Novembro 24, 2024
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HSBC mostra interdito de 2012 para tentar pressionar funcionários

Os trabalhadores do HSBC lotados no Centro Administrativo São Paulo (Casp) mais uma vez presenciaram cenas vergonhosas de desrespeito à Lei de Greve, prevista na Constituição Federal. E o que é pior, pelas mãos daqueles que deveriam proteger a Lei – a Polícia Militar.

 

Portando um interdito proibitório sem validade (era de 2012), os advogados contratados pelo banco conseguiram convencer a PM do 91º Batalhão a permitir que os funcionários da concentração fossem coagidos a trabalhar.

 

A secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Raquel Kacelnikas, ressaltou que qualquer advogado iniciante sabe que um interdito proibitório só pode ser entregue por um oficial de justiça. “Nós vamos denunciar na OCDE e na OIT, e acionar a Justiça contra essa prática truculenta e ilegal do HSBC, executada pela PM”, afirmou.

 

A resposta de um bancário resumiu a sua situação e a dos seus colegas depois do desrespeito à Lei de Greve. “Eu quero aderir à paralisação, mas agora, se os diretores perguntarem, eu vou ter que trabalhar”, disse, enquanto observava a ação policial do outro lado da rua.

 

 

Gestão do medo 

 

A simples presença dos diretores do banco circulando entre os funcionários sinalizava a pressão. Ao ser perguntada por um deles se queria entrar para trabalhar, prontamente uma bancária respondeu que sim, mas bastou ele virar as costas para sua resposta mudar. “Na verdade eu não quero”, afirmou.

 

A gestão por meio do medo parece dominar o prédio onde trabalham 1.100 bancários contratados pelo banco, mais 100 terceirizados. Segundo uma bancária desesperada, “estamos sendo mais que coagidos a entrar para trabalhar. Ficam ligando para nós o tempo todo dizendo ‘entra ou a gente se acerta depois’”, contou.

 

O diretor do HSBC, Roberto Cândido, no entanto, garantiu: “Ninguém será demitido por fazer greve”.

 

 

Insetos e teto caindo 

 

O desrespeito à greve não é o único problema dos bancários do Casp. Eles denunciaram péssimas condições de trabalho no local. Máquinas obsoletas, ar-condicionado congelante, infestação de insetos e teto caindo foram citados pelos funcionários.

 

O reajuste proposto também foi bastante criticado. “Ridículo. Um PM contou que ganhou reajuste salarial de 17% e os bancos, que lucram bilhões, oferecem 6,1%, que não cobre nem a inflação”, criticou uma.

 

Outro, que desenvolveu doença ocupacional osteomolecular trabalhando no HSBC, exige valorização. “Precisei fazer duas cirurgias. Três meses após a segunda o banco me mandou embora. Tive que acionar o Sindicato para que me readmitisse. Eles não ligam para a gente, não têm respeito, somos só um número”, afirma.

 

 

Vitória 

 

Ao final de toda a pressão policial, uma vitória dos trabalhadores. Diferentemente dos outros anos, quando, sob escolta da PM, os bancários eram obrigados a entrar em massa no prédio, os trabalhadores foram dispensados.

 

“Foi uma vitória, conseguimos que a organização dos bancários fosse respeitada. O que a gente não aceita é sermos tratados como criminosos, interdito proibitório e coação policial. A greve é legítima, somos trabalhadores e exigimos respeito”, afirmou Raquel.

 

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo