Como já se tornou praxe devido à metodologia do Ministério da Saúde para apurar o quadro da pandemia de coronavírus no Brasil, o número de óbitos divulgado no boletim desta segunda-feira (1º) aponta queda em relação aos boletins anteriores. Como nem todos os dados do domingo foram computados a tempo, o país registrou oficialmente mais 623 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. Com isso, o Brasil tem 29.937 vítimas oficiais da “gripezinha”, termo usado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em um mês, o número de mortos cresceu cerca de cinco vezes, saltando de perto de 6 mil no início de maio para os quase 30 mil de hoje. O número de casos também vem recentemente dando saltos recordes a cada dia. Oficialmente, são 526.447 doentes.
Segundo país mais afetado pelo vírus, atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil já é o quarto do planeta em total de mortes, ultrapassando que países que já foram epicentros da pandemia, como Espanha e França. Ainda somam mais mortos que o Brasil a Itália (33.229), Reino Unido (38.243) e Estados Unidos (102.516).
A Organização Mundial da Saúde classifica o Brasil como o atual epicentro do novo coronavírus no mundo, em razão do alto número de mortes diárias. Países que já viveram dias piores, entenderam a gravidade da situação e aceitaram a necessidade de isolamento social como única forma eficaz de conter o avanço do contágio, agora começam a ver suas tragédias se abrandarem. A Espanha, por exemplo, não registrou mortos pela covid-19 hoje.
Outro fator de preocupação é com a evolução do vírus no Brasil. Para a OMS, o país ainda não chegou em seu pior momento. A curva epidemiológica segue ascendente, e a subnotificação é enorme no Brasil, reconhecida, inclusive, por autoridades sanitárias e atestada por universidades e institutos de pesquisa brasileiros e internacionais.
As estimativas são de que uma distorção entre sete e 12 vezes maior que os números oficiais. E há um consenso geral de que os infectados, na realidade, estão na casa dos milhões.
Epicentro local
No Brasil, o maior número de infectados e mortes continua em São Paulo: são 111.296 registros oficiais e 7.667 óbitos. Na capital paulista é evidente o comportamento do coronavírus, que avança sobre os mais pobres, vítimas da impossibilidade de manter o isolamento social sem garantias mínimas de sobrevivência, como vem sendo negado pelo governo Bolsonaro.
Enquanto isso, o governador João Doria e o prefeito da capital, Bruno Covas, ambos do PSDB, colocam em andamento o afrouxamento das medidas de isolamento social e proteção à população. Os 20 distritos mais pobres da capital paulista respondem por quase 30% das mortes ocorridas desde 17 de abril e acumulam 2.127 óbitos.
Situação semelhante ao Rio de Janeiro, que apresenta mais de 200 mortes por dia em média nas últimas semanas, mas que o prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), também começa a por fim em medidas de isolamento. Praias e calçadões estão reabrindo na cidade.
Fonte: Rede Brasil Atual