O futuro ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, afirmou na última segunda-feira (17), durante reunião com empresários no Rio de Janeiro, que pretende "meter a faca" no Sistema S. Fazem parte desse sistema entidades ligadas a ramos específicos da economia – indústria, comércio, serviços – como o Sesi, Senai e Sesc, que desenvolvem ações de formação profissional e de acesso a cultura e lazer.
Essas organizações são mantidas a partir de contribuições obrigatórias sobre a folha de pagamento das empresas, com alíquotas que vão de 0,2% a 2,5%, que são repassadas às entidades pelo governo. A justificativa é que os cortes aliviariam os custos das empresas. O plano do governo é que as empresas arquem com os próprios custos de formação, eventualmente contratando empresas privadas.
Em tom de ameaça, Guedes prometeu cortar até 50% desses recursos. "Acho que a gente tem que cortar pouco, para não doer muito. Se tivermos interlocutores inteligentes, preparados, que queiram construir, a gente corta 30%. Se não tiver, é 50%."
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) alega que, se o corte ficar em 30%, 164 escolas poderiam fechar, acabando com 1,1 milhão de vagas em cursos profissionais por ano em todo o Brasil. Já o Serviço Social da Indústria (Sesi) diz que os cortes impediriam o funcionamento de outras 155 escolas, e 498 mil vagas para alunos do ensino básico ou na educação de jovens e adultos seriam fechadas. Juntas, as entidades afirmam que 18,4 mil trabalhadores, a maioria educadores, seriam demitidos.
A queda na arrecadação também inviabilizaria o atendimento em saúde para 1,2 milhão de pessoas. As entidades consideram até mesmo encerrar as atividades em determinados estados. "Seria o fim dos cursos de educação profissional e da atuação de determinados institutos de inovação e tecnologia, que tanto ajudam as empresas a se tornarem mais inovadoras e competitivas", diz a nota conjunta das entidades.
O Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat) alega que os cortes anunciados por Guedes poriam fim a programas que visam à segurança e qualidade de vida dos motoristas e transportadores, e colocaria em risco 8,7 mil empregos diretos, que prestam atendimento a mais 2 milhões de caminhoneiros e taxistas.
Fonte: Rede Brasil Atual