O jornal Valor Econômico publicou nesta sexta-feira (9) uma reportagem mostrando que, apesar do cenário econômico desfavorável, a maioria dos trabalhadores do Brasil conseguiu aumentos reais em 2014, com base em pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese) e da plataforma salarios.org.br, mantida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A análise considera que, embora a economia tenha se estagnado e o setor industrial encolhido, muitas categorias conquistaram em suas campanhas salariais resultados iguais ou superiores aos do ano anterior.
Com unidade nacional e forte mobilização, os bancários obtiveram ganho real pelo 11º ano consecutivo em 2014. A categoria arrancou 2,2% de aumento acima da inflação nos salários e 2,49% nos pisos, além de outros avanços.
O levantamento do Dieese indica que, em 2014, os reajustes em 340 unidades de negociação pelo país tiveram desempenho superior ao de 2013, quando a média de aumento real foi de 1,15%.
Entre janeiro e junho, segundo José Silvestre de Oliveira, coordenador de Relações Sindicais do Dieese, o ganho real médio apurado foi de 1,54%, o maior desde 2008 quando começou a série de pesquisas. No primeiro semestre de 2014, 93,2% dos acordos foram reajustados acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Além da média elevada, afirma Silvestre, os aumentos reais devem continuar disseminados entre as categorias. Para ele, o PIB é um indicador importante, mas não é o único levado em conta nas negociações. A política de valorização do mínimo e a geração contínua de postos pelo mercado de trabalho – ainda que em ritmo mais lento em 2014 – foram importantes fatores de pressão a favor dos trabalhadores.
O estudo da Fipe aponta para o aumento médio real de 1,8% entre janeiro e outubro. Em outubro, o valor médio do piso nos acordos foi de R$ 982, o que representa 36% maior do que o salário mínimo no período.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico