A Caixa Econômica Federal (CEF) informou que afastou o funcionário da agência do Relógio de São Pedro, acusado de racismo contra o empresário Crispim Terral, 34 anos. Em nota, divulgada na manhã desta quarta-feira (27), o banco diz que repudia práticas e atitudes de discriminação cometidas contra qualquer pessoa e que a Corregedoria da instituição vai apurar o caso.
Na segunda-feira, o cliente foi vítima de racismo e agredido por policiais militares enquanto tentava ser atendido, na agência, localizada na Av. Sete de setembro, em Salvador, Bahia. A agressão foi filmada pela filha de 15 anos de Crispim, que postou o vídeo nas redes sociais.
Durante as cinco horas que permaneceu na fila do banco, Crispim relatou ter sido tratado com total descaso e indiferença pelo gerente-geral da Caixa, que ignorou sua presença e passou outras pessoas na sua frente. Ao reclamar da situação, o cliente recebeu como resposta: “Se o senhor não se retirar da minha mesa vou chamar uma guarnição”, disse o gerente.
Para o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, está claro que o cliente foi vítima de racismo, tanto do gerente quanto do policial militar. “Salvador é a cidade mais negra do país e mesmo com 82% da população negra os afrodescendentes continuam sendo vítimas de racismo. Está muito claro nas imagens o descaso do gerente, e a ação truculenta do policial mostra que o tratamento é diferenciado” afirmou.
De acordo com nota divulgada pela Policia Militar nas redes sociais, Crispim teria se recusado a deixar a agência, mesmo após o término do expediente e que houve necessidade de empregar força proporcional, mesmo após diversas tentativas de conduzir o cliente sem o emprego da força.
“A nota da polícia militar não condiz com as imagens, o cliente não reagiu e foi imobilizado da mesma forma que um segurança do supermercado extra usou para matar um jovem negro diante de sua mãe. A Caixa deve assumir a responsabilidade e cobrar do gerente, não é possível aceitar essa postura racista e descaso com esse e outros clientes. O sistema financeiro inclusive contrata poucos negros e negras para atuar em seus quadros, agora, agir de forma preconceituosa e racista é inadmissível”, diz Almir Aguiar.