Valor Econômico
Carolina Mandl e Vanessa Adachi
Roberto Egydio Setubal, presidente do Itaú Unibanco, tem se dedicado a desenhar mudanças no alto escalão do maior banco privado do país. Guardada a sete chaves, a abrangência da reestruturação ainda não é conhecida, mas, dentro do próprio banco, a reforma é dada como certa.
O processo já teve início no fim do mês passado, quando o Itaú Unibanco formalizou a saída do vice-presidente Sérgio Werlang, que era responsável pelas áreas de risco e de finanças. Eduardo Vassimon, que já teve passagens pelo banco e pelo Itaú BBA, assumiu a divisão de risco. O diretor-executivo Caio Ibrahim David passou a concentrar em suas mãos 100% da área de finanças, respondendo diretamente a Roberto Setubal desde então.
Agora, novas alterações devem ocorrer na vice-presidência do Itaú Unibanco, composta por dez executivos.
Nos últimos dias, circularam informações no mercado de que um dos alvos da reestruturação seria Marcos de Barros Lisboa. Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o executivo é hoje responsável pelas áreas de seguros, ouvidoria e riscos internos.
Algumas pessoas chegam a dar como certa a saída de Lisboa do Itaú Unibanco. Mas há quem indique que trata-se apenas de reduzir o número de áreas sob sua responsabilidade, considerado exagerado.
Parte dos executivos acumula hoje uma série de cargos que chegam inclusive a ser conflitantes. Um dos objetivos da reforma que vem sendo conduzida por Setubal é justamente eliminar essas sobreposições.
Ao mesmo tempo que responde pela área de seguros, Lisboa é responsável pela ouvidoria, área que pode receber reclamações de segurados. Outro executivo que acumula uma série de funções dentro do Itaú Unibanco é o vice-presidente José Castro Araújo Rudge. O executivo é responsável pelas áreas de comunicação, marketing, pessoas e eficiência. Assim como Lisboa, Rudge é oriundo do Unibanco.
Parte das mudanças em curso no Itaú Unibanco está relacionada ao desempenho dos executivos. Em alguns casos, a performance vem sendo considerada abaixo da esperada.
A área de risco, que estava sob o comando de Werlang, é uma das que vinham recebendo bastante críticas de investidores. A operação de financiamento a veículos, por exemplo, foi tão desastrosa que o banco não conseguiu nem mesmo recuperar o capital principal investido. O Itaú teve R$ 24 bilhões em despesas de provisão para devedores duvidosos, valor 20,7% superior ao de 2011.
O resultado como um todo do banco vem desapontando investidores há cerca de um ano e meio, principalmente, por calotes com veículos e pequenas empresas. Só no último trimestre de 2012 é que o Itaú deu pistas de que entrou em rota de correção. O índice de inadimplência recuou para 4,8% em dezembro, mais baixo do que um ano antes. Para isso, porém, o banco precisou reformular os critérios de desembolso de crédito, tornando-os mais rígidos. Em 2012, o banco lucrou R$ 13,6 bilhões, com recuo de 7% em relação a 2011.