A política econômica do governo Temer, juros altos e corte drástico no investimento público, está fazendo a economia andar para trás: aumenta o desemprego e impede o crescimento econômico. A avaliação é de Fernando Amorim, o novo técnico da Subseção Bancários do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), que desde o último dia 5 assessora o Sindicato. Economista e mestre em Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Amorim substitui o economista Fernando Benfica, transferido para o escritório central do Dieese no Rio.
O governo alega que é preciso cortar gastos, manter os juros altos para conter a inflação e quem sabe até aumentar impostos para equilibrar as contas públicas para gerar crescimento e mais empregos. Para o economista, no entanto, vai ser um tiro no pé. "Ao reduzir o montante de recursos públicos destinados à economia e manter o crédito caro, ao mesmo tempo que retira do Estado o papel de indutor do crescimento, o governo diminui ainda mais o consumo. Cai a produção de bens e aumenta o desemprego, dificultando ainda mais a retomada do crescimento, afetando, inclusive, a receita do próprio governo", explicou. Acrescentou que o governo pressupõe o aumento de impostos para "corrigir" e manter o ajuste das contas, mais um fator a impedir o crescimento e aumentar o desemprego", frisou.
Imposto mais alto
O aumento do imposto recai no preço da gasolina. Traz um efeito cascata sobre as demais tarifas e preços gerais. "O governo deveria ter uma política anticíclica com elementos de combater à recessão. Deveria incentivar o crescimento e gerar empregos, aumentando a receita, o que poderia ser reforçado por uma reforma tributária que cobrasse impostos mais altos dos mais ricos", defendeu.
Fernando Amorim apontou efeitos perversos da reforma trabalhista, como a redução de direitos e de salários, que diminuirá a capacidade de consumo, forçando as empresas a reduzirem a sua produção. "Hoje, mesmo com as novas regras ainda não estando em vigor, já vemos isto acontecendo nos bancos, com a demissão em massa, e a contratação de novos com salários valendo em média 60% da remuneração de quem saiu", exemplificou.
O desmonte e a privatização de bancos públicos – Caixa, BB e BNDES – trarão sérios impactos sobre toda a economia. "Os bancos públicos existem para fomentar a economia. Investem no desenvolvimento econômico e nos programas sociais. Este não é, portanto, um problema somente dos bancários, mas de toda a sociedade que será atingida por este processo de esvaziamento destes bancos", afirmou.
Para o economista, a extinção dos juros menores do BNDES, com a substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP), fará com que os juros do banco estatal sejam iguais aos praticados pelos bancos privados. "Por isto mesmo, as empresas recorrerão a empréstimos externos, ficando dependentes da oscilação do câmbio, podendo ter dificuldades no pagamento e até quebrar, como já aconteceu antes", lembrou.