Os países que possuem os maiores índices de trabalhadores sindicalizados estão entre alguns dos que apresentam o melhor desempenho no ranking do IDH – índice de Desenvolvimento Humano – no mundo. Os dados são referentes ao ano de 2016.
A maior parte destas nações que aliam desenvolvimento econômico com participação ativa do trabalhador na vida política e econômica, conseguem desempenhos positivos quando o assunto é qualidade de vida de seu povo: educação e saúde pública de alta qualidade, renda média alta, previdências saneadas que dão dignidade às pessoas, igualdade de oportunidades, índices de violência muito baixos e a garantia de uma sociedade mais próspera e justa, o sonho de todo cidadão que vive num mundo capitalista.
"É evidente que só este fato não explica sozinho a prosperidade social destes países, mas está provado que a participação de sindicatos é fundamental para a melhoria na vida das pessoas e até dos índices sociais dos países. A organização dos trabalhadores é mais necessária ainda em países de elevada desigualdade social, como o Brasil, uma nação rica cujo povo é completamente desprezado por suas elites. Por isso banqueiros e empresários querem enfraquecer os sindicatos para retirar ainda mais direitos e elevar seus lucros", explica a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso. A sindicalista destaca ainda que tem orgulho de presidir a entidade que representa a categoria bancária, que possui um dos mais altos índices de sindicalização no Brasil.
"Isto explica, em parte, uma série de conquistas históricas dos bancários, como a jornada de seis horas, o descanso nos finais de semana, a única convenção coletiva de trabalho em nível nacional, garantias que agora os banqueiros e Temer querem extinguir com as reformas", acrescenta.
As mentiras do governo
Os números contrariam a lógica do governo, de banqueiros e empresários, que aprovaram uma reforma trabalhista que em vez de ampliar direitos e melhorar a qualidade das pessoas, trará mais miséria, condições de trabalho ainda piores e uma sociedade ainda mais desigual e violenta. No pacote da reforma aprovada está a tentativa de desmantelar a organização sindical e priorizar acordos individuais entre patrão e empregado.
"Querem fragilizar o trabalhador, que sozinho, é presa fácil para o patrão impor o que bem entende. Historicamente, nenhuma nação do chamado primeiro mundo prosperou sem a organização de luta coletiva dos trabalhadores, nem mesmo os EUA, a matriz do capitalismo", acrescenta Nalesso.
Mesmo a Alemanha, Irlanda e países baixos, que também se destacam no IDH, possuem índice de sindicalização bem superior ao do Brasil, embora ainda abaixo dos países nórdicos.
Austrália, a exceção
A Austrália, que subiu para a segunda colocação no IDH, é a exceção, com apenas 15,5% de trabalhadores filiados à sindicatos. Entretanto, o país, que vinha sofrendo com um processo de enfraquecimento da organização sindical desde os anos 80, voltou a elevar o número de cidadãos sindicalizados, ao mesmo tempo em que cresceu no ranking do IDH.
O Brasil, que possui pouco mais de 16% de trabalhadores filiados é o 79º no IDH e perde em qualidade de vida na América Latina para Chile (38º), Argentina (45%), Uruguai (54º), Venezuela (71º) e Cuba (68º).
Organização dos trabalhadores e índices sociais
Ranking do índice de IDH / Nível de sindicalização
1º Noruega 52,1%
2º Austrália 15,5%
3º Suíça 30%
4º Alemanha 18,1%
5º Dinamarca 66,4%
14º Suécia 67,3%
9º Islândia 86,4%
22º Bélgica 55,1%
23º Finlândia 69%
79º Brasil 16,7%