O racismo, além de um problema social, é também é econômico e leva boa parte da população ao desemprego, de acordo com pesquisas que embasaram o debate promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Brasília, ontem (6). O encontro, que reuniu especialistas em ações afirmativas para a inclusão da população negra, abordou as desigualdades que prejudicam principalmente as mulheres negras no acesso ao mercado de trabalho.
De acordo com um levantamento do Instituto Ethos, no país onde pretos e pardos representam mais da metade da população, apenas 6,3% dos negros ocupam cargos de gerência e somente 4,7% são executivos nas 500 maiores empresas do Brasil. A representante da ONU Mulheres Ana Carolina Querino alerta que a situação é ainda mais grave quando a desigualdade racial é combinada com a questão de gênero, com as mulheres negras ganhando menos do que as brancas ocupando o mesmo cargo, além de estarem mais suscetíveis ao desemprego.
“Temos três mulheres negras, de acordo a última pesquisa, ocupando cargos de poder e liderança nas empresas privadas. E isso é um somatório de fatores que estão na raiz das desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho em que as mulheres negras acumulam os piores indicadores”, explica a representante da ONU Mulheres.
A Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2014 indica ainda que 80% dos negros que entraram no ensino superior ganham o equivalente a 80% dos que recebem os brancos nas mesmas condições. Para a fundadora e diretora executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e autora do livro Sim à Igualdade Racial, Luana Génot, o quadro só será alterado com uma mudança de mentalidade da sociedade. “À medida que as pessoas entenderem que a luta contra o racismo e pela igualdade racial pertence a cada um de nós, que precisamos combater piadas racistas e lutar para ter mais pessoas negras nos altos postos de trabalho, a gente entenderá que só assim o país cresce”, explica.
Fonte: Rede Brasil Atual