As queimadas na Amazônia e a extração ilegal de árvores devem aumentar no ano que vem. Na avaliação de Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), o governo de Jair Bolsonaro é ineficiente no combate aos crimes ambientais e pode estimular as ações nocivas à floresta com a liberação da exportação “in natura” de madeira da Amazônia. O governo estuda transformar o Brasil em um exportador de troncos de árvores nativas da Amazônia. Atividade, hoje, ilegal.
“Esse tipo de iniciativa vai aumentar o desmatamento, porque ficará mais fácil comercializar a madeira extraída de maneira irregular. Nada vai impedir que pessoas mal-intencionadas retirem madeira de áreas não permitidas. Essa ação do Bolsonaro vai contribuir ainda mais para o desmatamento”, critica o professor, em entrevista ao Jornal da USP.
O corte de madeira na Amazônia em três meses já é o maior desde 2016, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De agosto a meados de novembro, o corte seletivo de madeira na região superou em 35% toda a extração ao longo dos 12 meses anteriores. A extração de madeira afetou uma área de 2.133 km². O total deste terreno é equivalente ao tamanho do município de São Paulo multiplicado por 1,4.
Nada foi feito
Côrtes explica que esse corte seletivo é o primeiro movimento de degradação da floresta e consiste na retirada de árvores mais nobres, como ipê e jatobá. Depois, os grileiros vão rareando a floresta até o ponto em que ela é queimada ou cortada totalmente – o chamado corte raso – para a implantação posterior de pastagem, por exemplo.
“Infelizmente, o governo nada fez. Durante o período das queimadas, foi enviado o Exército, mas efetivamente nada foi feito. O desmatamento é feito de que forma? Os grileiros retiram as árvores de grande porte, que é a madeira de qualidade e sua comercialização é ilegal, e depois, num período mais seco, colocam fogo”, afirma o professor.
Além disso, o especialista chama atenção para a falta de estrutura para combater o desmate. “Desde a eleição, o governo tem sido contrário à fiscalização. Além da supressão de recursos do Ibama, que foi desmontado, os fiscais são quase impedidos de agir e entrar nas áreas de grileiros porque não têm respaldo da polícia. Eles não são recebidos com cara feia, mas com armas”, relata.
Fonte: Rede Brasil Atual