No Brasil, segundo o Instituto Ipsos, 62% dos brasileiros acreditam em rumores e em conteúdos falsos, o que mostra parcela expressiva da população brasileira vulnerável às notícias falsas. Nesse cenário, a educação desponta como a única forma de interromper o ciclo de disseminação de fake news. Foi o que concluíram os especialistas que participaram de audiência pública sobre o tema na Comissão de Educação (CE), ontem (27), do Senado Federal. Segundo os debatedores, não interromper o ciclo de desinformação pode levar à segregação social e representar até mesmo risco à democracia.
Por isso, proibir a circulação de notícias falsas não resolveria o problema, alertou a presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco. Para ela, a desinformação é uma questão de entendimento social. Ela defendeu que é preciso promover uma educação na qual se desenvolvam habilidades como a de duvidar, de elaborar hipóteses, de investigar e de produzir sínteses.
O primeiro passo para essa solução foi a inclusão da educação midiática na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), explicou Patrícia. Agora é possível abordar em sala de aula questões inerentes ao século 21 que incluem conhecimento, habilidades, atitudes e valores essenciais a respeito da informação digital, disse.
“O que a gente espera do aluno educado midiaticamente é que ele saiba analisar, que ele saiba compreender, acessar e aplicar esse conhecimento no seu dia a dia e que saiba criar. Então, essa é realmente uma visão holística do papel do cidadão educado midiaticamente”, afirmou.
Coordenador-geral da Aliança Global em Mídia e Educação da Unesco, Alexandre Le Voci Sayad destacou a importância da educação midiática nas escolas, que busca desenvolver nos alunos a capacidade de ler, compreender e analisar informações, além de produzir comunicação ética e de qualidade — habilidades que hoje são essenciais para o exercício da cidadania, explicou.
Ele afirmou que o fenômeno das fake news (ou da desinformação, termo adotado pela Unesco e que ele considera mais amplo para definir o problema) exige atuação intersetorial, envolvendo vários atores, como governos, universidades, pesquisadores e veículos de comunicação. Mas a área da educação e a preparação dos alunos nas escolas, com a inclusão da educação midiática na BNCC, ressaltou, é uma abordagem essencial no enfrentamento do fenômeno.
Fonte: Rede Brasil Atual com Agência Senado