Trabalhadores da Caixa Econômica Federal realizam atos em todo o país nesta sexta-feira (13) para denunciar os ataques que o banco vem sofrendo. O Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa 100% Pública marca o aniversário de 53 anos do FGTS, e coincide com o primeiro dia dos saques de até R$ 500 liberados pelo governo. Na mobilizações, os bancários também orientam a população sobre as formas e condições para acessar os recursos, bem como os riscos desse tipo de política para o futuro do fundo.
Segundo os trabalhadores, os saques do FGTS implicarão no aumento do atendimento, e hoje a rede de agências conta com 17 mil empregados a menos do que havia em há cinco anos, devido aos diversos planos de aposentadoria incentivada promovidos nos governos Temer e Bolsonaro, que aprofundou as políticas do governo anterior.
O atual governo também anunciou que pretende acabar com o “monopólio” da gestão da Caixa nas contas do FGTS. Para o o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Dionísio Reis, seria um “crime” voltar a pulverizar as contas dos trabalhadores nos bancos públicos, como ocorria antes de 1992, quando houve a centralização da administração.
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“Quando a gestão do fundo era pulverizada, havia muitos casos de fraude e outros problemas administrativos. Nós, da Caixa, resolvemos esses problemas. A Caixa tem uma gestão mais transparente, e, por ser centralizada o fundo, todo trabalhador sabe aonde está a conta dele. Ele sabe aonde ir para sacar os seus recursos”, afirma Dionísio. Ele lembra que os recursos do fundo, além de servirem como uma “poupança” do trabalhador, também são investidos em políticas públicas de moradia, saneamento e infraestrutura, que poderão acabar com a mudança no modelo de gestão.
Criado em 1966, o FGTS nasceu como uma alternativa a estabilidade, que era adquirida após o empregado completar dez anos numa mesma empresa. A cada mês, o empregador deposita 8% do salário bruto em conta no nome do trabalhador. Ele recebe o montante poupado no momento da aposentadoria, ou se for demitido sem justa causa. Os recursos do fundo também podem ser usados para a compra da casa própria.
Desmonte
Além do esvaziamento do fundo e das propostas de mudança no modelo de gestão, o coordenador também denuncia outros ataques que a Caixa vem sofrendo, como a venda de ativos estratégicos mais rentáveis – como as ações da Petrobras e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) –, a tentativa de privatizar as loterias instantâneas (Lotex), que hoje financiam programas nas áreas da educação, esporte, cultura, segurança e saúde, e também a venda dos setores de seguro e cartões do banco.
Tudo isso, segundo ele, é para reduzir a concorrência com o setor privado, prejudicando o conjunto da população. Ele diz que a atuação do bancos públicos serve para pressionar o setor privado a reduzir os juros e tarifas cobradas pelo outros bancos. “Não adianta o Banco Central reduzir a Selic. Eles só diminuem quando a Caixa e o Banco do Brasil reduzem as suas taxas”.
Privatização
Para Reis, esses ataques preparam terreno para uma futura tentativa de privatização, mesmo com 67% da população se manifestando contra, segundo o Instituto Datafolha. “No futuro, sem a gestão do FGTS, sem as partes mais rentáveis, a Caixa vai virar um simples departamento estatal, servindo de justificativa, inclusive, para um processo de privatização. A atual direção está desinvestindo inclusive no marketing para reduzir a força da imagem do banco.
Ainda assim, a Caixa é referência para a população, tendo sido eleita, no ano passado, a marca mais lembrada pelos brasileiros quando pensam em poupança. “Nenhum outro banco tem a capilaridade da Caixa, que está em todos os municípios do país. Quando não tem agência, tem uma lotérica. A Caixa está presente, por exemplo, nas cidades ribeirinhas da Amazônia com as agências-barco. Nenhum outro banco tem.”
Fonte: Rede Brasil Atual