O Brasil ultrapassou a marca de 65 mil mortos pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. São 65.487, de acordo com balanço desta segunda-feira (6) do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Já o número oficial de infectados é de 1.623.284.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 620 mortos e 20.229 novos casos. O número, apesar de mais baixo do que os últimos dias da última semana, mostra tendência de manutenção da curva epidemiológica em alta. Isso porque os dados das segundas-feiras tendem a ser defasados, pois menos profissionais da saúde trabalham aos domingos. Com isso, menos notificações chegam às autoridades sanitárias e são atualizados a partir da terça.
Com a manutenção da curva epidemiológica em tendência de estabilidade no número de mortos e ascensão no número de casos, o Brasil é o epicentro do vírus no mundo, posto que ocupa há mais de um mês. A pandemia tem alta letalidade no Brasil, diferentemente de países asiáticos, europeus e vizinhos da América Latina.
A persistência da letalidade no país se dá pelas más condutas do poder público local, alertam cientistas. O Brasil é um dos países do mundo que menos realizam testes, um dos únicos a não adotar medidas rígidas de isolamento social e o único país “democrático” que tem um presidente que ridiculariza a ciência e o vírus.
Antes de ser afetado pelo novo coronavírus, o país teve tempo de sobre para se preparar. A doença chegou na América Latina pelo menos três meses após efeitos devastadores na Europa e na Ásia. Entretanto, nada foi feito para controlar o contágio. Alguns estados que chegaram a adotar medidas – – fracas – de isolamento social, como São Paulo, foram duramente atacados pelos seguidores da ideologia anticientífica de Bolsonaro e já recuam dos cuidados com suas populações.
O resultado já é possível de notar pelo aumento na curva de casos nas últimas semanas. O Brasil é o segundo país mais afetado do mundo, atrás dos Estados Unidos mas, no país, a curva cresce de forma mais acelerada nas últimas semanas.
O cientista político e professor da Universidade de Columbia Unidos Iam Bremmer resume a análise dos dados entre os dos países. “O Brasil continua fazendo com que a resposta dos Estados Unidos ao coronavírus pareça, comparativamente, competente.”
Mesmo uma das medidas mais “suaves” de controle do vírus, o uso de máscaras, amplamente adotado no mundo, encontra resistência no Brasil. E também nos Estados Unidos de Donald Trump. Entretanto, no país latino, o presidente se manifestou por meio legal contra o uso do instrumento protetivo. Bolsonaro vetou a obrigatoriedade das máscaras em lugares fechados.
Já nos Estados Unidos, mesmo com casos isolados de pessoas resistentes ao uso de máscaras, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Contagiosas (CDC), autarquia governamental, reforça a necessidade do uso de máscaras. “O uso de máscaras é chamado de controle de fonte. Essa recomendação é baseada no que a ciência conhece sobre disseminação de doenças por vias respiratórias”, afirmou a instituição por nota.
Já o distanciamento social segue como principal medida contra o vírus. Entidades nacionais e internacionais assim reconhecem. No Brasil, universidades federais e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) seguem na defesa da medida. Nos Estados Unidos, a Universidade Johns Hopkins, maior centro de especialidade em doenças transmissíveis do país, insiste: “O vírus é transmitido por contato próximo. Quanto mais distância, melhor. Se não for possível, usar barreiras (máscaras)”.