A Contraf-CUT se reuniu na tarde desta sexta-feira (2) com o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, em Brasília. Os bancários reforçaram as principais reivindicações da categoria para o projeto de lei que cria o estatuto de segurança privada, que encontra em fase de conclusão, visando atualizar a lei federal 7.102/83, hoje desatualizada frente à situação de violência e criminalidade no País.
“Queremos avanços na proposta que está sendo elaborada pelo Ministério da Justiça, com a participação da Polícia Federal, a fim de prevenir assaltos e sequestros e proteger a vida de trabalhadores e clientes”, destacou Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária. “Não aceitamos retrocessos”, apontou.
Também participaram dos debates o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis, e o diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Leonardo Fonseca, bem como o coordenador-geral de Controle de Segurança Privada (CGCSP), delegado Clyton Xavier, além de assessores do Ministério da Justiça e da Polícia Federal.
A reunião durou quase três horas. Os bancários ressaltaram a importância de avanços, como a obrigatoriedade das portas individualizadas de segurança com detectores de metais em todos os estabelecimentos, a colocação de câmeras de monitoramento em tempo real, a afixação de vidros blindados nas fachadas, a proibição do transporte de valores pelos bancários, o fim da guarda das chaves do cofre e de agências por bancários como forma de evitar sequestros e a implantação de procedimentos que garantam a privacidade nos saques como medida para prevenir o crime da “saidinha de banco”, dentre outras.
Os bancários mostraram aos representantes do governo a preocupação com o crescimento dos assaltos a bancos em 2011, como indica a estatística da Febraban, apresentada na quinta-feira (1º), durante a retomada da mesa temática de Segurança Bancária com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, em São Paulo. No ano passado, os bancos apuraram 422 ocorrências, um aumento de 14,36% em relação aos 369 casos verificados em 2010.
“Esse crescimento pode estar ligado à retirada de portas giratórias em alguns bancos, como Itaú e o Bradesco”, observou Ademir, uma vez que os números de assaltos caíram a partir de 2000, logo após a instalação das portas de segurança em várias cidades do país.
A Contraf-CUT ressaltou no Ministério da Justiça que os bancos possuem recursos suficientes para ampliar os investimentos em segurança. Segundo pesquisa do Dieese, com base nos balanços de 2011 dos cinco maiores bancos, as despesas de segurança e vigilância somaram R$ 2,6 bilhões, o que representa uma média de 5,2% do lucro líquido de R$ 50,7 bilhões.
“A melhoria da segurança é essencial para eliminar riscos e evitar mortes, feridos e traumatizados”, salientou Daniel. Em 2011, conforme pesquisa nacional da Contraf-CUT e da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com base em notícias da imprensa, 49 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos em todo país, uma média de 4 vítimas por mês, na sua maioria clientes. Em 2010, houve 23 ocorrências. “Para nós, a vida das pessoas está acima do lucro”, frisou Leonardo.
Marivaldo ouviu e debateu as demandas dos bancários, dizendo que tem recebido iniciativas dos demais setores envolvidos com a segurança privada. “Todas as sugestões serão analisadas”, disse. Depois, a proposta de projeto de lei será levada para a apreciação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, visando fechá-la para encaminhamento ao Congresso Nacional.
Fonte: Contraf-CUT