Abril 28, 2024
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Brasileiros ignoram valor das taxas que gastam para manter conta corrente

Estado de Minas

 

O consumidor reclama das tarifas bancárias e dos altos juros cobrados pelos empréstimos feitos com as instituições financeiras, mas é acomodado e faz pouco esforço para tentar pagar menos. Os dados fazem parte de levantamento da Proteste Associação de Consumidores, que ouviu 5,09 mil pessoas no país.

 

O estudo mostra que os clientes dos bancos costumam ser leais, mas não se informam sobre o custo para manter a conta ou outros tipos de crédito.

 

Apesar da possibilidade de portabilidade, o levantamento constatou que 74% dos clientes mantêm a principal conta corrente no mesmo banco em que recebem o salário ou pensão. Mais da metade (52%) não troca de instituição financeira há pelo menos 10 anos.

 

Cerca de 39% dos entrevistados não sabiam informar quanto pagam pela sua conta-corrente. Entre os que sabem, o valor médio gasto por mês é de R$ 54,93. A pesquisa mostra ainda que os bancos deixaram a desejar no valor dos juros e tarifas (muito altos) e na transparência das informações.

 

“Mas o consumidor também não conhece bem o seu perfil para poder contratar os serviços e pagar menos. Ele precisa definir as prioridades como cliente do banco para não ter o ônus do produto que não precisa”, avalia Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

 

Um programa de aconselhamento ao crédito poderia ajudar o consumidor brasileiro, segundo avaliação da Proteste. O programa orientaria sobre qual crédito escolher e qual a melhor forma de pagamento, evitando assim que voltasse a pedir empréstimo com a finalidade de pagar o primeiro débito.

 

Os entrevistados possuem, em sua maioria, dois cartões de crédito (60%) e pagam anuidade média de R$ 61 para cada um. Cada cartão apresenta limite médio de R$ 2.984,20. “Se a pessoa gasta muito, é recomendado que tenha um só cartão, pois tem controle maior do débito”, observa Maria Inês.

 

O crédito rotativo é prática comum de percentual considerável (20,5%) de entrevistados que não consegue pagar o total da fatura. Dos consumidores que têm um segundo empréstimo pessoal, 26,3% afirmaram que solicitaram o crédito para pagar outras dívidas. “Isso demonstra uma falta de planejamento e a incapacidade de pagar o débito com o salário que ganha”, diz Maria Inês.

 

“Escolho o meu banco pelo gerente. Já teve vez que cheguei a mudar de instituição em função dele”, afirma a empresária Fernanda Grossi
O médico Vicente de Paula retrata bem o perfil médio do consumidor detectado pela pesquisa. Ele é cliente de três instituições bancárias: Itaú, Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) e Bradesco. No Itaú, ele é cliente há 40 anos, no Bradesco há 12 anos, e no Sicoob há 13.

 

“Não posso fazer a opção de um único banco, pois recebo os honorários em instituições diferentes”, afirma. Na sua opinião, os bancos poderiam remunerar melhor o dinheiro do consumidor. “Eles (os bancos) deveriam remunerar a nossa conta corrente por pelo menos a metade da taxa de juros que empresta”, observa.

 

A empresária Fernanda Grossi é cliente há mais de 10 anos do Santander. A sua conta de empresa é no Banco do Brasil. Ela conta que já pensou em sair, mas o que define a sua escolha é o tratamento do gerente da instituição. “Escolho pelo gerente. Já teve vez que cheguei a mudar de banco em função dele”, diz.

 

ENDIVIDAMENTO FAMILIAR

A facilidade de obtenção de crédito, a falta de planejamento familiar e as altas taxas de juros cobradas pelo mercado impulsionam o endividamento dos consumidores, segundo outro levantamento divulgado ontem pela Proteste. A pesquisa ouviu 200 pessoas e constatou que, quando uma família assume uma dívida, paga em média 189% a mais por ano do que o valor real do bem financiado.

 

As famílias que participaram do estudo têm renda média de R$ 2.401 e declararam pagamentos de dívidas de R$ 1.009,45, em média, o que resulta em comprometimento de 42% da renda para pagamento de débitos. O estudo mostrou que as famílias têm em média três dívidas ativas. Entretanto, 23% das famílias têm cinco dívidas ou mais.

 

Fonte: Estado de Minas