A ministra da Cultura, Marta Suplicy, participou na terça-feira (22) da reunião da direção da CUT, em São Paulo, e destacou a importância da inclusão do vale-cultura na convenção coletiva que os bancários assinaram no último dia 18.
“Após a aprovação no Congresso e a sanção da presidenta Dilma, esse foi o momento mais importante (para o benefício)”, afirmou Marta.
A categoria é a primeira a aderir ao programa por meio de uma campanha salarial. Os trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos terão direito a R$ 50 por mês para utilizarem na compra de ingressos para shows, teatro, cinema, compra de CDs e outros produtos culturais.
Entre 2% e 10% deste valor é descontado, de acordo com a faixa salarial. A expectativa é atingir mais de 300 mil bancários.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a conquista é importante para ampliar o acesso à cultura e as campanhas terão, a partir de agora, a responsabilidade de brigar também por esse direito. “É uma política importantíssima, que só poderia ter sido feita num governo democrático e popular”, acrescentou o dirigente.
Além de apontar que a adesão ao programa não custa nada além de boa vontade dos empresários – o empregador poderá deduzir o valor ou, no caso dos pequenos comerciantes, não terão o vale tributado como parte da folha – a ministra também falou sobre o reflexo que o programa pode trazer às regiões mais pobres.
“Faltam bancas de jornal nas periferias porque as publicações são caras. Com o vale-cultura, os trabalhadores poderão comprar jornais, revistas e fazer com que surja esse tipo de comércio também nas áreas mais afastadas dos centros”, avaliou Marta.
Segundo ela, 673 empresas já aderiram ao programa e 38 mil trabalhadores foram beneficiados. Outras cinco milhões de empresas podem participar e favorecer 36 milhões de pessoas que ganham até cinco mínimos.
Cultura para democratizar
Vagner aproveitou a ocasião para destacar que a Central discute a criação de um departamento de cultura, nos moldes do que a CUT-SP já possui e que a ideia é buscar mais uma forma de comunicação com a sociedade, especialmente, a juventude.
“Precisamos transformar o ambiente da participação política em um ambiente legal para os jovens porque vemos certo afastamento em relação aos partidos políticos e aos sindicatos. Ficamos muito pragmáticos, pensando em salário, emprego, mas só isso não faz com que façamos a renovação”, disse o dirigente.
Marta também tratou da tentativa do Ministério de descentralizar os recursos da Lei Rouanet – que concentra 80% dos investimentos culturais na região sudeste – por meio da criação de editais com eixos específicos para as demais regiões e de olho em recortes de gênero e raça.
A ministra citou ainda que o governo pretende criar 300 Centros de Artes e Esportes Unicados (CEUs) em todo o Brasil nas cidades mais remotas do Brasil até o final de 2014, comentou o desafio de ampliar a imagem do país no exterior por meio da cultura e tratou do convênio com a prefeitura de São Paulo no valor de R$ 3 milhões para a instalação de 80 pontos de cultura na capital.
Ao final, questionada pelos dirigentes sobre a recente polêmica das biografias, afirmou ser favorável à liberdade de expressão, desde que acompanhada pelo aumento da multa em caso de difamação dos biografados.
Fonte: CUT