Os gastos mensais das famílias brasileiras variam de R$ 1.493,67, na faixa de menor renda, a R$ 27.234,49 na outra ponta, 18 vezes mais, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, com dados de 2018. A composição de despesas mostra que famílias de menor rendimento têm proporcionalmente muito mais gastos com itens básicos, como alimentação e habitação, embora as mais ricas tenham despesa nominal maior.
As diferenças fornecem um retrato da desigualdade do país. Apenas com alimentação, por exemplo, as famílias de mais renda gastam mais do que todo o gasto das famílias que ganham menos.
Ainda no caso da alimentação, enquanto a família de menor renda tem gasto mensal de R$ 328,74, em média, a de maior renda desembolsa R$ 2.061,34 – 6,3 mais. Apesar disso, no primeiro caso as despesas representam 22% do orçamento total e no segundo, apenas 7,6%.
A diferença é ainda maior no caso da habitação, conforme os dados da POF. No recorte do IBGE, famílias de menor rendimento têm gasto mensal de R$ 584,79, o que corresponde a mais de 39% de seu orçamento total. Já as de maior renda gastam 10 vezes mais, R$ 6.150,59, mas esse valor representa 22,6% da conta mensal.
Essas desigualdades são observadas nos diferentes hábitos de consumo. Em transporte, por exemplo, os gastos médios vão de R$ 140,11 a R$ 4.154,94, ou 29 vezes mais de um para outro. O peso no orçamento é de 9,4% no primeiro caso e de 15,3% no segundo. Mas as famílias mais pobres consomem 2,1% de sua renda com transporte coletivo e as mais ricas, apenas 0,4%. No item plano de saúde, a situação se inverte: 0,4% e 2,9% do total, respectivamente.
Não há muita diferença, por exemplo, no consumo com telefone celular: 1,1% e 0,8% dos gastos. Mas enquanto os mais pobres gastam, em média, R$ 16,27, as famílias mais ricas despendem R$ 210,55. A variação é mais brutal ainda no item que inclui pacote de telefone, TV e internet. As famílias de menor renda gastam R$ 7,78 e as de maior renda, 32,4 vezes mais (R$ 252,02).
Outro item básico, o gás doméstico representa 2,2% do consumo das famílias de menor renda e 0,2% para as de renda maior. Nesse caso, o valor monetário não mostra diferença tão significativa – R$ 32,85 e R$ 56,81, respectivamente.
O IBGE dividiu em sete as classes de rendimento. A pesquisa vai provocar mudanças no cálculo da inflação oficial (IPCA) a partir de 2020.
Na média das famílias, o gasto é de R$ 4.649,03. A habitação representa 29,6% do total e o transporte, 14,6%. Em seguida, vem a alimentação, com 14,2%. Saúde consome 6,5% do orçamento e educação, 3,8%.
Fonte: Rede Brasil Atual