O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído em 2007, no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como reconhecimento do Estado brasileiro quanto ao problema da perseguição e do desrespeito, sobretudo contra religiões de matriz africana. Passados 13 anos, a data comemorada em 21 de janeiro se mostra atual e necessária no Brasil. “Esse dia é ainda mais importante no Brasil em que nós vivemos. Exatamente pelas pesquisas em relação à intolerância religiosa, que vem crescendo no país. E uma das formas da gente combater isso ou criar uma cultura de direitos humanos em que todos possam expressar as suas liberdades é muito importante”, avaliou o teólogo João Moura, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
Para Moura, a data ajuda a criar uma cultura em que todos e todas sejam respeitados, sobretudo porque o Brasil ainda tem dificuldade pra efetivar Estado laico. “Por uma série de fatores, a religião foi se apoderando de maneira muito forte e rápida do Estado brasileiro. Hoje temos organizações do governo que dizem que o projeto é a criação de um Brasil terrivelmente evangélico. Pra gente garantir um país em que todas as religiões sejam respeitadas, é preciso garantir que todas as religiões tenham plena liberdade, mas também que o Estado não seja um aparato que uma religião ou outra seja hegemônica”, defendeu Moura.
O teólogo avalia que, além do discurso, há também uma prática de intolerância por parte de figuras que estão hoje no poder no Brasil. “A intolerância religiosa no Brasil hoje tem um fator muito singular que é o racismo. Ser intolerante às religiões de matriz africana não diz respeito apenas a uma questão teológica. Não é simplesmente dizer que não aceita uma religião diferente. É dizer que negros e negras não podem expressar as suas identidades religiosas pelo simples fato de serem negros. O racismo está mobilizando religiões e marca essa intolerância religiosa”, afirmou.
Fonte: Rede Brasil Atual