A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram nesta terça-feira (6) com o Itaú, em São Paulo, a discussão sobre o projeto de ampliação do horário de atendimento ao público implantado pelo banco em várias agências do país. Na negociação anterior, ocorrida no dia 13 de setembro, as entidades sindicais já haviam criticado a forma unilateral e sem transparência utilizada pelo banco na implementação do projeto, no final de agosto.
Segundo o banco, o chamado “projeto corredor” irá abranger cerca de 400 agências, que atenderão em dois horários diferentes: uma metade das 9h às 16h e a outra das 12h às 19h. Além delas, 68 agências localizadas em shopping centers também passaram a abrir as portas das 12h às 20h.
“Deixamos claro para o banco que não concordamos com esse projeto. Ele tem gerado extrapolação de jornada e transtornos na vida dos funcionários, além de não aumentar o número de empregos na instituição”, ressalta Wanderley Crivellari, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, que assessora a Contraf-CUT nas negociações.
Os representantes do Itaú trouxeram respostas sobre alguns itens que o movimento sindical cobrou na última reunião. O banco reafirmou que os funcionários que não quiserem continuar lotados em agências envolvidas no projeto serão realocados, sem nenhum tipo de represália por parte dos gestores.
Em relação à orientação sobre a movimentação de numerário e cheques, será mantido um limite de movimentação para os clientes. O banco admitiu que vem ocorrendo extrapolação de jornada em algumas unidades.
A Contraf-CUT cobrou do banco medidas em relação aos funcionários que tiveram custos agregados ao seu trabalho, como o pagamento diário de estacionamento nas unidades localizadas em shopping centers. “Mas os representantes do Itaú não apresentaram solução para esse problema”, critica Wanderley.
Proposta dos bancários
“Reafirmamos que a Contraf-CUT tem proposta sobre o horário de atendimento nos bancos, que é a abertura das agências das 9h às 17h com dois turnos de trabalho, conforme consta há muitos anos na minuta nacional de reivindicações dos bancários para a Fenaban. Com isso, teremos mais contratações e melhores condições de trabalho e de atendimento aos clientes e à população”, enfatiza o dirigente sindical.
“Vamos continuar defendendo a proposta da categoria e mobilizar os funcionários do Itaú para combater esse projeto”, salienta.
Mais empregos
O Itaú lucrou até setembro de 2012 mais de R$ 10 bilhões e cortou 7.831 postos de trabalho no mesmo período. O número de trabalhadores recuou no último trimestre de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 empregos. Desde abril do ano passado, o Itaú extinguiu 13.595 vagas, conforme análise do Dieese.
“O Itaú precisa gerar mais empregos, parar com a rotatividade e melhorar as condições de trabalho dos funcionários. A ampliação do horário de atendimento das agências das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho, seria um primeiro passo, ao invés da implantação desse projeto que tem precarizado ainda mais as condições de trabalho e não tem gerado empregos”, aponta Jair Alves, outro coordenador da COE do Itaú.
Mais segurança
A Contraf-CUT criticou ainda a forma como está sendo feita a triagem de clientes para entrada nas agências depois do horário externo. “Em muitos casos, devido à falta de funcionários, a triagem está sendo feita por vigilantes, que acabam se desviando da sua função de garantir a segurança nos locais de trabalho”, alerta Walderley.
A falta de condições de segurança, denunciada pelo movimento sindical, já resultou na retirada de quatro agências do projeto de atendimento: duas em São Paulo e duas em Brasília. “Exigimos mais segurança nas agências e postos de atendimento”, ressalta.
CPA-10
Depois de denúncias do movimento sindical de que os caixas estavam sendo ameaçados de demissão se não obtivessem a certificação CPA-10 da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), os representantes do Itaú informaram que houve nova determinação por parte da área operacional aos seus gestores, deixando claro que essa não é a política do banco.
Novas negociações
Serão agendadas pelo menos mais duas rodadas de negociação até o final do ano. Uma para tratar de saúde, com foco principal no plano de saúde, e outra sobre os programas próprios de remuneração variável do banco. As datas, no entanto, ainda não foram definidas.
Fonte: Contraf-CUT