O programa de Ação Gerencial Itaú de Resultados (Agir) para os bancários do setor operacional foi o tema central da reunião, nesta quarta-feira (15), entre a Contraf-CUT, a Comissão dos Empregados (COE) do Itaú, federações e sindicatos de todo o Brasil com a direção do Itaú, na sede do banco, em São Paulo.
No início do encontro, o Itaú fez uma apresentação dos resultados do plano de metas do banco, controlado por atribuição de pontuação individual de cada funcionário.
Os dirigentes sindicais levantaram algumas ponderações que deixam clara a necessidade de mudança dentro do programa. “O foco do banco é a meritocracia, para atingir essas metas, baseadas em três pontos: objetivo, apuração e premiação. Nós apresentamos casos em que as metas são exageradas e alteradas durante o mês”, explicou Jair Alves, coordenador do COE.
Jair apontou ainda as férias e os afastamentos por licenças médicas como problemas na apuração das metas. “Em muitos casos, os funcionários são obrigados a retirar apenas 20 dias de férias. E, antes de sair, tem de dar conta da meta de um mês em apenas dez dias. No afastamento, é ainda pior. É impossível fazer uma meta de seis meses em um mês. Por isso, o funcionário não pode ser cobrado dentro do programa. Ele precisa passar por um período de readaptação ao trabalho”, completou.
Para ele, outro grave problema do banco é a gestão. “Muitos responsáveis pela aplicação do Agir não estão preparados para gerir e motivar os trabalhadores.”
O Itaú apresentou as modificações feitas no programa, desde seu inicio, baseadas nas criticas e sugestões dos trabalhadores. “Nós vamos discutir os números do banco e apresentaremos novas sugestões de alterações dentro do programa”, disse Adma Gomes, da Fetec-SP.
Os dirigentes sindicais também manifestaram preocupação com o grande número de demissões por justa causa ocorrida no banco, nos últimos meses. Em muitos casos, motivados pelo não cumprimento de metas do Agir.
Reunião da COE
Na terça-feira, os representantes dos trabalhadores se reuniram na sede da Contraf-CUT para discutir a proposta de readaptação profissional, que o banco apresentou no mês passado. O movimento sindical critica o formato unilateral da proposta e pede participação. “Não temos o que aprovar. Temos muitas restrições e bastantes criticas”, ponderou Marta Soares, secretária de Comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Para os dirigentes sindicais, o projeto não devia ser de readaptação e sim de retorno ao trabalho. “O projeto está muito centrado em duas reuniões que têm médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Enquanto no resto do País, o atendimento será terceirizado”, questionou Josenilda de Jesus, a Josi, da Fetrafi-RJ/ES.
Outro problema é o repasse de responsabilidade do CAT para o gestor da agência sem que o mesmo tenha conhecimento técnico. “Se ele mesmo sofrer acidente, quem vai fazer a ocorrência?”, perguntou José Rufino, da Fetrafi NE.
Eduardo Munhoz Baptista, da Fetrafi Rio Grande do Sul, conta que os trabalhadores precisam de um programa em que a finalidade seja de adaptar o trabalho e o local de serviço às limitações e nova realidade do funcionário quanto volta do INSS. “A pressa do banco em diagnosticar o problema do trabalhador, causa mais problemas médicos e comprometimentos a saúde do trabalhador. O programa não se preocupa com a doença causada pelo trabalho no banco. Quer apenas que o trabalhador se adapte à função, sem levar em conta a patologia. E fique apto para ser demitido”, afirmou Eduardo.
Fonte: Contraf-CUT