Comprometida com uma visão ultraliberal da economia, postura compartilhada por parte dos seus técnicos, a atual administração do Banco Central (BC), no afã de provar a correção das teses afeitas a esta visão, às vezes exagera e mistifica.
É o que se vê, por exemplo, nas análises do financiamento da economia brasileira que têm sido divulgadas no âmbito dos Relatórios de Inflação. A versão mais recente desta postura é o box denominado “Financiamento amplo das empresas”, do Relatório de junho de 2018.
Nele, o BC postula, mas não demonstra, que o recente encolhimento do crédito bancário, sobretudo do dirigido, particularmente o do BNDES, foi atenuado, pois houve uma substituição de fontes de financiamento para as empresas, com destaque para o mercado de capitais.
Os números, em princípio parecem significativos. Trabalhando com dois grupos distintos: o primeiro, um grupo restrito de grandes empresas, com endividamento igual ou superior a 50 milhões de reais no BNDES, totalizando aproximadamente 1400 empresas, e que detinham 80% do saldo de empréstimos do BNDES em dezembro de 2017. Ou seja, grandes empresas que buscavam crédito de longo prazo para o investimento nesta instituição.
O segundo grupo, é um conjunto mais amplo constituído de empresas que buscam financiamento no Sistema Financeiro Nacional composto, portanto, de um grupo muito mais variado, por tamanho, setor, etc.
Os dados abaixo mostram uma redução muito significativa das operações com o BNDES, muito mais importante para o conjunto exclusivo das grandes empresas do que para as demais.
As diferenças não param aí. No primeiro grupo as fontes alternativas, em termos relativos, são o mercado de capitais, a dívida externa e os créditos direcionados de outras fontes.
As demais empresas mantêm uma maior dependência do BNDES, mas expandem suas operações no mercado de capitais e com financiamento externo.
FONTE: Carta Capital