Demissões acontecem na agência Cidade do Leste, no Paraguai. Ação evidencia o descompromisso do governo Temer com o banco estatal
Nesta segunda-feira (17), a agência do Banco do Brasil do Paraguai Cidade do Leste demitiu sete funcionários e declarou o seu fechamento. Ação evidencia o descompromisso do governo Temer com o banco estatal, com uma possível retirada do mercado paraguaio, anunciando o enceramento da sucursal da Cidade de Leste, por motivos de reestruturação, segundo os representantes da agência.
A Contra-CUT já fez contato com o Banco do Brasil e seus representantes para agendar uma reunião para saber os motivos desta decisão e se posicionar com relação a este fechamento do banco no país vizinho.
Segundo Carlos de Souza, secretário-geral da Contraf-CUT, ficou claro o descompromisso do governo Temer com o Banco do Brasil e com a sociedade, quando uma das primeiras medidas dele é a de fechar uma das duas únicas agências que existem no Paraguai. “Esta decisão é totalmente desmotivada economicamente, tendo em vista o alto número de empresas e brasileiros operando naquele país. Ao invés de crescer irá reduzir”, ressaltou.
Para o dirigente, Carlos de Souza, que também é coordenador da Rede Internacional do Banco do Brasil, é preciso deixar claro que o ataque a uma agência do BB, independente do país, é um ataque a todos os bancários da instituição financeira. “Toda a nossa solidariedade aos companheiros paraguaios. A Rede Internacional do BB já estuda o enfrentamento e várias medidas de resistência a este ataque. Não podemos aceitar que famílias sejam prejudicadas, porque um governo golpista pretende destruir o nosso banco no Brasil e por isso usa o Paraguai como um tubo de ensaio”, destacou Carlos.
De acordo com o Secretário-Geral do Sindicato dos Empregados do Banco do Brasil do Paraguai, José Tomás Rodríguez, os funcionários instituição financeira recusam a intenção do BB de fechar a agência Cidade do Leste, pela segunda vez em dez anos. “O Sindicato dos Bancários do Paraguai realizará assembleia no próximo sábado (22), que irá decidir se haverá greve contra as demissões sem justa causa e contra a decisão do BB de fechar a agência Cidade do Leste. Também vão debater sobre processo de negociação do contrato coletivo que não teve avanços em 10 meses”.
Para Wagner Nascimento, Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, o Banco do Brasil parece desconsiderar as pessoas na sua prática de negócios. Há anos tentamos sem sucesso reunir com a área internacional para tratar das questões envolvendo funcionários em outros países, já que a sede do banco é aqui. Outros bancos fazem esse tipo de reunião nas suas sedes. Esperamos que desta vez tenhamos uma explicação do BB sobre essas demissões no exterior e dê soluções na garantia de direitos dos funcionários. Aguardaremos a resposta do BB sobre uma reunião para tratar do assunto.
Política neoliberal de retrocesso
Vale lembrar que no governo neoliberal o Banco do Brasil sofreu com políticas de PDV, em meio a processos coercitivos de adesão de Planos de Adesão Voluntárias e que durante este período, na década de 90, houve o maior índice de suicídio dos funcionários do BB. “Com isso, chegamos ao final do governo neoliberal com o número de 67 mil funcionários, que indicava de forma visível a intenção do governo de privatizar o Banco do Brasil naquele momento. Faltou tempo para isso”, analisou Carlos.
De acordo com ele, durante o governo passado, nós tivemos um fôlego com a política de enfrentamento e de disputa. “Nós fomos recompondo a força dos bancos, em particular a do Banco do Brasil. Fomos emponderando os bancos estatais ao ponto de os bancos assumirem o seu papel principal, que é o papel de regulador do Sistema Financeiro. No segundo mandato de Lula e no primeiro mandato de Dilma, os bancos públicos baixaram suas taxas de juros, quando a crise estava no alto, e ao invés de retrair a economia, houve uma política de expansão de consumo. Após o golpe, imediatamente observamos uma intenção de achatar o serviço público, a exemplo da aprovação da PEC 241, e peculiarmente sobre as últimas declarações do presidente Temer, que existem centenas de cargos desnecessários e, fora isso, uma série de especulações na grande mídia de PDV’s e de intensão de achatamento novamente do banco”, concluiu Carlos.
Fonte: Contraf-CUT