A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomam nesta terça-feira (6), às 15h, o processo de negociação permanente com a direção do Itaú, em São Paulo.
Estará em discussão a questão do emprego e o projeto de ampliação do horário de atendimento ao público em várias agências que o banco vem implantando em todo o país.
Mais empregos
Durante as negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2012, a Fenaban disse que o emprego deveria ser discutido banco a banco. Na ocasião, uma carta foi enviada pela Contraf-CUT para a direção do Itaú, mas nenhuma resposta foi encaminhada pelo banco. Já a Caixa Econômica Federal negociou com as entidades sindicais e concordou em inserir uma cláusula no acordo aditivo assinado garantindo a criação de 7 mil vagas até o final de 2013.
O Itaú obteve lucro líquido de R$ 10,102 bilhões nos nove primeiros meses deste ano. Se não fossem as altas e injustificáveis provisões para devedores duvidosos, o resultado seria ainda maior.
Apesar desse resultado bilionário, o banco cortou 7.831 postos de trabalho até setembro deste ano. No trimestre, o número de trabalhadores recuou de 92.517 para 90.427, uma redução de 2.090 em três meses. Desta forma, o banco aprofundou ainda mais o processo de fechamento de empregos iniciado em abril do ano passado, totalizando desde então a extinção de 13.595 vagas, conforme análise feita pelo Dieese.
“É um absurdo que o Itaú com esse todo esse lucro estrondoso elimine mais de 13 mil de postos de trabalho em apenas um ano e meio, ao invés de contratar funcionários para acabar com a enorme sobrecarga de serviços, melhorar o atendimento aos clientes e à população e contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
“Queremos mais empregos, fim da rotatividade, novas contratações e melhoria das condições de trabalho”, defende o dirigente sindical.
Ampliação do horário
Em reunião com o Itaú no dia 13 de setembro, a Contraf-CUT, assessorada pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, criticou duramente a forma unilateral e sem transparência como o banco está implantando o projeto.
Os dirigentes sindicais apontaram os inúmeros prejuízos que o programa está trazendo aos bancários no país todo. “Os funcionários estão sendo forçados a aderir ao projeto, com medo de demissões e por autoritarismo dos gestores, ao contrário do que diz o banco de que a adesão é voluntária. Além disso, é frequente a extrapolação da jornada de trabalho, chegando a dez horas por dia, sem pagamento de horas extras. Com jornadas maiores, muitos estão abandonando faculdades, outros tendo que deixar filhos em tempo integral em creches”, enfatiza Cordeiro.
Os representantes do Itaú informaram que 167 agências (66 em shoppings e 101 em corredores) já estenderam o horário. Nos shoppings, o horário passou das 12h às 20h. Nos corredores, as agências têm agora dois horários diferentes: algumas das 9h às 16h, outras das 12h às 19h. A medida está em vigor desde o dia 27 de agosto e o objetivo do banco é chegar a 1.500 agências com horários ampliados em todo o país.
“Enquanto mais os altos executivos ganham para aumentar o chamado índice de eficiência, mais os bancários trabalham e perdem qualidade de vida, diminuindo o tempo para o lazer e para ficar com os filhos e com a família. A sociedade não quer esse tipo de serviço. E nós vamos lutar por melhor qualidade de vida dos bancários. Por isso o nosso projeto é que o horário de atendimento seja estendido somente até as 17h”, salienta Cordeiro.
O dirigente do Itaú, Marcelo Orticelli, disse que iria examinar os problemas apontados pelos dirigentes sindicais junto com a equipe responsável pelo projeto de ampliação do horário do atendimento. “Esperamos que o banco apresente uma saída decente para essa situação”, cobra o dirigente sindical.
“Não somos contra a ampliação do horário de atendimento das agências. Temos uma reivindicação antiga para estender o horário para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho e mais contratações de bancários, a fim de atender melhor os clientes e a população. Essa proposta está com a Fenaban há muitos anos. Por que não começamos a discussão a partir daí”, indaga o presidente da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT