O assédio moral será o tema central de oficinas durante o Fórum Social nos dias 21 e 22 de janeiro, em Porto Alegre. A opção por este tipo de prática das empresas como forma de ampliarem seus lucros, a resistência dos trabalhadores nas negociações sindicais, a poluição do meio ambiente do trabalho e o movimento “Vítimas do HSBC” serão alguns dos temas tratados durante os eventos na capital gaúcha.
“Queremos mostrar que existem métodos de gestão nos bancos que levam ao assédio moral e ao adoecimento dos trabalhados e que isso, logicamente, pode estar acontecendo em outras categorias. Acreditamos ser uma prática contemporânea no mundo do trabalho”, explicou o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-Pr), Júnior César Dias.
Os avanços tecnológicos levaram a uma mudança no perfil dos bancários, que hoje, trabalham exaustivamente com a venda de produtos. Neste caso atingir a meta imposta não significa alívio nenhum, pelo contrário. É a certeza da necessidade de ampliação do número negócios concretizados para o semestre seguinte, sempre com a constante ameaça de demissão.
“Para atingir essa produtividade há um método que pressiona o trabalhador para produzir cada vez mais. Esse cenário tem acarretado o adoecimento do trabalhador, além do problema muito sério que é o assédio moral. O que tentamos mostrar é que ao invés de harmonizar o ambiente de trabalho, esta situação cria rupturas entre os trabalhadores. O gerente fica em cima dos seus subordinados e acima deles há uma carga de pressão desumana”, relatou.
Segundo Ademir Vidolin Secretário de Saúde da Fetec-Pr, a pressão vem em efeito cascata, inicia-se na Matriz do banco, passa pelas Diretorias Regionais, e depois chegam nas agências. Somadas as estratégias maquiavélicas utilizadas por este sistema para cobrar as metas, Os Sindicatos ainda precisam combater diversos “Gerentes” que são verdadeiros Psicopatas Corporativos.
Além de demonstrar como esta situação tem sido trabalhada pelas entidades de representação dos trabalhadores bancários, a oficina trará a experiência do movimento “Vítimas do HSBC”. Ele é resultado de uma extensa pesquisa do Instituto Defesa da Classe Trabalhadora (Declatra) em parceria com o Sindicato dos Bancários de Curitiba.
A investigação foi realizada por dois anos, com base nas homologações de demissões de bancários no sindicato de Curitiba, ações na Justiça do Trabalho da capital paranaense, além de dados do Ministério da Saúde e do INSS. A conclusão foi de que os métodos de gestão do banco HSBC levam ao assédio moral organizacional e consequentemente ao adoecimento dos trabalhadores.
“A nossa investigação apontou, claramente, que o estresse e a depressão são as doenças que mais atingem os bancários. Há também estatísticas relacionadas a mortes e suicídios”, alerta o presidente do Instituto Declatra, Mauro Auache. Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores é o fato de que, dos trabalhadores que citaram problemas de saúde em decorrência do trabalho, a maioria não tinha histórico de afastamento por doenças, isto é facilmente explicado pelo medo de comunicar sua doença ao empregador e ser sumariamente demitido.
O estudo, além de transformar-se em um livro chamado “Assédio Moral Organizacional – As vítimas dos Métodos de Gestão nos Bancos”, também embasou uma ação civil pública contra o banco que tramita na Justiça do Trabalho de Curitiba e no movimento “Vítimas do HSBC” (www.vitimasdohsbc.com.br | www.facebook.com/VitimasdoHSBC).