Novembro 24, 2024
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Bancos apostam nos serviços para smartphones

Robin Sidel

 

The Wall Street Journal (no Valor Econômico)

 

Os americanos estão se acostumando cada vez mais a usar seus celulares para realizar transações financeiras básicas, fazendo os bancos correrem para oferecer tecnologias que reduzirão seus pesados custos com atendimento ao cliente e visitas às agências.

 

É uma grande mudança em relação a apenas alguns anos atrás, quando os clientes, na maioria dos casos, só recorriam ao celular para consultar saldos e encontrar a agência mais próxima. Eles agora estão usando seus aparelhos para depositar cheques e fazer transferências.

 

O First Financial Bank, um banco comunitário com 55 agências no Texas, lançou recentemente uma função que permite aos clientes pagar contas ao fotografá-las com seus celulares. O U.S. Bancorp., quinto maior banco dos Estados Unidos em ativos, planeja lançar em março sua própria versão do serviço.

 

A tendência está se consolidando entre os jovens que usam cada vez mais seus smartphones para tarefas do dia-a-dia. Não está claro, entretanto, se os clientes mais velhos – muitos dos quais demoraram a aderir aos serviços on-line e que são uns dos mais lucrativos dos bancos – estão dispostos a fazer outra mudança.

 

As iniciativas ocorrem num momento em que bancos americanos buscam novas maneiras de atrair clientes durante este período de juros baixos, pouca demanda por empréstimos e margens de lucro apertadas.

 

Os esforços pelas transações bancárias móveis, também chamadas de “mobile banking”, estão mais avançados do que a corrida para transformar os celulares em dispositivos para pagamentos de compras. Os bancos também competem com firmas não convencionais de pagamento, como a PayPal, da eBay Inc.

 

A “disposição dos consumidores de administrar suas finanças pessoais e fazer transações bancárias via dispositivos móveis pegou o setor desprevenido”, disse Robert Hedges, diretor-gerente da Alix Partners LLP, uma consultoria de Boston.

 

Os dispositivos móveis representaram cerca de 8% das transações bancárias nos EUA, a internet 53% e as agências, 14%, segundo a AlixPartners. Outros métodos, como caixas automáticos, responderam pelo restante.

 

A maioria dos bancos dos EUA não cobra pelos aplicativos móveis; eles os consideram um meio de atrair clientes que podem acabar usando outros serviços.

 

Quase 50% dos usuários de smartphones que mudaram de banco disseram que as transações móveis foram um fator importante na sua decisão, comparado com 7% em 2010, segundo a pesquisa da AlixPartners.

 

O J.P. Morgan Chase & Co., que começou a oferecer transações móveis em 2009, afirmou que cerca de 13 milhões de seus clientes usam esses serviços. “Passamos de um experimento com dispositivos móveis para uma experiência fundamental que é tão importante quanto as agências, os centros de atendimento e a internet”, disse Ryan McInerney, que dirige as operações de banco de varejo do banco novaiorquino.

 

Os bancos começaram a oferecer serviços móveis cinco ou seis anos atrás, na forma de mensagens de texto e navegadores de internet. A explosão do uso de smartphones está ajudando a impulsioná-los. Cerca de metade dos usuários americanos de celular têm um smartphone, segundo estimativas do setor.

 

A Federação Brasileira de Bancos também faz um paralelo entre o aumento nas vendas de smartphones e o uso de serviços bancários móveis no Brasil, na sua pesquisa Ciab Febraban de 2012, a qual mostra que o número de correntistas que usam dispositivos móveis subiu 49%, para 3,3 milhões, em 2011. Já o número de smartphones vendidos no país entre 2009 e 2012 aumentou de 2 milhões de unidades em 2009, para 15 milhões em 2012, segundo a pesquisa.

 

O Itaú-Unibanco Holding SA, que lançou seu primeiro aplicativo de mobile banking em 2008 – para o iPhone, da Apple Inc. – informou que 3,9 milhões de downloads foram feitos até dezembro de 2012.

 

“Nossa expectativa é que o mobile banking se torne, em alguns anos, o segundo maior canal de transações do banco”, disse Ricardo Guerra, diretor de canais do Itaú-Unibanco.

 

O Banco Bradesco SA divulgou no seu site que tinha um total de 4 milhões de downloads acumulados no fim de 2012 e que fechou o ano com mais de 380 milhões de transações realizadas por meio de dispositivos móveis, uma alta de 1074% em comparação a 2010.

 

“Atualmente, 7% das transações do banco são realizadas por dispositivos móveis”, disse o diretor de canais digitais, Luca Cavalcanti, no site do banco.

 

Assim como o Itaú-Unibanco, o Bradesco não cobra pelo seu serviço de transações móveis.

 

Bancos em outros países da América Latina também embarcaram na tendência. O Santander Chile Holding SA disse que o número de usuários desses serviços aumentou de 5.000 em 2010 para 155.000 em janeiro deste ano. O Banco Nacional de México, ou Banamex, filial do Citigroup Inc., afirma que tem 150.000 clientes ativos do seu aplicativo.

 

“Estamos vendo cada vez mais que, cada vez que abrimos um canal, o cliente o adota”, diz Marcelo Scaglia, diretor de desenvolvimento de negócios do Banamex.

 

 

(Colaboraram Luis Garcia e Claudia Sandoval-Gomez.)