Novembro 24, 2024
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Bancários denunciam contingenciamentos dos bancos para furar a greve

Em vez de negociar e apresentar proposta decente aos bancários, os bancos seguem desrespeitando o direito de greve dos trabalhadores, pressionando para que cheguem mais cedo ou, no caso de a agência estar fechada, para que procurem uma unidade aberta para trabalhar.

 

Foi o que aconteceu no Bradesco da Praça da República, em São Paulo, onde os gestores orientaram todos os funcionários a chegar às 6h30, para evitar o contato com os dirigentes sindicais. Apesar de fechada para atendimento ao público, os bancários que foram à unidade foram forçados a permanecer dentro da agência.

 

Duas empregadas do Santander estavam saindo da agência paralisada com a missão de encontrar outro local para trabalhar. “A greve é importante porque estamos lutando por nossos direitos, mas o ideal é que a gente fosse pra casa porque vamos ter que sair daqui e achar um lugar pra trabalhar de qualquer jeito”, disse uma delas.

 

O Sindicato dos Bancários de São Paulo reforça: a greve é feita pelos bancários. “O banco se vale do poder de empregador para burlar a Constituição. Nós trabalhadores precisamos romper com esse limite imposto pelos bancos e exercer nosso direito constitucional de greve, que só vai terminar com aumento real para os salários, valorização do piso, vales e auxílios e melhorias nas condições de trabalho”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.

 

Outro trabalhador denunciou que a Regional SP Centro de seu banco remaneja caixas e gerentes para agências que estão abertas. “Ameaçam dizendo que não vão abonar mais que duas faltas por motivo de greve e dizem que se não conseguirem falar no celular dos funcionários vamos levar advertência e não seremos bem vistos na Regional. Isso é um absurdo e como precisamos de emprego, ficamos a mercê deles.”

 

Um bancário do ITM do Itaú denunciou contingenciamento ao Sindicato: “Avisaram a maioria das pessoas que deveriam se dirigir a uma contingência montada no metrô Bresser. Ao chegar, nos deparamos com um local pequeno, quente, totalmente despreparado para receber as pessoas, banheiro imundo, sem segurança, e o principal de tudo, sem a condição de exercermos as nossas funções.”

 

Outro critica: “Ninguém quer saber se a nossa rotina pode ser alterada. Muitos assistentes têm os seus compromissos a serem cumpridos fora da empresa. Todos estão indignados, o clima foi tenso, muitos funcionários chorando, extremamente insatisfeito com a situação imposta pelos bancos”.

 

“Eu gostaria de sair daqui e ajudar na greve, mas teria que ser em outro banco, pra não sofrer retaliação. O problema é que se a greve fecha a agência, o banco manda a gente pra outro lugar, e logo depois te ligam pra saber onde você está”, relatou uma bancária do Bradesco. “Já me mandaram pro pré-atendimento de outra agência e eu fiquei totalmente perdido porque não tem nada a ver com o que eu faço aqui”, relatou um funcionário do Bradesco em greve.

 

 

Desvio de função 

 

Um grupo de funcionários de uma agência paralisada do Bradesco aguardava orientações da gerência do lado de fora. “O problema é que a gente não pode sair e simplesmente ir pra casa”, disse um trabalhador. Além do medo de aderir à greve, os bancários se queixaram da pressão por metas e de desvio de função que, segundo eles, é muito comum na instituição financeira.

 

“Eu sou caixa e também trabalho com qualquer outra coisa que eles precisem”, ironizou um dos trabalhadores. “Sou caixa, mas trabalho como assistente e até mesmo como gerente”, reclamou outra, explicando que, apesar de teoricamente não ter metas, sempre acaba tendo de vender.

 

“O problema é que tem ranking por agência, e na hora que o bicho pega, espirra na gente porque todo mundo acaba tendo que ajudar a bater a meta. Eu considero que a pior coisa na vida do bancário é ter que bater meta. Até dos gerentes eu tenho dó, porque eu vejo que eles vivem pressionados e muitos acabam descontando isso em quem estiver pela frente.”

 

“Tomo pelo menos dois relaxantes musculares pra dormir, toda noite. Vivo chorando em casa. Trabalho com um gerente comercial que grita comigo na frente dos clientes. Já pensei em fazer carreira no banco, mas hoje só penso em terminar minha faculdade e tentar outra coisa”, contou outra bancária.

 

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo