Novembro 24, 2024
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Negociação específica não avança e Caixa empurra empregados para greve

O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, retomou nesta sexta-feira (14) as negociações da pauta específica dos empregados com a Caixa Econômica Federal, em São Paulo. O banco não apresentou proposta decente para as reivindicações dos bancários da Caixa.

 

A nova rodada aconteceu após o envio de cartas aos bancos federais pela Contraf-CUT, no dia 6, exigindo a continuidade das negociações, a exemplo das correspondências com o mesmo teor encaminhadas para a Fenaban e aos quatro maiores bancos privados (Itaú, Bradesco, Santander e HSBC).

 

Sem avanços

“A Caixa seguiu a linha da Fenaban e não avançou nas propostas específicas dos empregados, como a PLR Social, condições de trabalho e ampliação de quadro de funcionários. O banco não colaborou no sentido de compor uma proposta decente com a Fenaban. Temos como saída engrossar a greve da categoria na próxima terça-feira”, afirma Jair Ferreira, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora o Comando nas negociações.

 

De acordo com o dirigente, o banco se comprometeu a cumprir a regra da PLR estabelecida na Convenção Coletiva, mas não garantirá a PLR Social, alegando que a depender do valor definido na mesa da Fenaban o valor poderá ficar além do teto estipulado pelo governo.

 

“A PLR social independe da estabelecida pelo acordo com a Fenaban. Sua função é justamente considerar os resultados de operações para a população que não impactam o lucro, mas que representam importante incremento no desenvolvimento social e que são fruto do esforço e dedicação dos empregados. Não existe possibilidade de fechar acordo sem que haja esta inclusão”, ressalta Jair.

 

Em relação à ampliação do quadro de pessoal, a Caixa disse que pretende chegar até dezembro de 2013 com 95 mil empregados, sendo que hoje o número é de 89 mil. “Nossa proposta é de 100 mil bancários até dezembro de 2013. Esse número é o mínimo necessário para suprir as atuais carências e considerando as 500 novas agências que o banco deve abrir até 2013. Além disso, por conta do cumprimento das demandas sociais que o governo tem colocado ao banco e à política de redução de juros, a carga de trabalho tem aumentado muito”, salienta Jair.

 

Saúde Caixa

A Caixa propôs o custeio de 50% do valor de medicamentos de uso contínuo, englobando uma lista que inclui em torno de 50 remédios não subsidiados pelo SUS. “Entendemos que a proposta é importante, mas temos uma série de outras reivindicações para a melhoria do Saúde Caixa. Assim queremos que toda mudança seja precedida de estudo atuarial, o que não ocorreu, de modo a não colocar em risco o equilíbrio do plano”, defende Plínio Pavão, diretor executivo da Contraf-CUT e empregado da Caixa.

 

Outro ponto diz respeito à manutenção do Saúde Caixa para filhos dos empregados, com idade entre 21 e 27 anos. Hoje eles podem ser incluídos no plano, desde que estejam cursando a primeira graduação e não tenham renda. “Nossa reivindicação é que possam ser incluídos mesmo que tenham uma renda de até dois salários mínimos. Mas a proposta do banco é de que tenham renda de até um salário mínimo. É um limite muito baixo”, afirma Plínio.

 

Promoção por mérito

Para que os empregados tenham pontuação na obtenção da promoção por mérito, um dos critérios objetivos é realizar no mínimo 100 horas de curso na Universidade Caixa durante o ano de 2012. “Nossa proposta é que este número seja reduzido para 70, já que muitos empregados manifestam insatisfação, pois preveem que não conseguirão atingir esse número devido à alta carga de trabalho”, explica Jair. “A Caixa propôs redução para 90 horas, o que não resolverá o problema”, enfatiza.

 

Outro ponto proposto pelos bancários é o de contabilizar horas mínimas do curso dentro do próprio expediente. Mas o banco não tem posição sobre isso.

 

Tesoureiros

Os tesoureiros enfrentam condições desumanas de trabalho, mas a Caixa não apresentou nenhuma solução na mesa de negociação. O banco, ao criar o Plano de Funções Gratificadas (PFG) em 2010 para substituir o antigo PCC, resolveu diminuir de 8 horas para 6 horas a carga horária de trabalho das funções técnicas, mas manteve o tesoureiro, antigo técnico de operações de retaguarda TOR, com jornada de 8h.

 

“Ao contrário do que defende o movimento sindical, o banco não o considera como função técnica. Como a maioria das unidades possui apenas um tesoureiro, eles são os primeiros a entrar e os últimos a sair, portanto, mesmo fazendo 8h são obrigados a extrapolar a jornada todos os dias, quase sempre além do limite legal e na maioria das vezes não as registrando. O excesso de tarefas é gigante e as pessoas estão no limite”, denuncia Jair.

 

Outro ponto que piora as condições dos tesoureiros é o fato de a Caixa ter colocado estes empregados como responsáveis pelo novo projeto, o “Bela Agência”. Para o coordenador da CEE/Caixa, “a iniciativa do projeto é boa. A Caixa destina uma verba para que as agências contratem serviços de manutenção de pequena monta diretamente, sem depender da área de logística, simplificando o processo. O problema é que sobrecarregou ainda mais estes empregados com atividades que não dizem respeito a sua função, como levantamento das condições da agência tais como, problemas de vazamento, de jardinagem, com móveis e equipamentos, pintura, piso danificado etc”.

 

Neste sábado (15) haverá no Sindicato dos Bancários de São Paulo uma reunião com tesoureiros de modo que seja possível sintetizar a real situação desses bancários e formular uma proposta. “Queremos que a Caixa resolva urgentemente as péssimas condições de trabalho destes trabalhadores”, cobra Jair.

 

Saúde do Trabalhador

A Caixa marcou posição contrária à proposta dos bancários sobre implantar estruturas específicas, no mínimo uma por estado, para atendimento da saúde do trabalhador e Saúde Caixa. “Muitos estados compartilham a mesma estrutura, o que causa grande deficiência no atendimento”, critica Plínio.
Além disso, “nossa proposta prevê a criação de novas gerências de filial abrangendo essas duas áreas, vinculadas à Gerência Nacional de Saúde (GESAD) na Matriz e não na gerência de filial de pessoas, como é hoje, que acaba colocando as questões da saúde do trabalhador em segundo plano”, afirma.

 

Outros pontos debatidos

A Caixa informou sobre a divulgação da Comunicação Eletrônica (CE) da VIPES/DEPES nº 017, de 2012, que orienta todas as unidades da rede a respeito da proibição de divulgação de ranking, conforme previsto na Convenção Coletiva. “Vínhamos cobrando uma iniciativa do banco, já que em diversas regiões do país o acordo está sendo descumprido. A expedição da CE ajudará a coibir essa prática irregular”, avalia Plínio.

 

Outro ponto diz respeito ao login único. “Hoje é possível logar com a matrícula várias máquinas e, dessa forma, burlar o registro de horas trabalhadas no Sipon. Essa discussão já vem sendo feita há muito tempo e a Caixa se comprometeu a implantar, porém, alegando dificuldades tecnológicas, até o momento não viabilizou. Na reunião de hoje comprometeu-se, mais uma vez, a resolver a situação o quantos antes, inclusive incluindo uma cláusula sobre isso no acordo coletivo”, explica o diretor da Contraf-CUT.

 

A Caixa se comprometeu ainda a não considerar o limite de idade da criança adotada para que os pais tenham direito à licença-adoção, que hoje é de 12 anos. Além disso, deve ampliar de um para dois dias por ano a licença para acompanhamento da internação de pessoa da família do empregado.
O banco negou ainda a extensão do ATS e licença prêmio para os novos empregados.

 

Principais reivindicações específicas dos empregados da Caixa

Os dirigentes sindicais enfatizaram a necessidade de atendimento da pauta específica dos empregados, destacando as principais reivindicações: ampliação do quadro de empregados (chegando a no mínimo 100 mil até o fim de 2013), cumprimento da jornada de seis horas sem redução de salários para todos os empregados independente da função, melhores condições de trabalho, ATS e licença-prêmio para todos, solução dos problemas do Saúde Caixa, fim à discriminação dos participantes do REG/Replan não-saldado e do voto de Minerva na Funcef, tíquete para os aposentados e pagamento integral de toda hora extra realizada.

 

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo