Em março, dia 14 de 2018, calaram uma voz. Uma voz que mesmo ceifada, se multiplicou por todo o país e pelo mundo. Após um ano do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, milhares de mulheres vão às ruas e clamam por justiça, por democracia e contra a escuridão do autoritarismo, da violência, da intolerância e da crueldade.
Morta a tiros há um ano, após ser nomeada relatora da comissão que acompanha a intervenção militar no Rio de Janeiro, a voz de Marielle soa como um grito de paz e se multiplica cada vez mais forte. Diversos movimentos sociais realizam, neste 8 de março de 2019, atos, vigílias e debates pelo país e no mundo para homenageá-la e exigir respostas: Quem mandou matar Marielle?
“Justiça por Marielle significa justiça por todas nós. A impunidade e a injustiça completa, neste dia 14 de março, um ano. É lamentável, diante de tamanha violência, crimes hediondos ficarem tanto tempo sem respostas. Pela Marielle, por todas as mulheres que sofrem com a violência e pela população negra que sofre com o preconceito e violência, a nossa luta deve se intensificar cada vez mais. Não podemos nos calar”, destaca Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT.
Com o mote “Marielle Vive”, manifestações ocorrem em cerca de 25 cidades brasileiras, para reafirmar as bandeiras da vereadora que representava a luta de negros, mulheres, populações periféricas e LGBTs.
Desde o dia 8 de março, quando a resistência e a luta pelas causas das mulheres foram celebradas no Dia Internacional da Mulher, marcado fortemente pelo repúdio aos retrocessos políticos e sociais representados pelo governo, movimentos por várias partes do mundo vêm prestando homenagem ao legado de Marielle.
“Marielle vive em cada uma de nós para continuar lutando por tudo que ela acreditava. Ela lutava com a vida. Eles tiraram sua vida, mas não alcançaram o objetivo de calar suas lutas. Este legado está em cada uma de nós”, ressaltou Elaine.
Um grito de paz em todo o mundo
Neste dia 14, cerca de 15 cidades no exterior organizam atos, entre elas, Melbourne, na Austrália; Buenos Aires, na Argentina; Madri, na Espanha e Washington, nos Estados Unidos.
Vale lembrar que ativistas do Brasil e do mundo lutam pelas causas de Marielle. Além de ações realizadas pela Anistia Internacional, as homenagens não pararam desde a sua morte, em Buenos Aries, Marielle foi homenageada no Parque da Memória. Cerca de 500 pessoas compareceram ao ato e pediram justiça ao crime, após dois meses de seu assassinato. Na Itália, a homenagem aconteceu na 33ª edição do Lovers Film Festival, a mostra de cinema LGBT mais antiga da Europa. E em uma exposição nos EUA, a obra de André de Castro trouxe Marielle lado a lado com Martin Luther King.
O Papa Francisco também se solidarizou com a morte de Marielle e entre as suas homenagens à família da ativista política, o líder religioso recebeu a mãe da vereadora no Vaticano e expressou sua “preocupação” com casos como o da parlamentar.
Sessão Solene
O Psol organiza ainda para o dia 18 uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados em homenagem a Marielle e Anderson. Em suas redes sociais, a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) justificou a importância das manifestações diante da falta de respostas após um ano do crime. “A importante descoberta dos que apertaram o gatilho nesse crime político não vai nos tirar das ruas no dia 14. O Estado – com sangue nas mãos – tem que responder que grupos estão por trás dessa execução”, afirmou a parlamentar.
Fonte: Contraf-CUT