A Caixa Econômica Federal obteve um lucro líquido de R$ 12,5 bilhões em 2017. É o maior da história do banco. O resultado é 202,6% maior do que o obtido em 2016. Se considerarmos o resultado recorrente, o lucro é de R$ 8,6 bilhões, também o maior da série histórica, com uma alta de 72,3% em 12 meses.
De acordo com o relatório do banco, o resultado recorrente deve-se, principalmente, à limitação dos gastos com a folha de pagamento e com a oferta de assistência à saúde dos empregados. Esse limite gerou a reversão da provisão atuarial constituída, com efeito não recorrente de R$ 4 bilhões no lucro líquido.
“É de se estranhar um banco público obter lucro maior do que o obtido por grandes bancos privados. Mas, quando vemos que tal resultado foi obtido devido ao sacrifício da assistência à saúde dos trabalhadores e à exploração dos clientes, que precisam pagar tarifas caras e taxas até mais altas do que as cobradas em outros bancos, deixamos de estranhar e passamos questionar o desvio que esse governo está promovendo no papel dos bancos públicos. Isso ocorre porque trata-se de um governo que não tem nenhum compromisso com a classe trabalhadora e nem com o desenvolvimento do país”, observou Roberto von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
“Esse governo vem criando obstáculos para impedir que o banco público cumpra seu papel de garantir o acesso da população ao crédito e aos serviços bancários e também de fomentar o desenvolvimento do país. Querem igualar os bancos públicos aos privados no quesito exploração”, completou.
A carteira de crédito da Caixa sofreu uma queda de 0,4% em 12 meses. Para Pessoa Física a queda foi de 8,6% em relação a 2016, atingindo, aproximadamente, R$ 93,7 bilhões. Para Pessoa Jurídica a queda foi ainda maior (-23,1%), somando R$ 68,1 bilhões.
Exploração dos clientes e dos empregados
“Infelizmente, as taxas e tarifas cobradas pela Caixa, que sempre foram bem menores do que as dos demais bancos, aumentaram e, em muitos casos chegam a superar as cobradas pela concorrência. Com isso, além dos impostos já cobrados pelo governo, a população precisa pagar caro se quiser contar com os serviços bancários”, apontou Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).
As receitas obtidas por meio da prestação de serviços e com tarifas bancárias cresceram 11,5%, totalizando R$ 25 bilhões. Já as despesas de pessoal, considerando-se a PLR, apresentaram alta de 7,4%, atingindo R$ 23,9 bilhões. Com isso, a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 104,9%, em 2017.
“As despesas com pessoal somente atingiram esse montante devido ao PDVE. O banco precisou fazer o acerto e indenizar mais de 7% do quadro de pessoal, o que faz aumentar as despesas com os empregados. Não fosse por isso, a diferença entre o que o banco arrecada apenas com as tarifas cobradas dos clientes e os gastos com pessoal seria ainda maior e ficaria ainda mais fácil de visualizar o quanto o banco passou a explorar seus clientes após esse governo ilegítimo assumir o poder”, explicou o coordenador da CEE/Caixa.
O banco encerrou o ano com 87.654 empregados e fechamento de 7.324 postos de trabalho em relação a dezembro de 2016. Saldo esse que se deve a adesão de 7.023 empregados ao Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário. Foram fechadas 18 agências, 55 lotéricos e 1.737 correspondentes Caixa Aqui.
Fabiana Uehara Proscholdt, secretária de Juventude da Contraf e empregada da Caixa, alerta que os bancários da Caixa sofrem com a sobrecarga de trabalho e chegam a adoecer devido ao excesso de trabalho. “O banco precisa obter bons resultados, mas não massacrando os trabalhadores”, disse.
Veja abaixo a tabela com o resumo das informações do balanço da Caixa e a análise completa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).