Maio 03, 2024
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Sindicato de Brasília entrega carta aberta à presidenta Dilma Rousseff

O Sindicato dos Bancários de Brasília entregou nesta quarta-feira 28 carta à presidente Dilma Roussef expressando preocupação com as mudanças promovidas pelo Banco do Brasil nas relações de trabalho com seus funcionários.

 

“Frustra-nos dizer que essa gestão, formada em sua maioria absoluta por funcionários de carreira, rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da campanha salarial de 2012, mas, principalmente, de reeditar práticas da administração pública neoliberal de governos anteriores”, expressa a carta assinada pelo presidente em exercício do Sindicato, Eduardo Araújo de Souza.

 

Confira a carta na íntegra:

 

Brasília, 28 de novembro de 2012

Excelentíssima Senhora Presidenta Dilma Rousseff,

Esta correspondência busca expressar nossa extrema preocupação com as mudanças nas relações de trabalho com seus funcionários promovidas pela atual direção do Banco do Brasil, jogando por terra anos de acúmulo de discussões e avanços. Frustra-nos dizer que essa gestão, formada em sua maioria absoluta por funcionários de carreira, rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da campanha salarial de 2012, mas, principalmente, de reeditar práticas da administração pública neoliberal de governos anteriores. Num governo “democrático e popular”, que teve o apoio programático das centrais sindicais, os trabalhadores do BB esperavam um ambiente de debate e de respeito, como o que havia se estabelecido a partir de 2003, além, é claro, da continuidade e do aprofundamento das políticas bem-sucedidas do governo Lula.

Apoiamos também Vossa Excelência no seu duro recado aos banqueiros, conforme pronunciamento em cadeia nacional realizado no dia 1º de Maio, em homenagem ao Dia do Trabalhador, em sua jornada pela “civilização” do sistema financeiro brasileiro, pela redução dos juros e spreads bancários, além do combate aos efeitos da crise financeira mundial com o direcionamento adequado dos bancos públicos para fortalecimento da economia nacional. Isso foi possível em parte devido à existência de instituições financeiras públicas, que foram duramente atacadas no processo de privatização dos anos 1990, e mantidas graças à mobilização dos trabalhadores, incluídos aí os funcionários do BB, que resistiram às demissões, ao arrocho e sucateamento, entre outras coisas.

Em contrapartida, infelizmente, constatamos que as iniciativas da atual gestão do BB não são fiéis nem à sua campanha presidencial nem à discussão acumulada nos últimos anos, representando, na melhor das hipóteses, uma gestão operacional que busca resultados de curto prazo de forma desastrosa e pouco sustentável, e na pior delas um retrocesso deliberado. O banco mudou seu posicionamento estratégico adotando o “BomPraTodos”, menos para os que lutam e defendem o banco no dia a dia, diante dos clientes e da sociedade. Essa direção editou em julho de 2012 normas internas para facilitar a demissão “por ato de gestão” e o descomissionamento sem justificativa plausível, trazendo insegurança jurídica nas relações de trabalho e ampliando os prejuízos com demandas judiciais por danos morais. Chegando ao absurdo de demitir sem motivo autor de ação trabalhista e também o preposto do próprio banco.

Em 2003, a “esperança venceu o medo”. Agora, porém, dirigentes do banco impõem o terror utilizando-se do expediente de perseguir e retaliar militantes sindicais e grevistas. Para isso alteraram normas, estabelecendo o cancelamento de férias, abonos, folgas, cursos para grevistas; obrigam os “administradores” a exigirem a compensação integral de horas, mesmo sem a necessidade da prestação do serviço, com humilhações e coação diária para assinarem “cartinhas”, não respeitando nem a condição de gestantes ou lactantes. Para coroar a obra, editaram um boletim interno, assinado por dois diretores, com a ameaça de instaurar processos administrativos.

O ano de 2012 será lembrado pelos funcionários e militantes sindicais do BB pelo autoritarismo imposto pela direção da empresa, pela perseguição e retaliação pública aos grevistas e aos que cobram judicialmente seus direitos trabalhistas sonegados durante anos pela negligência em resolver o problema com a jornada legal dos bancários, que faz acumular um passivo trabalhista bilionário.

É claro que também lembraremos 2012 pela resistência ao autoritarismo, pelas conquistas acumuladas nos 20 anos de celebração da Convenção Coletiva de Trabalho – CCT, pelos avanços específicos conquistados pela greve, como por exemplo o da a adesão, pelo banco, ao Protocolo para Prevenção de Conflitos, firmado entre a Contraf-CUT e a Fenaban, que objetiva apurar denúncias e coibir a prática de Assédio Moral nos locais de trabalho, que certamente será muito utilizado pelos bancários para denunciar os abusos de autoridade dos gestores da empresa.

Queremos que, de fato, seu governo tome posse no BB e estabeleça relações de diálogo e respeito à luta e às conquistas dos trabalhadores e trabalhadores, que sempre defenderam um banco público a serviço do Brasil e dos brasileiros.

Eduardo Araújo de Souza
Presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Brasília

 

Fonte: Seeb Brasília