortes acima de mil (desde o dia 21 de janeiro). As curvas epidemiológicas de casos e mortes seguem em patamares elevados, similares aos registrados durante a primeira onda de maior impacto, entre junho e setembro. Os números são consolidados diariamente pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
Somente 3,27% da população foi vacinada no Brasil, ou 7 milhões de doses aplicadas. O ritmo é lento e aquém do potencial do Sistema Único de Saúde para imunização. Entretanto, faltam doses. A lentidão do governo federal para a aquisição de vacinas agora reflete em um processo conturbado e frágil no caminho para alcançar a desejada imunidade coletiva. O que há de concreto é a expectativa para esta semana da chegada de 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, que vem da Índia. E também a entrega de 3,5 milhões de doses da CoronaVac, em processo de finalização no Instituto Butantan.
Já o cronograma de aquisição de vacinas apresentado na última semana pelo Ministério da Saúde conta com expectativas difíceis de serem alcançadas. Estão no programa imunizantes que sequer tiveram o pedido de uso emergencial recepcionados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É o caso da Covaxin, vacina indiana do laboratório Bharat Biontech.
Negociações
Diante do imbróglio do governo federal, outras instituições de poder articulam da forma como podem mais vacinas. Governadores tentam comprar diretamente de fornecedores, como é o caso da Bahia que tenta negociar 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V.
O Congresso Nacional entra também agora no processo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), concedeu uma entrevista coletiva no início da tarde após reunião entre senadores e representantes de farmacêuticas. As empresas em questão são a Jansen e a Pfizer, ambas com vacinas em uso em boa parte do mundo. Entretanto, existe um problema na autorização desses fármacos.
O Estado brasileiro se recusa a aceitar contratos que se eximem da responsabilidade da empresa em eventuais efeitos colaterais. A Pfizer argumenta que mais de 60 países aceitaram o contrato padrão da mesma forma como foi apresentado no Brasil. E que reduziu o valor dos fármacos em razão da emergência e também da questão da responsabilidade.
Pacheco disse que “a composição do preço das vacinas compreende um lucro abaixo do normal relacionado com a impossibilidade das empresas lidarem com riscos futuros. Este vem sendo um dos impeditivos”. E que vai “transmitir para o ministro (Eduardo) Pazuello os problemas da indústria e identificar o que precisa ser feito para superar os obstáculos”, disse o senador.
“Uma das possibilidades é um ajuste normativo, uma lei, ou no âmbito de medida Provisória, ou projeto de lei original que permita a União que fique com os riscos, constitua garantias e contrate seguros com essa finalidade. Vamos identificar uma forma adequada que possa permitir que o Brasil tenha as vacinas da Pfizer e da Jansen o mais rápido o possível”, completou.