Pressão constante pelo cumprimento de metas abusivas, falta de valorização, número insuficiente de pessoal. Esses são alguns dos motivos elencados pelos trabalhadores que paralisaram as atividades nos Casas (Centro Administrativo Santander) 1, 2 e 3 e no call center do Santander nesta terça-feira 8, 20º dia de greve nacional.
Os complexos administrativos reúnem ao todo cerca de 9 mil funcionários, entre bancários e terceirizados. “Essa expressiva adesão é reflexo de tudo que o Santander tem feito: metas descabidas e uma pressão constante que levam ao adoecimento. As pessoas estão dizendo que não suportam mais isso. Consideram a proposta de menos de 1% de aumento real insuficiente, mas também querem que o Santander mude de postura e passe a valorizá-los”, afirma a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de são Paulo, Rita Berlofa, no Casa 1.
Um bancário dessa concentração confirma que a insatisfação é crescente no Casa 1. “Vemos as pessoas saindo dos departamentos, sendo transferidas ou demitidas, mas não há reposição. Saem três, às vezes quatro pessoas de uma só vez sem que venha ninguém para o lugar. Todos em meu setor estão ‘arrebentados’ e não aguentam mais essa situação”.
Um outro afirma que considera essencial aumentar o índice nos salários, mas principalmente no vale-refeição. “Temos poucas opções para almoçar aqui (Casa 1) e o vale acaba antes da última semana do mês. Aí tenho de completar com dinheiro. Sei que em outros lugares, como os Casas 2 e 3, onde tenho amigos, a situação é pior, pois o almoço é ainda mais caro e tem ainda menos lugares para comer”, destaca.
Parou geral
Todo o serviço de call center do Santander no país está paralisado nesta terça-feira. Os do SP 1 e SP 2, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, ficou totalmente sem operar desde as primeiras horas deste 20º dia de greve.
O outro call center do banco espanhol no país, no Rio de Janeiro, também não funcionou.
No SP 1 e SP 2, complexo que passou a ser controlado pelo Santander após a compra do Banco Real, há cerca de 2,5 mil trabalhadores voltados sobretudo ao atendimento telefônico a clientes.
A grande maioria dos bancários do local recebe o piso de R$ 1.519, mesmo aqueles que possuem mais tempo de carreira. Como é o caso de um funcionário com oito anos de banco.
Ele relata as dificuldades impostas pelo baixo salário e pelo valor defasado do vale-alimentação. “Para nós que temos família, é muito difícil comprar aquilo que necessitamos com pouco mais de R$ 300. Quem trabalha de manhã também se queixa do baixo valor do VR, pois há horários, como o das 6h às 12h, em que o trabalhador acaba tendo que fazer mais de uma refeição nos arredores do banco”, relata.
O bancário aponta que a cobrança por metas abusivas é o maior empecilho à qualidade de vida dos trabalhadores do local. “Somos impactados diariamente por essas metas. Os gestores nos pressionam, afirmam que o nosso setor não é de atendimento, mas de negócios, de vendas. Ouvimos ameaças como: ‘não sei se será possível manter essa equipe, se não surgirem resultados melhores’”, conta.
A pressão pela venda de produtos acima de qualquer custo tem gerado o adoecimento de trabalhadores do SP 1 e SP 2. “O banco quer que façamos vendas de produtos que não são atrativos para os clientes. A gente é obrigado a vender, mas nós e os clientes sabemos que o produto não é bom. Às vezes eles nos falam: ‘não quero comprar um produto em que eu pego R$ 10 mil emprestado e tenho que pagar R$ 25 mil’”.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo