Não há previsão de contratações. Essa foi a resposta dos negociadores da Caixa Econômica Federal à cobrança das representações dos trabalhadores por mais empregados, nesta sexta-feira (18), na quarta rodada de negociação da Campanha Nacional 2015. Antes do início da reunião, os membros da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora a Contraf-CUT e o Comando Nacional dos Bancários, e um grupo de concursados realizaram protesto em frente ao hotel, em Brasília (DF), onde ocorreu a reunião.
Os aprovados no último concurso tentaram entregar um documento aos interlocutores da empresa, que não aceitaram recebê-los. “Essa postura da Caixa é um desrespeito. A contratação de mais empregados é uma questão não só para os trabalhadores que sofrem com a sobrecarga nas unidades, bem como para os milhares de aprovados que esperam ser chamados e a população como um todo, que merece um atendimento de qualidade”, destaca Genésio Cardoso, membro da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba.
No início da negociação, a Comissão Executiva entregou camisetas da campanha “Mais empregados para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil” – realizada pela Fenae, Contraf-CUT e outras entidades representativas do movimento associativo e sindical – aos membros da mesa de negociação que representam o banco. Por recomendação do Comando Nacional dos Bancários, foram realizadas nesta sexta-feira manifestações em todo o país reivindicando novas contratações.
Os representantes da CEE/Caixa lembraram que a empresa está autorizada pelos órgãos controladores a ter um quadro com 103 mil trabalhadores, mas que atualmente conta com 98 mil. “A Caixa está reduzindo de forma drástica o número de empregados, e com o PAA a situação agravou-se. Foram mais de 3 mil que se aposentaram este ano. É preciso repor urgentemente os trabalhadores que estão saindo”, acrescenta Genésio Cardoso.
Mais uma vez, o banco alegou que não pode avançar nas reivindicações, por conta do cenário econômico e das limitações orçamentárias. Além de não sinalizar com a contratação de mais trabalhadores, a Caixa recusou outras propostas como o redimensionamento da lotação das unidades, o fim do banco de horas e da dotação orçamentária para pagamento horas extra, mais transparência dos processos seletivos internos, entre outros.
Para a CEE/Caixa, a intransigência da empresa marcou as quatro rodadas de negociação específica da Campanha Nacional 2015, o que demanda que a mobilização da categoria seja intensificada. “Nossa expectativa é de que no dia 25 (sexta-feira da próxima semana), quando a Fenaban vai apresentar a proposta global ao Comando Nacional dos Bancários, que a Caixa também apresente respostas concretas às nossas reivindicações”, diz Genésio Cardoso.
A Comissão Executiva dos Empregados reivindicou uma nova negociação para 25 de setembro, em São Paulo, após a reunião do Comando Nacional dos Bancários com a Fenaban.
Saúde Caixa
A Caixa informou que apenas no início de 2016 deverá retomar o debate sobre a implementação das medidas sugeridas pelo Grupo de Trabalho, instalado em 30 de outubro de 2014, para debater a metodologia de utilização do superávit do plano de saúde dos empregados: redução da coparticipação, estender aos dependentes dos beneficiários um dos programas de promoção a saúde utilizados pelo banco e a remoção por ambulância em situações de emergência.
A CEE/Caixa referendou a proposta na mesa de negociação permanente de 26 de maio deste ano, com a ressalva de que a redução da coparticipação de 20% para 15% entrasse em vigor em 1º de julho, o que foi rejeitado pelo banco. Os representantes dos trabalhadores condenaram a postura da empresa, que tem protelado sucessivamente uma solução para o uso dos recursos excedentes do Saúde Caixa.
A empresa também recusou estender o plano para os empregados que saíram no PADV (Programa de Apoio a Demissão Voluntária), além da transformação do caráter do Conselho de Usuários de consultivo para deliberativo.
Funcionamento das agências
O banco informou que mantem a Circular 055, que restringe por períodos menores que sete dias as substituições em cascata de empregados que executam temporariamente funções gratificadas e cargos em comissão. Para os trabalhadores, essa medida precariza ainda mais as condições de trabalho.
A Caixa se negou também a estabelecer um número mínimo de empregados por agência. Os representantes da categoria reivindicam pelo menos 20 trabalhadores por unidade, mas os negociadores da empresa alegaram que o dimensionamento do quantitativo é feito por meio de uma metodologia que leva em conta vários indicadores.
A CEE/Caixa criticou a ferramenta de dimensionamento de pessoal. Segundo eles, é inadmissível que unidades sejam abertas com número insuficiente de empregados.
Jornada de Trabalho
A Caixa disse ‘não’ às reivindicações de fim do banco de horas e do limite orçamentário nas unidades para pagamento de hora extra. Segundo a CEE/Caixa, a dotação estimula fraudes na jornada, porque os empregados são induzidos a não assinalar todas as horas trabalhadas, já que não há recursos suficientes. O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2014/2015 prevê o pagamento integral das horas extras nas agências com até 20 empregados.
PSIC
Os representantes dos trabalhadores reivindicaram mais transparências nos processos seletivos internos. Uma das propostas é a criação de um Comitê de Acompanhamento do Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC) e do banco de habilitados e oportunidades e banco de sucessores, com participação dos empregados e um membro da GIPES.
A Caixa recusou a reivindicação, alegando que já existem ferramentas que garantem o acompanhamento dos processos. Questionada sobre o PSIC para formação de banco de habilitados, suspenso em 31 de agosto por recomendação do Ministério Público do Trabalho após denúncias de irregularidade, o banco informou que ainda não há posicionamento sobre a realização de novas provas e que o assunto está sendo discutido internamente.
É hora de mobilização!
Diante da intransigência da Caixa em todas as negociações realizadas até agora, a CEE/Caixa convoca a categoria a intensificar a mobilização em todo o país. “Só mostrando unidade e força é que vamos conseguirmos avançar nas nossas reivindicações. Nós, empregados, é que fazemos a Caixa ser o que é hoje, um banco essencial para o Brasil e os brasileiros. Nada mais justo que sejamos valorizados e tenhamos melhores condições de trabalho”, frisa Genésio Cardoso.
Fonte: Fenae